quinta-feira, 26 de junho de 2008

Fashion Rio - Rita Wainer - preço atualizado

De Rita para Sissi:
"Oi querida, desculpe a demora.
O vestido custa 1240,00
É peça unica de linho francês constrido em moulage (acho q ja tinha falado isso né)
Beijos! obrigada"

Veja o post sobre o desfile e a foto do vestido aqui. (obrigada, Vica!)

sábado, 21 de junho de 2008

PEQUENO DICIONÁRIO ILUSTRADO DE MODA: dhoti

Nas passarelas verão 2008 do hemiférios norte, só da o hemisfério oriental da cintura para baixo. As calças dhoti aparecem usadas em combinações rock, em looks modernistas, desconcertando clássicos do guarda-roupa masculino. Quer saber mais? Clique aqui ou vá à barra à direita.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

TENDÊNCIA Minnetonkas




Gucci, inv 08: bota franjada de salto e look cossaco-boho.


Balmain, inverno 08: Christophe Decarnin faz uma haute versão para as Minnetonkas, literal e metaforicamente. Ficam as franjas, entra o salto, sai o clima total hippie na surpresa de combinação com micrococktail dress de renda.



Kate Moss: jeitos de usar a Minnetonka boots.

Pode ser um caso de ame-os ou deixe-os, mas ignorá-los, mmmm, sorry, isso não vai dar para fazer! Especialmente agora que o cowboy do inverno encontra os 1970 do inverno+ verão - como o Fashion Rio e alguns desfiles do SPFW confirmaram. E sapatinhos de índios dakota, bem western, falam a mesma língua no look, não? Ankle boots franjadas, mocassins bordados com miçangas, botas de cano médio fechadas por amarração trançada - tudo de couro molinho de veado (hummmm!) ou de camurça, de preferência de cor natural - são febre agora no verão dos EUA e da Inglaterra. Essas são algumas das opções entre 137 modelos da marca Minnetonka - que em 'dakotês' significa 'grande água' e se refere ao lago Minnetonka, no estado americano de Minnesota -, fabricados há 60 anos. O bom é que eles são bem acessíveis: nada passa de 80 dólares, e algumas e-lojas enviam do faroeste para o mundo, caso da Shoe Buy e da Sheplers, loja de western wear desde 1899 (fantástico, não?). É encomendar e combinar com as jóias de turquesa bruta e ser uma happy hippie, seja com vestidinhos de estampa liberty e organzinha leve ou jeans cortada em microshort (bem desfiada na barra) com camisa branca.


Ankle boots, 31 dólares


Mocassim, 39,95 dólares


Knee-high, 75,95 dólares

segunda-feira, 16 de junho de 2008

INSTANT GLAM branca de neve


Nem sempre glamour é mais: + enfeite + cor + penteado + jóia. Francisco Costa esquiou no branco e nas formas de pista de ski no prefall 2008. O efeito - simples, desenhado, refinado, limpérrimo - é puro glamour instantâneo. O melhor, claro, é o efeito surpresa, aquilo que ninguém faz no inverno: usar branco dos pés à cabeça. E usar botas brancas, esse 100% ato de desobediência modal: mas é tão impecável que ninguém pode nem torcer o nariz para elas.

SISSI TV Shopping at Tiffany´s

Não acredito tanto em datas quanto acredito em bons e espontâneos presentes - sejam eles brilhantes ou não. Veja o Dia dos Namorados, por exemplo: 12 de junho aqui, 13 de junho dia de Santo Antônio casamenteiro, 14 de fevereiro no hemisfério norte (dia de São Valentim) ... Vale a data ou vale a intenção? Qual o triste cenário: restôs lotados e (sim, eu vi isso) namorados comprando flores murchas em supermercado na última hora (para as flores e para o presente, não?). Tudo pra cumprir tabela. Minha mensagem a essas almas perdidas: melhor ganhar uma blue box no dia do desaniversário de namoro do que florezinhas do campo despetaladas na data certa. Reze ao santo Charles Tiffany para que a primeira opção aconteça com você (ou mande esse link para seu namorado como uma espécie de Tiffany 101 - ou Introdução ao Mundo Maravilhoso da Tiffany). É uma lista de presentes da joalheria-fetiche com peças que começam em três dígitos e, claro, acabam em seis. Sete, se você quiser. Mas dígito não é documento.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Fashion Rio - Sta. Ephigênia - preços atualizados

Dá para entender porque Luciano Canale, da Sta. Ephigênia, faz roupas para damas. Ele é um cavalheiro. Prometeu os preços dos vestidos do shopping list para hoje - e cá estão, atualizadérrimos. Boas compras!

