quinta-feira, 22 de maio de 2008

Império bizantino – e bárbaro!




Braceletes de bronze, Robert Goossens, 2,5 mil e 1850 dólares: o ourives bárbaro de Chanel.

Eu confesso, eu confesso. Se tem algo que faz os meus olhos crescerem é uma boa ‘joinha’. Ontem, descendo a Haddock Lobo com uma amiga, parei em frente à Cartier para ver a jaula das panteras. Para o dia, adoro a versão de ouro e esmalte preto, toda geométrica, circa 23 mil reais. Para a noite, vi a pantera de diamantes se espreguiçando sobre o meu dedo indicador – curiosa? 103 mil reais.

Jóia, para mim, é essa fantasia, diversão. Não sou purista, não compro a supremacia do diamante, dou de ombros ao status e à ostentação. Tem uma legião de gente que pensou e pensa assim: de Victorie de Castellane, na Dior, que confessa, sem vergonha, se inspirar em anéis-brinde dos docinhos da sua infância, à dama da costume jewelry – jóia-fantasia, jóia falsa, bijoux (embora essa seja a palavra em francês para as legítimas) – Coco Chanel. “Há mais na arte da jóia do que cascatas de diamantes em bases austeras de platina”, dizia Mademoiselle. “Um rubi ou uma esmeralda podem ser alfinetados na lapela de um paletó de tweed num efeito devastador; a proporção é o segredo de um bom design.” Com Madame Gripoix, Chanel fez suas pérolas falsas. Com o Duque de Verdura – com quem compartilhava o desprezo por solitários de diamante (“É melhor pendurar um cheque no pescoço”, provocava) –, fez os braceletes com a cruz de Malta.

Mas há um outro joalheiro cujas peças fizeram história no look Chanel: Robert Goossens. Ela o conheceu em 1953, quando ele ainda era um aprendiz na arte de incrustrar pedras em ouro e prata. Pela mais que evidente influência bizantina em suas peças, Mademoiselle passou a chamá-lo de ‘ourives bárbaro’. “Chanel foi abandonando a beleza clássica da jóia e, na metade do século 20, preferia quase que exclusivamente peças primitivas”, diz Patrick Mauriès, jornalista que escreveu uma dúzia de livros sobre moda, entre eles, Jóias de Chanel. “A partir de então, duas características vão marcar a estética Chanel nas jóias: as dimensões, num certo sentido excessivas e com um peso indiscreto; e a irregularidade, uma rusticidade sofisticada na execução.”

E é isso – mais o fato de que ele cruzou a linha entre jóia e bijoux, orientado por Coco – que faz Goossens brilhar no universo da joalheria até hoje. Depois de Chanel, vieram as colaborações com Grès, Rochas, Cristóbal Balenciaga, Dior e Yves Saint Laurent. Para YSL e para Andrew Gn, por exemplo, a maison Goossens – comprada pela Chanel em 2005 – criou as bijoux mais cobiçadas do verão 2008 no hemisfério norte. Pelo menos, para o meu gosto. São anéis e braceletes martelados grosseiramente, com pedras de tamanhos diferentes, sem lapidação – e não é á toa que são chamados de ‘artsy’ no discurso publicitário da grife.


YSL Artsy Ring: jóia de princesa de Constantinopla por menos de 200 dólares.


Andrew Gn, anel, 250 dólares.

Não só de barbaridades bizantinas vive o design Goossens, que mantém uma linha própria desenhada por Martine, filha do fundador. Há filigranas, delicadezas, torções e pedras menores, mais graciosas, mais renascentistas. O que permanece é o espírito de fantasia, livre, a fuga das austeras bases de platina.

Pena que ninguém teve a idéia de trazer Goossens para o Brasil. Mas dá para comprar no Vivre e na boutique da Avenue Georges V, 42, tel 01 4723 9926, Paris, boutique.goossens@orange.fr . Na falta, eu mandei fazer um bracelete de prata com pedras coloridas que eu comprei no Maine.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não tem nada a ver com imperio bizantino :(
Mas eu gostei das joias

Anônimo disse...

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