terça-feira, 23 de novembro de 2010

Lanvin@H&M é o vintage de amanhã

Ok, então eu não cheguei a Regent Street às 9h.

Bem que eu fiquei tentada pelo colar rubi - 29,99 libras esterlinas.

Colar Lanvin para H&M, 29,99 libras esterlinas.

A verdade é que, mais do que comprar o colar-fantasia, eu queria ver mesmo a fila em frente as duas H&M perto da Oxford Circus. Adoraria ter visto o momento de espera e da entrada. Talvez as meninas correndo entre uma loja e outra tentando pegar ali e que não conseguiram acolá.

Entre este compromisso e outro - um leilão de moda vintage do outro lado da cidade - preferi a segunda opção.

Há uns dois anos escrevi uma matéria para a Vogue sobre os leilões de moda (e volta e meia falo deles aqui) e como eles podem se a fonte ideal para closets ávidos de qualidade, exclusidade e uniqueness. Diferentemente dos leilões a la Sotheby's e Christie's – estarei na primeira fila do leilão das joias da Duquesa de Windsor na New Bond Street –, os preços aqui são amigos e o clima é informal.

Kerry Taylor trabalhou para a Sotheby's e em 2003 decidiu abrir uma casa de leilão dedicada apenas às frescuras que ela ama: moda, acessórios e tecidos do passé bien composé.

O endereço não tem nada de estrelado. É uma sala grande do segundo andar de um prédio baixinho de escritórios – ateliês de joia, design, arquitetura – que parece uma velha fábrica abandonada. (Aproveito para buscar um macchiato e com tantos corredores e escadarias consigo ver uma cena de O Iluminado sendo filmada ali. Uia!)

Kerry comandou vários leilões apetitosos: o do closet da Daphne Guinness, da Jerry Hall e dois que eu, particularmente, gostaria de ter presenciado: a coleção de alta costura da atriz Leslie Caron, com peças dos 1950s e 1960s, e da Audrey Hepburn.

Os lotes de hoje eram, com um ou outra exceção, anônimos na propriedade, mas estrelados na etiqueta. Muito Dior, Gaultier, Ossie Clark, Courrèges - e alguns Mary Quant, Cardin, Biba. Também teve uma leva enorme de roupas do século 19 e da década de 1930 e peles de tirar o fôlego. Além da roupa, bijoux - Gripoix (responsável pelas pérolas fakes de Chanel nos anos 1920), Scémama - mas esta fatia do leilão fica mais cara. Com as mesmas, digamos, 200 libras esterlinas que você adquire um tailleur Mugler dá para comprar um par de brincos Gripoix. Por fim, croquis originais de Lanvin, entre outras maisons (essa parte, para mim, tem sido absolutamente irresistível).

Veja o lugar como é nonchalant. A maioria das pessoas é dona de vintage stores, que arremata aqui aquilo que será vendido (e cobrado) como tesouro nos melhores brechós. (na próxima visita a Londres, considere sair do circuito New Bond Street e parar aqui nessa bairro afastado do centro.)



O mais bacana é presenciar o jogo de cena. Os lances podem ser feitos previamente, quando as peças já foram exibidas para avaliação do público. Daí que às vezes Kerry já tem na mesa lances iniciais. Os lances sobem de 10 em 10 libras - às vezes de 20 em 20 ou de 50 em 50. As pessoas são menos discretas fazendo suas bids dop que vemos nos filmes. Kerry diz:

- I have 350 in the room. (tenho 350 na sala, em oposição às apostas vindas pela internet e por telefone).

Pelo telefone, as moças que representam os compradores dizem:

- 350 against you. Would you like to bid? (350 contra você. Você quer dar um lance?)

É um repetição exaustiva, daquelas que acaba virando uma música de fundo meio alucinógena. Deve influenciar na disputa entre compradores, porque há sempre alguém que comete um crime desnecessário como o de hoje: por telefone e por internet, duas pessoas disputavam uma coleção de 14 edições inglesas de Vogue, publicadas entre 1952 e 1955. O lance inicial era de 100 libras esterlinas. Foi arrematado por 2 200 libras esterlinas (pouco menos de seis mil reais). Kerry riu e arrematou:

- Nossa, acabamos de estabelecer um recorde de vendas para Vogues vintage!

