domingo, 2 de maio de 2010

Campanhas em movimento

A Burberry fez o que vem se confirmando como o novo formato de lançamento de coleção - thanks to the internet, onde a vantagem, se não é a perfeição da impressão num papel glossy, é o movimento: o vídeo April Showers.

Vídeos dão a sensação - por mais estilizados que sejam - que as roupas fazem sentido na vida real. Porque os movimentos são reais e não poses pouco críveis (para dizer o mínimo) de modelos distantes em produções pensadas por stylists aterrissados de um ovni, estressados para criar ideias mirabolantes talvez para se fazer notar entre os pares (mas não pelas mulheres de carne e osso). Enfim, novos tempos, novas necessidades, novos formatos.

Mais curioso ainda é como se "empacota" a venda da coleção. Não vem labeled "verão"ou "prefall" (essa é para a luciana dias!) - que, convenhamos, não quer dizer nada para a consumidora final. Trata-se apenas de um ritmo acelerado de mercado. A coleção é chamada de April Showers - entre nós, que tal Águas de Março? - que marcam o fim do inverno no hemisfério norte.

Burberry, a essa altura do campeonato todo mundo já sabe, cresceu e apareceu a partir da produção de trench coats de gabardine, antichuva. Christopher Bailey, uma sabedoria britânica garimpada pela topmax headhunter francesa Floriane de Saint Pierre, se apropria dia a dia do jeito british de ser e torna a Burberry cada vez mais sinônimo do estilo de vida (chuvoso) inglês.

Era do que a Burberry precisava.

E era do que a consumidora inglesa - e de qualquer lugar que enfrente céus cinzas, tempos nublados (Curitiba, por exemplo, é um projeto Burberry) - precisava.

Uma coleção que fala direto com a necessidade do cotidiano das pessoas (quem acompanhou as reclamações dos editores de moda cobrindo os desfiles de fevereiro sabe que muita gente tentou comprar casacos, luvas, cachecóis para se proteger do frio do ali e agora e só encontrou nas lojas as resort collections).

E retumbar no cotidiano aplaca a culpa da compra por impulso - afinal, há sempre o discurso do "puxa, eu preciso disso". Resta ao designer cumprir o seu papel no mundo: tornar essa necessidade irresistível, bonita, diferente, nova - e relevante. E aí o "eu quero" fecha redondinho o novo estilo de se comprar pós-quebra mundial.

Sair na chuva nunca foi tão prazeroso!

(como diz Isabella Giobbi, a gente não é feita de açúcar para ter medo de um pé d'água, mas um trench colorido Burberry é a desculpa perfeita para sair na chuva e se molhar)

Um comentário:

Luciana Dias disse...

amei o post! bailey é gênio, mora no meu coração. e três vivas para isabella giobbi, comprei um casaco 3/4 dela, de algodão, para o inverno-dos-trópicos que é a melhor compra em tempos!