Vestido de chiffon de seda, R$ 3 980.
Vestido de renda francesa, R$ 3 880.


segunda-feira, 9 de junho de 2008

DESOBEDIÊNCIA MODAL trancinha-tiara-70s


Carolina Glidden-Gannon: trancinhas 70s sempre - e antes de Karl Lagerfeld!


Chanel, resort 2009: à venda a partir de novembro. Combine as trancinhas-tiara com calça pata-de-elefante.

Carolina Glidden-Gannon coloca trancinha-tiara no cabelo quando usa silhueta 70s, calça Trash & Vaudeville e uma regata longa D´Arouche, a marca que toca com o amigo de infância, David Pollack, desde que voltou de 12 anos de NYC. "Olha só, eu mandei fazer em um amigo meu cabelereiro...A idéia, não sei da onde veio....Hippie Chic...Groupies...I don't know...", me digitou ela, que adora bater um red-sole Louboutin nas calçadas da Big Apple, onde morou e foi assistente de Patricia Field, figurinista de SATC. Karl Lagerfeld, numa coleção resort 2009 altamente 70, desfilada em Miami, fez igual. É de se esperar que o que era hippie agora vire aceitável nos grandes salões.


Fashion Rio – dias 1 e 2 – shopping list

PEÇA UM E DOIS: BATA + SAIA

Thais Losso foi enxuta nos looks - só 10 - mas exuberante no mix de estampa de flores. O bacana desse look é que ele, além de ter uma mistura chiquérrima de flores (coisa difícil, queriiiidas), finge ser o que não é: um minivestido. Na verdade, trata-se de uma blusa, fechada atrás com centenas de botõezinhos à moda antiga, e uma saiota balonê (ficou um barrado lindo mesmo). "A blusa é como se fosse uma bata mexicana toda rebordada a mão de linha", me explicou Thais, que faz jornada dupla de estilista na equipe da C&A.


Bata de tricoline de algodãO, R$ XXX, e saia balonê de jacquard de algodão, R$ XXX.

PEÇA TRÊS: VESTIDO-BALÃO

Rita Wainer escolheu o volume, o linho francês, os bordados e pronto, alinhavou uma coleção de microcomprimentos e vestidos-balões. Esse verdinho apagado, num tom que ela roubou de uma planta da casa dela e mandou tingir o tecido, é uma nova idéia de vestido-versátil. Ou seja, é a prova viva de que o verde é o novo pretinho básico! Como é de linho, dá para usar de dia. Como tem volume – a modelagem é de caftã gigante que, na moulage, ganha os volumes -, vai a uma festa. Ah, e como é feito a mão, um nunca será como outro. Aqui, Rita usou uma luminária de casa como maxicolar, o acessório da próxima temporada. “Essa luminária enrosca em tudo, mas a idéia é usar um colarzão, sim”, me explicou a moça, envolvida agora na coleção da Ellus 2nd Floor, que desfila no SPFW dia 17. Aonde uma moça pode ir com isso? “Ah, de chinelo, ela pode ir.... mmm, aonde ela pode ir? Aonde ela quiser”, resume. Ou para onde o balão a levar!



Microvestido de linho, R$ 1 240.

À venda a partir de setembro, pelo www.theodora.com.br (clique em ‘vendas’).

