domingo, 27 de abril de 2014

Eu voltei, mas agora como Sissi et Paris


Um dos meus temores, se é que eu tenho algum, é cair no clichê. Mas não consigo resistir à ideia de dizer que a vida dá mesmo voltas. Escolhi o nome para esse blog, um dos primeiros da cena brasileira, num clic. Juntei uma música querida (mas não especialmente amada), C'est si bon, do meu apelido de família, Sissi, para resumir o meu jeito de ver as coisas: vale a pena compartilhar o que é bom, jamais perder tempo com o que não é. O sotaque francês não foi nada estudado, mas quando seu métier é moda fica meio incontournable... Quando a cena blog começou a virar clichê, resolvi que era hora de parar. O formato já não me dizia mais nada. Hoje meu negócio é instajornalismo. E, como a vida dá voltas, agora com razão para falar em francês: de malas e gatos para Paris, com aliança no dedo — coisa que achava, em bom francês, démodé. O @sissietparis começou há pouco. Continuo com a mesma ideia do C'est Sissi bon — compartilhar aquilo que vale a pena. Neste caso, o meu olhar sobre as novidades de Paris. Em forma de instajorn — com serviço para servir de guia do melhor da cidade — vi, provei, recomendo. Simples e rápido assim. Como nem todo mundo é instafã, o imediato do celular vai direto para o tumblr Sissi et Paris. Nós revemos lá. Au revoir!

domingo, 9 de outubro de 2011

E, então...

... eu não posso dizer exatamente que voltei.

Não acho que teria miolos frescos para oferecer (oops, desculpem a imagem...) vendo, escrevendo e dividindo coisitas básicas da vida.

Mas resolvi desanuviar do meu luxuoso trabalho me deliciando com uma das minhas top coisas da vida: sapatos!

Porque as vezes as alegrias vêm em pares, necessariamente. É o caso dos brincos ; )

Em surto (para o bem).

1. O retorno das mules.
Mmm, eu sie que muita gente vai dizer que o momento Maria Antonieta é bem duvidoso.
Do ponto de vista do modelo de sapato em si.
Discordo. Christian Louboutin também. Manolo Blahnik também.

E agora Miu Miu. E Marc Jacobs para Louis Vuitton (atenção: mule NÃO é tamanco. Tamanco é holandês. Louboutin não gosta, Jacobs para Vuitton adora. Eu não posso me esquecer do tamanquinhos Schollita da minah infância, que foram reabilitados por Jacobs e SJP em Sex and blabla...)

Miu Miu, verão 2012


Louis Vuitton: mules bicuuuuuudas à esquerda, tamancos à direita


Estou em boa companhia.

Então, por favor, menos mimimi, como diria a minha irmã do meio. A mule é a nova ankle boot. E a lady rock'n'roll. Que desçam as skinnies da arara.

Vamos de fato a questão bem duvidosa sobre o retorno de um sapato que equivale a um vestido ultradecotado nas costas. Quem tem costas, mostra. Logo, sofisticamente concluindo, quem tem calcanhar mostra.

Meu drama é quem tem calcanhar, esse centímetro quadrado mais sacrificado do corpo? Temo.

(ps. Ah, sim, ao segredo do sucesso. Repare no desenho da mule Miu Miu, justinha no pé. É quase como uma bota megadecotada. Fica bem presa e, obrigada, livre de toc-toc-toc)

2. Uma falsa anabela

Tudo muda, nada muda. Salvatore Ferragamo fez em 1938. Chamava-se Renaissance. Aqui.

Renaissance, de 1938, na vitrine da Salvatore Ferragamo (fotinho caseira... É BB, não é Mr. Jobs)


Alber Elbaz reeditou a temporada passada, à venda já.Lanvin, 1950 dólares


E Tomas Maier, da Bottega Veneta, com sua fúria (devidamente contida) minimalista, deixou ainda mais enxuta, gráfica, quase que apenas um referência. O que há para não adorar? (Pode colocar na lista de compras, junto com o jeans. BV no Shopping Iguatemi em dezembro.

Bottega Veneta, verão 2012

E meio mule, meio falso anabela, meu momento cinderela favorito em Alexander Wang píton:

terça-feira, 5 de abril de 2011

Louis Vuitton, original de Asnière

Na semana passada, estive no ateliê da Louis Vuitton, em Asnière, um pouquinho para o norte de Paris.

Fui visitar onde são feitas a mão as malas rígidas e as bolsas de couro "precioso" (como diferenciar crocodilo de jacaré? crocodilos têm uma pinta em cada quadrado da escama...). Foi ali que Louis Vuitton, o original, começou a fazer sua história.

E essa é a casa onde morou - depois ocupada pelo filho George que, por sua vez, deixou para sua mulher, Josephine, que viveu ali até morrer, nos anos 1960, com mais de 100 anos. A decoração nouveau é original e um chouchou!





A lareira de cerâmica esmaltada


E o chazinho com petit four et plus

sexta-feira, 25 de março de 2011

Jewelry bonding

Às vezes a gente fica amiga de uma vida em cinco minutos – basta ter afinidades estéticas.