DItto quando Kerry vendeu por 1,5 mil libras esterlinas um míni Pierre Cardin para a Miss Selfridges, datado de 1966. Junto com o vestido de brocado azul e prata, vinha o livro Sixties Fashion (Berlin State Museum) mostrando o modelo original, da alta costura, base para essa versão high street leiloada. O preço alcançado foi cinco vezes mais do que o arremate estimado por Kerry, que também não aguentou a língua: "Nunca um vestido Miss Selfridges custou tão caro". (como se vê, é nada novo convidar um estilista para fazer uma coleção especial para o high street/fast fashion)

Pierre Cardin, alta costura 1966


Pierre Cardin para Miss Selfridges: a versão high street da coleção master

Como o hoje repete o ontem e idem para o amanhã, quem disse que em quatro décadas os vestidos Lanvin para H&M, vendidos nesse 23novembro na lojas da rede sueca por 99,99 libras esterlinas, não serão o vintage high street de amanhã? Só o tempo dirá se costura e tecidos resistem a passagem das décadas. Recomendo a quem comprou guardar as sacolas de papel ilustradas por Alber Elbaz e devidamente datadas "hiver 2010". Se nos leilões de vintage fashion se repetir o procedimento dos leilões de joias – caixinhas Cartier fazem crescer consideravelmente o preço do lance inicial –, essa sacolinha (que por si só já era uma boa razão para comprar qualquer bobagem de 5 pounds hoje na H&M)
.

Na saída do leilão, fui para as H&M da Oxford e Regent para ver a cena. Prateleiras vazias e só uma leva de sapatos, cintos, vestidos e casacos permanecia nas araras. Os seguranças ainda organizavam uma fila de interessadas na coleção pop de Elbaz: só entra uma quando sai outra, igualzinho a lei do closet perfeito.

O que eu comprei? Mmmm, como eu estou intoxicada com ilustrações de moda e croquis vintage, nada abala meu cartão de crédito - nem mesmo o futuro vintage. Mas garanti uma lembrancinha para a minha irmã petite e um gracinha extra para uma amiga. As caixinhas são uau! Como nas embalagens do mundo do luxo, podem impressionar mil vezes mais do que o conteúdo.



ps. dá para dar lances do Brasil, sim. Inscreva-se no site da Kerry para ter updates. É ali que você vai olhar os lotes que estarão à venda. Olhe e escolha para já formar uma shoppping list. Depois, basta se registrar no Artfact para dar os lances pela internet. Mas é bom saber que sobre o preço do arremata vão incidir 20% para a casa de leilão, 3% para o Artfact e mais a percentagem do cartão de crédito Visa, 3%, Amex 2,6%, Mastercard, 3,1%). Faça as contas.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Última chamada para Lanvin@H&M



Amanhã, a partir das 9h. Vitrine da 234 Regent St., ainda sem fashion vicitms a postos.

Festa de abertura da Hermès Rive Gauche. Paris, 18nov

Sim, estou de férias. Mas quando trabalho e prazer se encontram na mesma Hermès, quem há de reclamar.

Antes de chegar a Londres, passei pela nova Hermès Rive Gauche, convidada da festa de abertura. É primeira loja da Hermès a cruzar o Sena: são 2 500 m2, com direito a salão de chá com lugar para 30 pessoas (e sabores muito além do verveine_ e uma livraria, a Chaîne d'Encre (corrente da tinta, em livre tradução) - uma brincadeira com a coleção-fetiche da Hermès, Chaîne d'Ancre (corrente da âncora).

Vista da loja, um projeto de Denis Montel

A nova loja, na 17, Rue de Sèvres, fica na antiga piscina do hotel Lutetia. Daí as criancinhas vestidas pré-aula de natação. No fim da escada, as francesinhas me pararam para elogiar o vestido (YSL) e a écharpe (srd). É de pequeninha, non?

Os produtos e so convidados: preto e carré reinam (para mulheres e homens)!

Ina, manda-chuva da comunicação da Hermès, com uma amiga, ex-Comme des Garçons, com roupa e brincos de morrer

De cabelos gris, Pascale, diretora do salão de chá na loja da Hermès