PEÇA QUATRO E CINCO: LONGO + COCKTAIL DRESS

Luciano Canale estava lá com sua inspiração setentinha quando Glorinha Paranaguá, convidada para assinar os acessórios do verão 2009 da Sta. Ephigênia, tirou de dentro da sua bolsa de bambu memórias dignas de alguém que, como ela, freqüentou o grand monde como mulher de diplomata – França, 1968-1973. Diplomada em chiqueté, Glorinha contou a Luciano que a coleção lembrava a ela Bianca Jagger e Marisa Berenson passeando pelos jardins dos Rothschild, numa festinha de fim de tarde. A mais linda que ela já foi. Então, dito. É só reproduzir o momento – para mim, em duas versões imperdíveis: 1) o longo rosa-maravilha de chiffon de seda pura forrado de cetim de seda. “Você pode usar com sapatos neutros ou, se for ousada mesmo, chocar no contraste com amarelo nos pés”, me recomendou Luciano, que assina pela primeira vez, da idéia ao final feliz, uma coleção desde a partida de Marco Maia, há seis meses. 2) Cocktail dress de renda francesa bordado com botões e lascas de madrepérolas. “Pensei em um clima bem romântico, ‘ah, eu estou apaixonada’”, justifica.


Vestido de chiffon de seda, R$ 3 980.



Cocktail dress de renda francesa, R$ 3 880.

À venda a partir de setembro. R. Dias Ferreira, 417, sala 405, Leblon, tel. (21) 2540 5198, santaephigenia@superig.com.br

QUESTIONÁRIO PROUST com Isabela Capeto

Isabela Capeto, estilista: "Sou feliz do jeito que sou".

Se Isabela Capeto tivesse patins, talvez percorresse mais rápido a correria entre São Paulo - onde acaba de abrir a segunda loja, no reduto de margaridinhas, Daslu, vizinha de Cris Barros e em frente à Juliana Jabour -, Rio e misteriosas cidadezinhas de lugares remotos do Brasil, fontes de pesquisa para o verão 2009, que apresenta no SPFW no sábado, 21.

Correria pré-desfile é clichê; não falar sobre as inspirações da coleção, idem. Mas Isabela dá pistas de que vai ser 100% ela mesma na próxima estação com as artesanias que jogaram seu nome pro alto. Verão é especialidade nacional, combina com essa mão leve e, mmm, romântica de Isabela, e faz sucesso em hemisférios cuja especialidade é o frio sem que ela tenha que fazer concessões. (Isabela acrescentou mais uma semananinha de moda na sua vida, o Rio Summer, organizado por Nizan Guanaes e previsto para outubro).

É possível que a gente a reconheça mais do que no inverno 2008: uma coleção carregada de pretos, com pontos de vermelho-sangue, zíperes, bem street. Agressiva, quase punk, para uma moça de tons delicados e bordados miúdos. "Fiz pensando no mercado exterior", me confessou ela na época. São aqueles 'cutuques' que fazem o estilista sair da zona do mesmo. "Não quero ficar conhecida como a estilista disso ou daquilo, quero experimentar. Sei que nunca vou ser sexy, com decotão, mas quero tentar esse caminho também", confessou entre as araras da coleção passada.

Junto com Ronaldo Fraga, Isabela é querida dos modernos na França e no Japão. E, me contou uma jornalista de moda de Tóquio, não vende bem entre as japonesas status-oriented, que não entendem porque pagar um preço Gucci por uma Isabela Capeto. Status não é tudo nessa vida e talvez não seja nada. Isabela já tem suas araras garantidas, um espaço único no nosso closet e lá suas questões existenciais. Que ela dividiu comigo e eu, com vocês.