Ontem, no lançamento da Brasiliana, da joalheira Carla Amorim, na loja da Oscar Freire, Giovana Battaglia, a musina da coleção, e sua assistente, Michaela, e eu nos entendemos depois de uma boa investigada do olhar (não são assim as moças da moda?). As meninas queriam saber o que eu estava usando. Não joias, porque com tanta riqueza de texturas e cores na roupa (cardigã longo de jacquard azul, verde e cobre, Cecilia Prado; camiseta couture de renda branca, Andrea Garcia; saia tulipa coral com autorrelevo de zebra, Mixed; escarpim azul petróleo de píton, Alexandre Birman), eu não precisava de forcinha extra. Elas mexeram nas peças (momento Barbie) e ficaram loucas quando eu disse que era tudo made in Brazil (eeee!). Da minha parte, fiquei tricotando sobre a mistura de joias e como é bom comprar uma pecinha...

Claro que é tudo um jogo de aparências. É preciso muito mais do que braceletes empilhados e roupas texturizadas para virar amiga de uma vida (surprise!). Mas os cinco minutinhos de futilidade já valem tu-do!


Michaela, assistente de Giovanna Battaglia, me adiciona no BBM para eu passar dicas de moda do Brasil: ela só lembrava de Pedro LourenCO (adoro como a cedilha atrapalha os estrangeiros)

Pulso fino e firme da moça: muita peça de flea market, como o bracelete dourado, tipo manila, com cabeça de "cebola". Ela descobriu na megajoalheria Buccellati que pagou 5 dólares (repito, CIN-CO dólares!) por uma peça de ouro vintage raríssima de encontrar. Bom gosto é tudo nessa vida! Os anéis são da Carla Amorim e a Michaela estava toda animadinha para comprá-los, em ouro rosa, favorito (fez a escolha certa, porque a Carla tem o mix mais romântico e suave entre ouro amarelo e cobre. Carla reina no rosé!).



Kelly e a futura amante de joias, Isabel: tem grávida mais linda?



Giovanna Battaglia, de longo lindo Erdem: ela escondeu o pulso esquerdo, com os braceletinhos-bugigangas que são a cara dela (no bom sentido, por que o que é bom, como provou a Buccellati, é bom, não importa a cifra) e que ela chama de "minhas tatuagens"(porque não tira nunca). É louca por joias e adora sobrepor peças de várias cores, texturas, formatos nas fotos em que faz styling (e na vida real). Tem uma jewelry box imensa e já prometeu que iria se dedicar apenas a comprar joias – e diminuir substancialmente a de roupas. Não funcionou. Continua adquirindo ambas às pencas. "Fui à falência", brincou comigo. Real que é, diz que sempre tenta negociar um deal com os estilistas e joalheiros - barganhar é chic!



Ha! O close nos pulsos hi-lo da italiana. Falta uma fitinha do Bonfim!



Andrea Garcia: pena que eu não fotografei os pulsos dessa estilista, que vive com pulseiras lindas, numa mistura frenética como a das meninas acima. A gente se irmana mesmo em certas escolhas estéticas e se entende numa piscadela, com prova a Dea. Ali no fundinho, a Camila Yahn, editora do FFW, site oficial do SPFW

domingo, 27 de fevereiro de 2011

TO THE FASHION TRAVELLER A caminho de Delphine...

Há muitas razões pelas quais eu embarco para Paris no fim de março - e trabalho é certamente uma delas (mas no meu coeur, não a principal, ooops!).

Entre compras, bater o salto e beber un verre, um dos meus motivos favoritos é a dica da Consu, baseada num conselho da mãe dela, Costanza Pascolato (melhor um corte de cabelo ótimo do que um belo par de sapatos... saravá!).

Eu experimentei essa dica quando estive em Paris em novembro. Liguei para a Delphine Courteille (adoro que ela é parente da joalheira Lydia sobrenome igual) de última hora, depois de perder um tempão pensando se conseguiria ou não correr até a rue du Mont Thabor num intervalo da intensa programação da inauguração da Hermès Rive Gauche (às vezes meu coração ariano decidido fica bem confuso).

Enfim, liguei. Eu disse que era amiga da Consu (merci, cherie), que ela tinha sido muito recomendada para dar um jeito no meu carré cacheado. Delphine tinha um compromisso pessoal. A gente tentou, em análise combinatória, um horário. Por fim, ela decidiu voltar para o Le Studio 34 só para me atender. Eternamente agredecida!

Delphine é simples e querida. Tímida até. O olho vivo consiste em te colocar de pé, avaliar suas proporções e determinar que corte fica melhor. O simples não tão simples assim. Meu corte anterior (e minha cor, depois de um longo período de resistância) tinha sido feito com o Marcos Proença. Ela elogiou o corte, mas achou que a gente podia dar um drama no ângulo, deixando mais inclinado da nuca, mais curta, em direção ao queixo, mais comprido. Amou a cor. E me ensinou um jeito indulgente de secar os cachos.

Conversamos sobre marcas - ela faz vários editoriais e desfiles -, sobre Trancoso, sobre o novo corte de cabelo dela, bem curtinho e ainda platinado, sobre a minha mistura de joia vintage com calça podre (ooops!) da Osklen – hay que se fazer um intervalo e provocar as regras do jogo, sim?