Qual é seu estado de espírito no momento? Feliz.
Qual seu maior medo? De que algo ruim aconteça com minha filha, Francisca.
Qual a característica que mais odeia em você mesma? Perfeccionismo.
Qual a característica que mais odeia nos outros? Arrogância.
Que pessoa viva você mais admira? Minha filha.
Que pessoa viva você mais despreza? Não desprezo ninguém.
Quando você mente? Quando é necessário.
O que ou quem é o maior amor da sua vida? Minha filha.
Em que momento da sua vida você foi feliz? Em muitos: quando morava na Itália, quando tive a Francisca, quando me casei...
Que talento você mais gostaria de ter? Ser boa nos esportes.
Se pudesse mudar alguma coisa sobre você, o que seria? Sou feliz do jeito que eu sou.
O que você considera sua maior conquista? Minha casa.
Se você morresse e pudesse voltar como uma pessoa ou coisa, o que seria? Um esportista, campeão das Olimpíadas - deve ser incrível!
Qual sua ocupação favorita? Ir à praia.
Quem são seus escritores favoritos? Gabriel Garcia Márquez.
Quem é seu herói na ficção? Helen Parr, de Os Incríveis.
Quem são seus heróis na vida real? Meus pais.
Quais são seus nomes favoritos? Francisca e Sebastião.
Qual seu maior arrependimento? Não tenho nenhum. Tudo o que eu passei me trouxe algo de bom. Sempre tem um lado positivo.
Como você gostaria de morrer? Dormindo.
Qual seu motto? Toyota.

sábado, 7 de junho de 2008

MODA NA REAL - Mad teahouse party

Lucia de Menezes Farias, designer

Usa: Calça? Raia de Goeye para C&A, para Katiane, para Lucia!!!. Sandálias? Antônio Melani (Generally Shoes). Regata curta demais? Zara. Blusa penhoar de velhinha? Brechó sulista.

Por que escolheu esse look? Pra fazer um look menininha magra e arrumadinha em homenagem às amigas, fugir do uniforme padrão e dar um salto na recepção!!!

Qual a melhor idéia dessa produção? Eu gosto principalmente da monocromia, com o gritinho suave do vermelho, ááááá!! Também adoro as proporcões mais alongadas (e alongantes)!!

Você se veste para ... Ficar quentinha, bonitinha se der, e levar as minhas queridas roupinhas pra dar um rolê!!

Onde reabastece o closet? Brechós, grandes magazines e em QUALQUER lugar que eu passar na frente e algo me chamar atenção!!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Cathy Horyn on YSL - em 24dez2000

"Whether or not you care about clothes, this transition marks the passing of an era, the end of a parade of genius that began with Poiret and Chanel, made its way through Schiaparelli, Dior and Balenciaga and ends, nearly a century later, with Saint Laurent. These were people, all of them original, all of them to some degree freakish, who changed the way women dressed. Not a hemline, not a cut, as designers will do today. But fashion. And no one did it with more clarity and self-destructive fury than Saint Laurent."

3 casamentos e 1 funeral



Corra, Carrie, corra: meio dress code, meio fashion code em cena do filme Sex and the City.


Hoje estréia em Pindorama o filme com meu personagem favorito: o figurino. Sim, é sobre Sex and the City que eu - e a metade sul do hemisfério - estamos falando. Não sei vocês, mas eu de-tes-to Carrie, a estranha - bom, a personalidade irritantemente infantil e esquizofrênica da moça. E hoje eu espero mesmo que o "mistério" casa-ou-não-casa-com-Mr.Big termine com o seguinte final feliz: não casa! Para o bem da modernindade e das solteiras felizes do planeta. Para as casadoiras, Carrie já prestou um favor imenso: escolheu um vestido, escolheu sandálias, escolheu a pluma verde, escolheu o véu, escolheu os brincos. Quebrou as regras com um Vivienne Westwood dramático (aqui tem: Samuel Cirnansck desfilou no SPFW, edição inv 08, um vestido de cetim de seda com a mesma alta voltagem dramática, preço sob consulta, tel. (11) 3081 1733). Em outras palavras, fez no casamento o que fez em todos os dias dos seis anos de série: respeitou o dress code na medida do seu estilo (e vice-versa).



Samuel Cirnansck, inv 2008

A mensagem é clara: por que, ó, céus, você passa uma vida tentando afirmar sua alma se vestindo assim ou assado e, justamente quando você é o centro das atenções, vai compactuar com uma série de regras pré-estabelecidas e abafar sua personalidade? Por que não pisar em sandálias Manolo Blahnik com plumas de faisão ou num peep-toe Louboutin de purpurina furta-cor ou em plataformas meia-pata Dolce de cobra dourada ou em sandálias Paula Ferber cheias de tirinhas de couro de cobra natural e laranja? "As noivas estão mais diferentes, saindo do branco e creme", diz Paula, que faz loucurinhas sob medida para essas moças com síndrome de Ms. Bradshaw (a partir de R$ 1,5 mil, tel. (11) 3044 0321). Por que não usar uma jóia com pedra de outra cor? Por que não aposentar a misturinha das unhas (Natural Nude é tão lindo! Colorama, R$ 2,49).

Quando olho as fotos do meu casamento, penso no acerto do vestido: tomara-que-caia com uma saia que se abre godê e é muito discretamente mais comprida atrás + uma estola. Foi o primeiro vestido de noiva feito por Carlos Miele, me contou muitos anos depois seu antigo PR, Roberto Ethel, com modelagem da Mme Jeanine, que havia trabalhado chez Dior, Paris. Eu am(o)ava o tecido: cetim de seda com fios metálicos, que dá aquele aspecto de papel-quanto-mais-amassado-mais-volume. Me lembro da reação dos meus conterrâneos ao ver que eu tirei o vestido todo amarrotado do porta-malas do carro (passei uns bons minutos amassando bem): um 'oooh', não? Depois de vestido, minha irmã do meio e uma amiga querida, que conseguiu arrastar o marido direto da British Columbia para a festa, passaram muito tempo amassando ainda mais a barra da saia.

Quando penso no resto, penso em make over: pintei as unhas de Paris, um esmalte que nem de longe combina comigo; usei escarpins forrados (deuses, onde eu estava com cabeça?) e um penteado que, bemmmm, melhor não comentar. Eu estava tentando compactuar com as regras do jogo e, fazendo isso, me resta hoje olhar para uma festa felizérrima, comme il faut, com um figurino not so much so...

No sábado, eu tive outra amostrinha do que é colocar sua marca numa festa tradicional. Ciccy Souza Aranha acrescentou Halpern ao seu sobrenome numa festa linda na Chácara Verde do Helvétia, às 16h30 - num dos dress codes mais capciosos da temporada. Meio da tarde, inverno, campo com pose da mais fina cidade, what to wear? Curtos, longuetes, longos, brilho ou não, estampa ou cor escura? A família da noiva, Trussardi - uma vida na moda - ditou o tom. Carol Porto, a irmã mais velha, de florido rosa nos joelhos, com gola como que plumada, escarpins chanel dourados, cabelos num coque-luxo 60s (aliás, os sessenta tão em alta quanto as rosas que decoraram o teto do lugar). Ciccy foi de longo-imperatriz, com renda Balenciaga e uma camadinha de babados a partir dos joelhos que se transformava numa cauda-nuvem. Nos cabelos, a tiara de diamantes usada pelas mulheres da família (vestidos Marie Toscano). Combinou.



Ciccy sorriso: tradição da cabeça - com a tiara de família - aos babadinhos do vestido Marie Toscano.


Fernanda Kujawski, com desenho próprio: na medida do dress code.

(...)
Fiquei intrigada com o que seria o dress code do funeral de Yves Saint Laurent ontem, Église Saint Roche, Paris. É difícil fugir do preto, mas por vezes a necessidade do preto é uma formalidade tão grande que parece que estamos assistindo a um velório de novela das oito, ensaiado. Preto era cor favorita de YSL (embora eu ache que, um estilista que misturava as cores como ele só pudesse amar todos os tons por igual) e acho bonito ter sido escolhido em homenagem a ele, se assim foi. Assim como os ternos, as peças de corte masculino. Mas e se YSL amasse o pink, could we or should we? Solenidade, tristeza, sobriedade - todos sentimentos aos quais o preto está linkado, neste caso - são questões culturais diante da morte - mexicanos são felizes com seus passamentos, coloridos e festivos, não? Devemos nos arrumar de maneira impecável ou não devemos nos arrumar (com A maiúsculo), ou nos vestir de maneira minimalista, sem esforço, como quem diz "isso não é um evento portanto a vaidade não pode ser demonstrada?. Certo é que não se trata de mostrar a própria personalidade.