O cabelo ficou lindo. Saí de lá com dois presentes: uma escova japonesa de massagear o couro cabeludo na hora de lavar os cabelos - para limpar a cuca, que Delphine coloca à dispô no salão e, sabe-se, é xodó das madeixas de Gisele; um difusor de tecido, muito melhor do que os de plástico, porque abafa e filtra o vento.

No fim, o saldo foi ter visitado a melhor amiga que tem mãos de tesoura, além de um gosto espetacular, entre o chic e o edgy.

Já marquei a próxima.

A entradinha fofa, num predinho escondido por trás de um grande portão de madeira laqueado de marinho


Vista do petit salão


A cadeira onde Delphine me atendeu, sob os olhares atentos dos Fornasetti


O lavatório



E a esperinha fofa

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Diane Kruger de haute Valentino no Le Figaro



gênio a pessoa que pensou em valorizar a transparência da renda chantilly desse jeito. foto linda, linda roupa, dá vontade, a dupla valentino mais do que cumpriu seu favor para o bem da perpetuação do gênero feminino. saravá!

Foto: Dominique Issermann

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sobre blogs

Dei essa entrevista a Cris Dantas, minha amiga e jornalista, para o World Fashion no ano passado. Acho que vale, o que vocês acham?

Cris – Em que medida os blogs influenciam a comunicação de moda? E também as vendas, naturalmente.

Sissi – Sobre compras, vou responder com um exemplo: outro dia li numa crítica de desfile do style.com que, depois que um famoso blogueiro de moda fez um post sobre o cinto icônico da Moschino (aquele 80 com a fivela dourada "Moschino"), a peça entrou na fila de espera na loja da marca no Meatpacking District, NY. Isso fez com que a marca ficasse de orelhas em pé, atenta para essa movimentação. Não é à toa o recente fenônemo, bem comentado, dos blogueiros na primeira fila dos desfiles - Anna Wintour do lado de Bryan Boy. A força dos blogs (teoricamente) está em oferecer ideias desvinculadas da engrenagem do mercado e de oferecer um olhar fresco e (supostamente) mais legítimo, autêntico, sobre as criações dos designers. Esse olhar é o que os torna interessantes. Aí vem a peneira natural da vida: se tornam revelantes aqueles com os valores de isenção e de honestidade jornalística e/ou aqueles que obedecem apenas os próprios critérios, sem se deixar pautar por nada além da maneira única, individual, de enxergar o mundo da moda.
Nesse sentido, não vejo como os blogs "ameacem" a mídia tradicional. Muitos morrem no caminho porque não tem sustância e, no fundo, o que todos buscamos é informação confiável e relevante. O impacto dos blogs na comunicação de moda tem a ver mais com a linguagem, a forma de expressão menos burocrática, menos "de cima para baixo" ("faça isso, compre aquilo") e mais próxima da realidade/do desejo/da necessidade do leitor. Vivemos uma fase mais "direto ao coração" no mercado - vide as revistas usando letra manuscrita nas capas e as grandes redes de varejo buscando o que os pesquisadores chamam de "varejo emocional" - e os blogs, mais livres na forma de se expressar, longe dos dogmas formais da escrita jornalística, reinam aqui.

Cris – O blog é hoje considerado uma mídia forte independente? Pergunto isso porque, no caso dos editoriais de moda e beleza, tudo o que aparece nas páginas das revistas femininas é consumido quase imediatamente. Pode ser um rímel novo -- pareceu na revista, sumiu das prateleiras, o desejo provocado na leitora é imediato.

Sissi – Acho que respondi com o exemplo acima. No meu caso, postei uma vez uma sandália da Renner que causou um frisson de compras nas pessoas. Mas eu fui muito clara: disse que ganhei a sandália e que a testei. Essa transparência é vital para você ser respeitada e levada a sério. Parece óbvio, mas outro dia o NYT publicou uma matéria justamente sobre isso - e dizendo que muitos blogs sérios cometeram o pecado de não deixar claro que ganharam isso ou aquilo para testar e comentar. É o outro lado da moeda da velha relação entre igreja e estado, ou jornalismo e publicidade, que sempre dá pano para a manga. De qualquer forma, por princípio, só publico aquilo que considero deixar o mundo melhor e mais bonito, aquilo que, expresso em forma de ideia ou de produto, nos faz avançar algumas casas no comportamento. Não vejo porque investir tempo falando mal de algo - tempo é tão raro, não? Se não está lá, a mensagem está implícita.


Cris – Quem são os blogueiros realmente formadores de opinião no Brasil e também os internacionais.

Sissi – Formador de opinião, por aqui, não vejo. Muitos blogueiros são jornalistas e muitos são simplesmente garotas de moda e seus diários de preferências, quase que shopping lists - longe do compromissso com informação ou de fato relevância na mensagem. Os blogueiros começam a ser descobertos aqui, mas a tônica é "esse é mais um instrumento de divulgação para meu produto". Daí os convites para lançamentos de coleção, etc... A indústria da moda é muito sedutora na embalagem e tem pencas de gente querendo fazer parte dela. Às vezes para ganhar aquilo que querem ter e não podem comprar, por exemplo. Muitos blogs, no fim, acabam se aproximando das páginas de notas das revistas, que dizem, basicamente, o que você tem que consumir agora. Eu gosto muito mais dos "comos" e dos "por ques" do que dos "o ques".

Cris – Parece que estamos vivendo uma época de boom, não apenas dos blogs mas também, ou principalmente, dos blogueiros. Em que momento você situa o começo disso?

Sissi – Tem gente que começou cedo, 2004, 2005. O Sartorialist, por exemplo, é de 2005. Mas a coisa pegou fogo em 2008 e explodiu no ano passado. O Cidade Jardim trouxe o Scott Schuman para fotografar uma campanha, o Fashion Rio o trouxe para os desfiles, junto com a blogueira francesa Garancé Doré, namorada dele. Agora todo mundo é blogueiro, todo mundo quer sentar na primeira fila da Chanel... Acho legal dizer que, sem a mídia tradicional, esse blogueiros não teriam a projeção que tem. Se os conhecemos como conhecemos a Vogue, é porque a Vogue os contratou como colaboradores. Se a Vogue os contratou é porque eles têm algo de fresco a oferecer, têm um trabalho autoral, que foge do padrão, do formato, que só acrescenta informação àquela que as revistas estão acostumadas a dar. Os blogueiros são relevantes à medida que preservam esse olhar fresco e autônomo, que aponta para algo que ninguém está vendo. Agora temos o Tommy, do Jak&Jil, fazendo os arredores dos desfiles internacionais. Particularmente, gosto infinitamente mais do olhar do Tommy Ton, verdadeiramente de moda, da transformação. Schuman é mais um captador, um congelador do bom gosto vigente. É quase conservador, é quase um defensor das boas e haut maneiras, quase um manual do bem vestir. Tommy é mais aberto aquilo que desafia justamente o bem vestir - e, na minha crença, esse desafio da roupa é, em última instância, um desafio do status quo, da maneira como vivemos. A moda tem esse papel rebelde, desafiador, sim? É por isso que eu gosto de moda. Por isso eu venero, como um dos deuses máximos da moda, Yves Saint Laurent. O smoking foi isso - uma peça de roupa que protagonizou e se transformou num símbolo da revolução de comportamento. Foi o figurino certo no momento certo. É isso que eu busco ver nas milhões de imagens que chovem de moda: aquela que traz uma promessa de mudança de closet e de vida! É isso que eu espero dividir com quem procura o meu blog. Daí o nome: c'est Sissi bon, um jogo de palavras entre a música ("é tão bom") + o meu apelido de família, que traduz ao mesmo tempo o meu olhar (que é só meu e não do outro, não é uma cópia de ninguém) com a ideia que eu falo do extraordinário, aquilo que nos faz sair do lugar comum, no melhor dos sentidos.

Cris – O que vocie acha de blogueiros que se tornam estrelas, como a Tavi Gevinson e o Bryanboy? Qual a influência sobre a moda e a comercialização da moda?

Sissi – A moda precisa de arroz de festa, gente que joga confete em tudo, que ajuda a manter a cena da imagem movimentada e acesa. É o lado do novo eterno - do "IT". Todo ser humano tem esse necessidade. O novo vira velho e, a não ser que esses blogueiros tenham algo a mais a dizer, eles vão passar com passa uma it-bag.

sábado, 29 de janeiro de 2011

SPFW, 15 anos. Cocktail party no Edifício Martinelli

Coisas básicas da vida: um pretinho nada bobo, uma dose de vermelho, salto alto, champanhota, a vista da cidade do 26. andar (de onde tudo fica lindo e amarelo em São Paulo) – e amigas.

Aqui Marcia, superPR e diretora de marketing (e seu indefectível cintinho dourado!), e Daniela, da Condé Nast de Londres (feliz da vida com seus saltos Schutz!).



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Nina Becker de coração partido





Faz semana que eu quero dividir essas fotos da Nina Becker - que foi (é, por que não?) do cinema, estilista e se encontrou cantando.

Passamos o dia juntas, graças à amiga Mercedes, fazendo coisitas como comer fritada de camarão com farofa em Santa Tereza, passar batom pink avermelhado, dirigir pela Floresta da Tijuca, tomar suco de luz do sol (bem clorofilado e bem delicioso) e bandear pelo Leblon, vasculhando as lojas a pé.

(E daí se todas nós passamos dos 30?)

Nina estava com esse vestido de corações da Totem, que sempre, sempre, sempre, nos reserva boas estampas. E o lenço de caveirinha que ela encontrou na rua e esterelizou para poder usar.

Na lojinha de bombons de chocolate com recheios bem tupiniquins, brinquei que ela estava vestindo o coração partido.

E as cores são fiéis ao álbum duplo dela: Azul e Vermelho.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

MÁXIMA DO DIA Dorothy Parker

e muitos beijos de um 2011 transformador.

"Take care of the luxuries and the necessities will take care of themselves."




(Cuide dos luxos e as necessidades cuidarão de si mesmas)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

gurias e guris, minha amiga Svetlana, que mora em Londres, me mandou essa árvore de Natal de John Galliano para o Claridge's.