Aceito insights.


Catherine Deneuve: trench coat



Claudia Schiffer


Carla Bruni


Vivienne Westwood


Enfim, melhor pensar em como quebrar as regras do casamento do que em seguir as do funeral.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

INSTANT GLAM pulseiras sobre luvas de lã


As major stores estão em liquidação de verão e o prefall, em alguns casos (como o da Bergdorf), já está à venda. É bom dar uma olhada para começar a tirar dos shows as idéias que injetam glamour na hora no seu look. Essa, da Burberry, é uma subversãozinha para o dia do infalível truque de sedução à la anos 1940: usar braceletes de diamantes sobre luvas de cetim de seda pretas. Sai o cetim e entram as luvas de lã. Saem os diamantes e entram braceletes grandes de cores e texturas diferentes - ficou linda aqui a mistura de tons neutros.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Yves Saint Laurent, por quem fica

(imagens do desfile de despedida de YSL, em 2002, e resumo de 40 anos de moda)


Noiva, década de 60: a imagem foi tão poderosa que as noivas aqui adotaram! Minha madrinha se casou assim.


Onça


Safári


Le smoking!


África


Blazer


China


Matisse


Mondrian, de 1965

Ontem - acho que para a maioria dos dedicados seguidores de moda - o dia terminou pela manhã com a notícia da morte de YSL. Meio descrente, corri para o site da Fondation Pierre Bergé-Yves Saint Laurent. Fora do ar. Hoje, a mensagem é simples (como os amigos próximos dizem que YSL era) e dá um aperto na garganta: em letras pink, LOVE, e em letras brancas o ano de nascimento, 1936, e o ano de morte (câncer no cérebro), 2008, e a assinatura. Tudo sobre um fundo preto. O fundo se funde com uma foto de YSL de terno risca-de-giz (ele fez para as mulheres também!) com uma imensa gravata borboleta de poás abrindo uma porta. Como muitas que ele abriu no guarda-roupa feminino. "Tenho claro para mim que as novas gerações de estilistas que pulam das milhares de faculdades de moda por aí não sabem da força de transformação de YSL, mesmo com todo esse legado", me disse agora pouco Ronaldo Fraga. YSL será cremado na quinta e as cinzas serão jogadas em Marrakech, um dos seus lares-doces-lares.

Ser lembrado era um desejo real de YSL, que se despediu das passarelas com um último desfile de alta costura no Centro Pompidou, Paris, em 22 janeiro de 2002. "J´aimerais que dans cent ans on étudie mes robes, mes dessins", declarou, uma década antes do adieu. E o site da Fondation tem esse compromisso - a própria se encarrega de fazê-lo ser lembrado a cada exposição e mecenato bancados pela instituição. O que é preciso saber sobre YSL está reunido ali. Dá para ficar mais perto de quatro décadas de moda. As informações, coleções, paixões estão organizadas, explicadas, fotografadas, catalogadas com a mesma crença na perfeição de quem, como Yves Saint Laurent, propôs, sem nunca se abalar, o coque perfeito com o vestido perfeito com o acessório perfeito com o batom vermelho perfeito. "Ele era chic, elegante de um jeito como hoje o mundo não quer mais ser", definiu ontem para mim numa conversa Clô Orozco. A estilista da Huis Clos fez o verão 2005 com as cores do Marrocos (tinha azul Kein, cor da casa em Marrakech, cáqui e estampas dos azulejos fotografados por Clô), e sob impacto de ter assistido a coleção de estréia de Alber Elbaz para a maison com os ícones (poás, saia godê, onça) do mestre passados num filtro de modernidade (Elbaz fez três coleções YSL: inv 99, verão 00, inv 00, pré-Tom Ford). "A coleção foi muito mal recebida pela imprensa", lembra Clô, que a-do-ra ver hoje o sucesso de Elbaz na Lanvin.