Com essa imagem que prova do que a moda e seus deuses são capazes de fazer para transformar o nosso cotidiano em algo extraordinário, desejo a vocês um 11 espetacular. Como os desfiles de alta costura da Dior.

muito beijos e até breve!

Sissi

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vestidos de noiva para Kate Middleton

(meninas, queridas, obrigadas pelos comentários!)

É difícil dar a dimensão da loucura que é a relação da família real com seus súditos - ou eu deveria dizer dos súditos com a família real?

Concentrados no metrô, os passageiros lêem as últimas sobre o noivado – mesmo que, jornalisticamente falando, não haja notícia nenhuma.

Acho que a não-notícia favorita da minha irmã Mônica e minha é "irmã de Kate talvez quem saiba seja a madrinha principal, mas aos 26 anos ela está um pouco passadinha, não?".

Ãããã?

De qualquer forma, certas coisas valem a especulação.

Hoje o WWD (Women's Wear Daily), o jornal centenário e site diário americano que é considerado a bíblia da moda – e para o qual sou a correspondente no Brasil - deu na manchete os croquis de várias marcas e estilistas com sugestões de vestidos de noiva para Kate Middleton.

É uma aula de como cada um tem uma visão de mundo particular e a expressa por meio da roupa - e como cada um pensa diferente, ufa!

Eu me perguntei quem eu escolheria se fosse ela. Me ocorreu Burberry, pela tradição e "inglesidade" - e ao mesmo tempo porque Christopher Bailey injetou o século 21 nessa mistura, resumindo o que Londres é hoje no mundo. Um salto no passado, um salto no futuro e um mundo inteiro no meio daquelas ruas com prédios de tijolinho laranja queimadíssimo.

Aqui uns exemplos das ideias dos estilistas – com as suas respectivas justificativas.

(vocês não amam o anacronismo da monarquia?)


Nina Ricci: "leve como pluma, camadas de renda e organza... um vestido na medida de uma princesa"


Valentino: "um vestido 'florescendo', porque a vemos como uma nova Vênus de Botticelli"


Missoni: "tecidos preciosos com linhas limpas e contemporâneas para criar uma imagem eterna de graça e elegância"


Christian Lacroix: "algo velho como uma saia vitoriana; algo novo, como o patchwork; algo emprestado, como o véu da rainha Elizabeth; algo vermelho: um top elizabetano, cor das noivas até 1900." (historicista que é, lacroix envederou pela tradição do 'something old, something new, something borrowed, something red', um hábito dos casamentos anglicanos")


Karl Lagerfeld: "um vestido vitoriano com uma pegada nova – botas de cano longo e aberto na frente"


Jason Wu: "mix da opulência tradicional com uma estética muito limpa para uma princesa moderna." (escolhi porque ele se fez como escolha de michelle obama, lembram?)


J.Crew: "com tantas comparações à princesa Diana, o vestido deveria ser justamente o oposto: moderno, simples e elegante" (achei o máximo eles convidarem alguém do high street americano que tem uma divisão de vestidos de noiva)


Gucci: "linhas limpas, formas suaves e toques clássicos como o decote canoa e uma cauda distinta."


Chris Benz: "correr riscos com um espírito colorido e confiante é a nova cara da realeza." (sim, eu sei que chris benz não é relevante no cenário $$$, mas eu amo as proporções dele e o considero um grandissíssimo colorista)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O sentido real de hi-low

Soa como a redenção da consumidora plebeia o fato de Kate Middleton, a noiva-safira do príncipe William, ter escolhido duas etiquetas pop inglesas (Whistles e Reiss) sem a injeção de glamour das campanhas publicitárias para vestir nas fotografias oficiais com o futuro marido.

Kate disse tacitamente que classe não tem a ver com cifras de muitos zero (o anel de safira de Diana casou com brincos de três dígitos da Links of London).

E mais: as peças não estavam tinindo de novas, recém-saídas das araras. Uma blusa de seda tinha dois anos de uso.

Acima de tudo, à moda de Michelle Obama, Kate (ou algum stylist sensível) mostra que política se faz com roupa. Com a Inglaterra em crise, ela não ofende a população com roupas de preços ostensivos, mostra que é bom shop in your own closet e que é preciso apostar nas marcas locais. E a única peça caríssima do look, o anel de safiras, é herança.

É uma atitude hi - nobre - escolher o low. E uma prova de que o mais importante é ter um bom corte, um bom tecido e, se possível, uma boa ideia - no corpo e na hora certos. E, de preferência, em sintonia com o nosso tempo.

©Mario Testino

domingo, 12 de dezembro de 2010

René Gruau e a ilustração de moda

Pode ser a recente onda 50s na moda. Mas René Gruau, conde-ilustrador a quem se pode creditar a imagem clássica do new look, faz sentido hoje como fez ontem, quando seu traço elegante, sinuoso e mínimo (com saturação irresistível de cores) deu graça às principais revistas de moda do mundo, à publicidade (dos perfumes Dior a biscoitos) e às capas da International Textiles, uma revista do métier, por quatro décadas.

Gruau não só reapareceu nos lenços Dior e na reedição recente das publicidades dos perfumes da marca, mas Londres agora está repleta da sua dose de chiquetê. Três exposições exibem os trabalhos dele – duas delas, 100% dedicadas a ele. Uma, das ilustrações para a Dior, no Somerset House. Oiutra na Fashion Illustration Gallery.

International Textiles, n.341/2, 1961

International Textiles, n.318, 1961


O que o súbito interesse diz sobre o nosso tempo? Queremos, de novo, ser uma versão melhor de nós mesmas? Eu não me incomodaria de ter os braços e pernas de quilômetros, por exemplo, como as mulheres idealizadas de Gruau – considerado o maior do século 20 e com um herdeiro estético à altura: David Downton. É disso que estamos atrás: uma saída pela direita do cotidiano e do rame-rame? Mais poesia, mais imagem sintética do nosso tempo, e menos "compre esse sapato dessa foto desse editorial"?

Organizada no Design Museum, uma retrospectiva da ilustração de moda no século 20 aponta o uso do traço sempre que a necessidade da fantasia falou mais alto (em oposição ao tempo em que a ilustração tinha de mimetizar todos os detalhes da roupa, fazendo as vezes da foto). Nos anos 1910, Georges Lepape fazia os desenhos de Paul Poiret – e hoje um pochoir da Gazette de Bon Ton é coisa para colecionador. Passear pelos desenhos de Lepape, Christian Bérard, René Gruau, Antonio até chegar a Mats Gustafson &co. não é apenas ver como a roupa mudou e sim a percepção do feminino e da cultura de cada época.

Drawing Fashion from Design Museum on Vimeo.



Gustafson é de hoje, assim como François Berthoud e Aurore de la Morinerie. As revistas pouco usam os ilustradores agora para fazer editoriais. Talvez quem se aproprie melhor da linguagem seja a Vogue Japão, que não tem o menor pudor em estampar um editorial aquarelado de Gustafson mais preocupada que está em registrar a imagem de um tempo do que o suéter Prada que bem pode aparecer em still aqui e ali.

Os anunciantes são mais generosos. Nordstrom, rede americana de lojas, comemora 10 anos de parceria com Ruben Toledo com um livro de ilustrações. Toledo é casado com a estilista Isabel Toledo e estampa seu traço nos livros da editora de moda Nina Garcia.

"A ilustração é algo ao mesmo tempo sofisticado e simples, atraente e acessível a qualquer público", me disse William Ling no nosso encontro na Fashion Illustration Gallery. Ling é casado com a ilustradora Tanya Ling, uma moça cujo traço revela que ela vê beleza além do padrão e tem uma relação de amor e ódio com a moda - como qualquer ser humano de bom senso. William deixou de ser professor para criar, em 2007, essa que há de ser a única galeria especializada no gênero.

Num golpe de sorte, ele recebeu um telefonema de herdeiros da família que publicou a International Textiles oferecendo os desenhos para as capas assinados por René Gruau. William selecionou um dezena e os originais estão à venda por valores que oscilam entre 7 mil e 12 mil libras.

"O mercado de ilustração está em alta", diz. As obras são mais baratas do que um trabalho "clássico" de arte. E o tempo deu conta do resto: colocou o traço no seu devido lugar.

Sobre essas e outras coisinhas William e eu gastamos quase duas horas de conversa. Aqui, um resumo do resumo.

Qual o valor dessas obras de René Gruau?
Primeiro, são originais. Você pode ver o sentido em que o pincel deslizou no papel e, com sorte, até o esboço a lápis do desenho. Segundo, é a primeira vez que se colocam à venda as capas feitas para a International Textiles. Gruau era um gênio da arte gráfica, da composição com cores e cortes, e não apenas um brilhante criador de imagens de moda.

É fácil encontrar trabalhos dele?
Ele está recebendo um merecido reconhecimento e há um trabalho de garimpo a ser feito. Não sabemos exatamente o que está por aí. Mas fato é que agora é uma boa hora para investir nele. Daqui para frente, a oferta vai ficar mais rarefeita.

Por que o trabalho dele é bom?
As mulheres são chics e, mesmo depois de cinco décadas, continuamos achando que elas são lindas. É a visão de um artista que se mostra poderosa além da passagem do tempo.

Você fala da marca do pincel e do lápis sobre o papel. A ilustração a mão tem mais peso do que a hi-tech, feita no computador?
Sim e não. Represento, por exemplo, Jason Brooks, um ilustrador que conseguiu chegar a um patamar de excelência fazendo ilustração digital. O trabalho parece uma pintura. Mas, no geral, tenho uma queda pelos trabalhos ilustrados a mão.

Que sentido faz hoje usar ilustração em revistas de moda?
É uma forma diferente de falar sobre o novo. E é algo que emociona, que toca as pessoas. Mas as revistas comissionam pouco se comparado à publicidade - dizem que porque não vende tanto quanto uma foto. Mas Cate Blanchett ilustrada por David Downton na capa da Vogue Austrália vendeu muto bem.

Vogue Austrália, por David Downton: original à venda na Fashion Illustration Gallery

Karl Lagerfeld e Alber Elbaz têm ilustrações ma-ra-vi-lho-sas. Você já considerou montar uma exposição com o trabalho deles?
Adoraria! Você me dá o telefone deles?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Lanvin@H&M é o vintage de amanhã

Ok, então eu não cheguei a Regent Street às 9h.