YSL não é a pessoa que mais inspirou Clô, muito mais ligada a Balenciaga, o original, e Dior, idem - o que não causa surpresa numa estilista que trabalha com construção e sonho. Diferente de YSL, que dedicou uma vida a transformações 'vestíveis'. Mas toda hora em que fecha os olhos e pensa no costureiro-estilista, ela conta, pensa no smoking, no près-des-corps, no safári - "coisas que YSL repetia sempre porque eram um acerto, ele sabia fazer". "Respeito e admiro o trabalho dele, sempre preocupado com cor, forma, estampa e com uma elegância, uma roupa perto do corpo sem a preocupação de ser sexy, que é uma obsessão hoje", resume ela, que admite não gostar da rigidez nos ombros proposta por ele, coisa da qual ela sempre procurou fugir.

Para quem já usou de um tudo nesse começo de século 21 talvez seja difícil entender o impacto de YSL na vidinha das mulheres. "Na distância desses anos todos, parece que YSL era careta", diz Ronaldo. "Mas quando você olha o entorno - o que os pares estavam fazendo, o que o jet set vestia, o que as mulheres normais vestiam - aí entende o quanto ele foi transgressor." Uma historinha banal da musa e protetora, a socialite americana Nan Kempner (há um link para ela na Fondation), dá a exata dimensão dessa transgressão. Algo não tem a ver com o furor causado por YSL ao posar nu, em 1971, para a campanha de lançamento do perfume masculino YSL, nem ao sacar o slogan "Opium, for those who are addicted to Yves Saint Laurent" para o feminino Opium, de 1977. Nan foi uma das primeiras a usar os ternos de YSL- em oposição aos recomendados tailleurs. Ao aparecer em um restaurante da Madison Avenue trajada de calças, foi proibida de entrar - uma mulher de calças era algo in-con-ce-bí-vel. Deu de ombros (rígidos): tirou as calças e entrou apenas de paletó. "Ela mostra melhor do que qualquer outra mulher que a verdadeira elegância é a alquimia entre um vestido e quem o 'porta'", disse Pierre Bergé.

Há outra musa - Catherine Deneuve - que, para mim, resume o tipo de revolução discreta, sem estardalhaço, de que YSL foi capaz. Em Belle de Jour, filme de Luis Buñuel (1967), ela veste YSL e os sapatinhos pretos de bico quadrado e fivela de metal prata que venderam 'apenas' 200 mil pares na época (e foram reeditados por Bruno Frisoni, o gênio por trás da renaissance de Roger Vivier, o sapateiro de Dior e desse clássico sessentinha). Severine, personagem de Deneuve, é madame pela manhã e à noite - mas à tarde, é uma verdadeira demoiselle (como as da rua Avignon, de Barcelona). Ela faz a sua revoluçãozinha particular e o mundo, quando percebe, não tem mais o que fazer.

Um zilhão de histórias podem ser resgatadas do mocinho argelino que assumiu, aos 21 anos, o trono de Christian Dior e lançou a linha Trapézio - A, sim?; do homem que amava arte com o mesmo A maiúsculo; que amava a rua e a cultura jovem muito antes disso virar obrigação na moda. E que olhava para outras culturas sem ter saído do lugar - os ciganos e os russos são apenas parte dessas incursões, digamos, étnicas. "Ele fez o folk", lembra Ronaldo, que vê estampados nos vestidos longos da coleção Zuzu Angel, verão 2001/2002, o desejo dessa época.

O que fica é o conjunto da obra, acima do bem e do mal. Fica também o que Ronaldo define como uma "tristeza sem fim". Depois que soube da morte dele, fiquei repensando o ofício da moda, que nos dá brilho, nos dá a miragem da eterna juventude, a possibilidade de se renovar a cada estação", diz. Em Londres entre 1994 e 1995, Ronaldo ficou impressionado com uma cena em um documentário ("sobre YSL ou sobre maisons de alta costura, não me lembro"): YSL arrumava uma modelo na prova de roupa e a dispensava rapidamente num 'tudo bem, vai assim mesmo'. "Achei melancólico, ele deprimido, e comecei a pensar no que seria o meu último desfile, na última peça, na manhã do dia seguinte."