Bem que eu fiquei tentada pelo colar rubi - 29,99 libras esterlinas.

Colar Lanvin para H&M, 29,99 libras esterlinas.

A verdade é que, mais do que comprar o colar-fantasia, eu queria ver mesmo a fila em frente as duas H&M perto da Oxford Circus. Adoraria ter visto o momento de espera e da entrada. Talvez as meninas correndo entre uma loja e outra tentando pegar ali e que não conseguiram acolá.

Entre este compromisso e outro - um leilão de moda vintage do outro lado da cidade - preferi a segunda opção.

Há uns dois anos escrevi uma matéria para a Vogue sobre os leilões de moda (e volta e meia falo deles aqui) e como eles podem se a fonte ideal para closets ávidos de qualidade, exclusidade e uniqueness. Diferentemente dos leilões a la Sotheby's e Christie's – estarei na primeira fila do leilão das joias da Duquesa de Windsor na New Bond Street –, os preços aqui são amigos e o clima é informal.

Kerry Taylor trabalhou para a Sotheby's e em 2003 decidiu abrir uma casa de leilão dedicada apenas às frescuras que ela ama: moda, acessórios e tecidos do passé bien composé.

O endereço não tem nada de estrelado. É uma sala grande do segundo andar de um prédio baixinho de escritórios – ateliês de joia, design, arquitetura – que parece uma velha fábrica abandonada. (Aproveito para buscar um macchiato e com tantos corredores e escadarias consigo ver uma cena de O Iluminado sendo filmada ali. Uia!)

Kerry comandou vários leilões apetitosos: o do closet da Daphne Guinness, da Jerry Hall e dois que eu, particularmente, gostaria de ter presenciado: a coleção de alta costura da atriz Leslie Caron, com peças dos 1950s e 1960s, e da Audrey Hepburn.

Os lotes de hoje eram, com um ou outra exceção, anônimos na propriedade, mas estrelados na etiqueta. Muito Dior, Gaultier, Ossie Clark, Courrèges - e alguns Mary Quant, Cardin, Biba. Também teve uma leva enorme de roupas do século 19 e da década de 1930 e peles de tirar o fôlego. Além da roupa, bijoux - Gripoix (responsável pelas pérolas fakes de Chanel nos anos 1920), Scémama - mas esta fatia do leilão fica mais cara. Com as mesmas, digamos, 200 libras esterlinas que você adquire um tailleur Mugler dá para comprar um par de brincos Gripoix. Por fim, croquis originais de Lanvin, entre outras maisons (essa parte, para mim, tem sido absolutamente irresistível).

Veja o lugar como é nonchalant. A maioria das pessoas é dona de vintage stores, que arremata aqui aquilo que será vendido (e cobrado) como tesouro nos melhores brechós. (na próxima visita a Londres, considere sair do circuito New Bond Street e parar aqui nessa bairro afastado do centro.)



O mais bacana é presenciar o jogo de cena. Os lances podem ser feitos previamente, quando as peças já foram exibidas para avaliação do público. Daí que às vezes Kerry já tem na mesa lances iniciais. Os lances sobem de 10 em 10 libras - às vezes de 20 em 20 ou de 50 em 50. As pessoas são menos discretas fazendo suas bids dop que vemos nos filmes. Kerry diz:

- I have 350 in the room. (tenho 350 na sala, em oposição às apostas vindas pela internet e por telefone).

Pelo telefone, as moças que representam os compradores dizem:

- 350 against you. Would you like to bid? (350 contra você. Você quer dar um lance?)

É um repetição exaustiva, daquelas que acaba virando uma música de fundo meio alucinógena. Deve influenciar na disputa entre compradores, porque há sempre alguém que comete um crime desnecessário como o de hoje: por telefone e por internet, duas pessoas disputavam uma coleção de 14 edições inglesas de Vogue, publicadas entre 1952 e 1955. O lance inicial era de 100 libras esterlinas. Foi arrematado por 2 200 libras esterlinas (pouco menos de seis mil reais). Kerry riu e arrematou:

- Nossa, acabamos de estabelecer um recorde de vendas para Vogues vintage!

DItto quando Kerry vendeu por 1,5 mil libras esterlinas um míni Pierre Cardin para a Miss Selfridges, datado de 1966. Junto com o vestido de brocado azul e prata, vinha o livro Sixties Fashion (Berlin State Museum) mostrando o modelo original, da alta costura, base para essa versão high street leiloada. O preço alcançado foi cinco vezes mais do que o arremate estimado por Kerry, que também não aguentou a língua: "Nunca um vestido Miss Selfridges custou tão caro". (como se vê, é nada novo convidar um estilista para fazer uma coleção especial para o high street/fast fashion)

Pierre Cardin, alta costura 1966


Pierre Cardin para Miss Selfridges: a versão high street da coleção master

Como o hoje repete o ontem e idem para o amanhã, quem disse que em quatro décadas os vestidos Lanvin para H&M, vendidos nesse 23novembro na lojas da rede sueca por 99,99 libras esterlinas, não serão o vintage high street de amanhã? Só o tempo dirá se costura e tecidos resistem a passagem das décadas. Recomendo a quem comprou guardar as sacolas de papel ilustradas por Alber Elbaz e devidamente datadas "hiver 2010". Se nos leilões de vintage fashion se repetir o procedimento dos leilões de joias – caixinhas Cartier fazem crescer consideravelmente o preço do lance inicial –, essa sacolinha (que por si só já era uma boa razão para comprar qualquer bobagem de 5 pounds hoje na H&M)
.