(Ronaldo tem 12 anos de marca. Faz o próximo desfile no SPFW, dia 21, sábado. Clô tem três décadas de estrada e entregou a direção de criação da Huis Clos à Sara Kawasaki - embora esteja todos os dias na fábrica, na Barra Funda, acompanhando provas. "Meu olhar está cansado para muitas tendências e para a Sara tudo é mais novo. Ela traz leveza ao mesmo tempo que entende o refinamento da marca", define Clô, que desfila no dia 19 e no dia 22 vê a estréia da Maria Garcia, irmã mocinha da Clos, estrear na semana de moda de São Paulo.)

A força de YSL estava na evolução, mais do que na revolução. No Zeitgeist, em saber respirar l´air des temps. Em desrespeitar respeitando. É seu legado na mais perfeita das embalagens - vistas pela última vez em conjunto, inclusive uma sequência imensa de smokings, às 20h36 de uma terça-feira, quando as portas de espelho deslizaram no fim da passarela e fecharam 40 anos de moda.

ps. Passagem para Montreal? Vá ao Museu de Belas Artes, Pavillon Michal et Renata Horstein (1379, rue Sherbrooke Ouest) para ver a exposição Yves Saint Laurent Style até o dia 29 de setembro.

ps 2. Docs? Yves Saint Laurent - His Life and Times e 5 Avenue Marceau 75116 Paris - ambos do diretor David Tebould à venda na amazon.com por 20 dólares.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Casa de Criadores - balancinho final

Dez peças para comprar não é um mau saldo para três dias de desfiles. Vestimos assim, seguindo a cartilha da semaninha de moda: 1) anos 1970: com mulheres divas, étnicas, cores e tecidos naturais; 2) nova alfaiataria, com busca por novos cortes. Bem resumido.

Que venha o verão 2009!

Casa de Criadores - dia 3 - shopping list

PEÇA NOVE&DEZ: VESTIDO-PALETÓ-DE-SMOKING& BRINCO
Oxalá eu tivesse postado essa shopping list no sábado - antes de receber a notícia de Yves Saint Laurent - o homem que deu às mulheres mais poderes e direitos nessa vida (ente eles, o de usar le smoking) do que as sufragistas no começo do século e as feministas nos 60s. Seria menos melancólico. Enfim, do desfile das Gêmeas eu escolhi justamente o vestido-paletó-de-smoking. De sarja com um quê de elastano (o que parece dar um brilho discreto às meninas), é um jeito feminino de se apropriar do smoking - distante da (falsa, porque altamente sexy) androginia da proposta original de YSL, de 1966. "Dá para usar com um Converse ou com meia-calça fio 40 e sandálias pesadas", sugere Carolina Krieger, irmã idêntica da Isadora. Melhor ainda porque ele é off white, tipo summer, menos óbvio do que fazer le smoking (obviamente) preto. Lín-di-mos também os brincos de metal dourado. Tudo de um chic nonchalant - e é bom que os cabelos estejam presos num coque desgrenhado para não deixar dúvida mesmo do espírito: um jeito feminino de ser masculino, ótimo para essa estação.


Vestido-paletó, na faixa de R$ 500, e brincos de metal, R$ 120.

Na loja em setembro. Rua Augusta, 2690, loja 16, tel 11 3062 4653, gemeas1@hotmail.com

domingo, 1 de junho de 2008

Casa de Criadores - Moda na real - dia 3 - take 6

Denise Dahdah, jornalista

Usa: Calça? Diesel. Camisa? Comprada em brechó na Holanda. Jaqueta? Coven. Botas? Beneducci. Bolsa? Elisa Atheniense. Cinto? H&M. Batom? YSL Lip Twins duo 9. Esmalte? Lancôme Les Vernis 106.

Por que escolheu esse look? Porque estou num momento 70s e meio boyish.

Qual a melhor idéia dessa produção? A cintura um pouco mais alta da calça e a cor da jaqueta.

Você se veste para ... mim mesma e para ficar feliz.

Onde reabastece o closet? Top Shop, liquidações, brechós, Studio TMLS, bazares, na Coven, na Diesel, no guarda-roupa da minha mãe...