Na saída do leilão, fui para as H&M da Oxford e Regent para ver a cena. Prateleiras vazias e só uma leva de sapatos, cintos, vestidos e casacos permanecia nas araras. Os seguranças ainda organizavam uma fila de interessadas na coleção pop de Elbaz: só entra uma quando sai outra, igualzinho a lei do closet perfeito.

O que eu comprei? Mmmm, como eu estou intoxicada com ilustrações de moda e croquis vintage, nada abala meu cartão de crédito - nem mesmo o futuro vintage. Mas garanti uma lembrancinha para a minha irmã petite e um gracinha extra para uma amiga. As caixinhas são uau! Como nas embalagens do mundo do luxo, podem impressionar mil vezes mais do que o conteúdo.



ps. dá para dar lances do Brasil, sim. Inscreva-se no site da Kerry para ter updates. É ali que você vai olhar os lotes que estarão à venda. Olhe e escolha para já formar uma shoppping list. Depois, basta se registrar no Artfact para dar os lances pela internet. Mas é bom saber que sobre o preço do arremata vão incidir 20% para a casa de leilão, 3% para o Artfact e mais a percentagem do cartão de crédito Visa, 3%, Amex 2,6%, Mastercard, 3,1%). Faça as contas.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Última chamada para Lanvin@H&M



Amanhã, a partir das 9h. Vitrine da 234 Regent St., ainda sem fashion vicitms a postos.

Festa de abertura da Hermès Rive Gauche. Paris, 18nov

Sim, estou de férias. Mas quando trabalho e prazer se encontram na mesma Hermès, quem há de reclamar.

Antes de chegar a Londres, passei pela nova Hermès Rive Gauche, convidada da festa de abertura. É primeira loja da Hermès a cruzar o Sena: são 2 500 m2, com direito a salão de chá com lugar para 30 pessoas (e sabores muito além do verveine_ e uma livraria, a Chaîne d'Encre (corrente da tinta, em livre tradução) - uma brincadeira com a coleção-fetiche da Hermès, Chaîne d'Ancre (corrente da âncora).

Vista da loja, um projeto de Denis Montel

A nova loja, na 17, Rue de Sèvres, fica na antiga piscina do hotel Lutetia. Daí as criancinhas vestidas pré-aula de natação. No fim da escada, as francesinhas me pararam para elogiar o vestido (YSL) e a écharpe (srd). É de pequeninha, non?

Os produtos e so convidados: preto e carré reinam (para mulheres e homens)!

Ina, manda-chuva da comunicação da Hermès, com uma amiga, ex-Comme des Garçons, com roupa e brincos de morrer

De cabelos gris, Pascale, diretora do salão de chá na loja da Hermès

domingo, 24 de outubro de 2010

FANTASCHIC lenços como gravuras

Herança é a novo mood da moda.

Ter um rastro, uma origem, um "de onde vim" – quase como quem pergunta "qual o seu sobrenome?" – funciona como atração na hora da compra. Dá significado, imprime classe, transmite confiança. Especialmente para os consumidores que precisam de uma estirpe para justificar o uso do cartão de crédito.

Então é que as casas estão lançando versões modificadas dos tesouros do seu arquivo. A Gucci vem com as New Jackies e aposta no uso da alça de bambu. A Vuitton traz de volta carteiras de couro simplérrimas, tão 70 e tão antigas quanto o monograma.

E a Dior me sai com essa ideia que é, bem, uma obra de arte (ai, desculpem o clichê). São três lenços de seda com estampa de René Gruau, ilustrador colaborador da maison nos anos 50 (quem comprou recentemente perfumes Dior deve ter recebido os cartazes originais de Gruau para cada um dos títulos perfumados).

Gruau é um velho amigo meu, se é que vocês me entendem. Comprei um vestido de André Lima estampado com uma ilustração dele (André é antropofágico, vocês sabem).

Também tenho um cartaz antigo para uma marca de bolachas (tipo maisena) e me dei uma litogravura assinada dele.

eNão preciso de estirpe, mas preciso de Gruau. Por isso, esses lenços vão parar, embora eu use muito lenço na cabeça, nas paredes de casa. Não seria fino falar em cifras, mas prometo que é um investimento viável e com retorno para muitas gerações.




quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 07

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Camiseta? De gaze de seda feltrada, Fernanda Yamamoto. Saia? Fernanda Yamamoto. Sapato? Ciao Mao.

Qual a melhor ideia do look? A camiseta nada básica.

domingo, 17 de outubro de 2010

FANTASCHIC escolha de pulso



Há uma boa e nova leva na linhagem de Jean Schlumberger para Elsa Schiaparelli. Delfina Delletrez - autora do bracelete da foto - está entre elas. Entre nós, Julia Monteiro de Carvalho flerta com o surrealismo de forma preciosa.

(cortesia Jak&Jil)