sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

MÁXIMA DO DIA Dorothy Parker

e muitos beijos de um 2011 transformador.

"Take care of the luxuries and the necessities will take care of themselves."




(Cuide dos luxos e as necessidades cuidarão de si mesmas)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

gurias e guris, minha amiga Svetlana, que mora em Londres, me mandou essa árvore de Natal de John Galliano para o Claridge's.



Com essa imagem que prova do que a moda e seus deuses são capazes de fazer para transformar o nosso cotidiano em algo extraordinário, desejo a vocês um 11 espetacular. Como os desfiles de alta costura da Dior.

muito beijos e até breve!

Sissi

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vestidos de noiva para Kate Middleton

(meninas, queridas, obrigadas pelos comentários!)

É difícil dar a dimensão da loucura que é a relação da família real com seus súditos - ou eu deveria dizer dos súditos com a família real?

Concentrados no metrô, os passageiros lêem as últimas sobre o noivado – mesmo que, jornalisticamente falando, não haja notícia nenhuma.

Acho que a não-notícia favorita da minha irmã Mônica e minha é "irmã de Kate talvez quem saiba seja a madrinha principal, mas aos 26 anos ela está um pouco passadinha, não?".

Ãããã?

De qualquer forma, certas coisas valem a especulação.

Hoje o WWD (Women's Wear Daily), o jornal centenário e site diário americano que é considerado a bíblia da moda – e para o qual sou a correspondente no Brasil - deu na manchete os croquis de várias marcas e estilistas com sugestões de vestidos de noiva para Kate Middleton.

É uma aula de como cada um tem uma visão de mundo particular e a expressa por meio da roupa - e como cada um pensa diferente, ufa!

Eu me perguntei quem eu escolheria se fosse ela. Me ocorreu Burberry, pela tradição e "inglesidade" - e ao mesmo tempo porque Christopher Bailey injetou o século 21 nessa mistura, resumindo o que Londres é hoje no mundo. Um salto no passado, um salto no futuro e um mundo inteiro no meio daquelas ruas com prédios de tijolinho laranja queimadíssimo.

Aqui uns exemplos das ideias dos estilistas – com as suas respectivas justificativas.

(vocês não amam o anacronismo da monarquia?)


Nina Ricci: "leve como pluma, camadas de renda e organza... um vestido na medida de uma princesa"


Valentino: "um vestido 'florescendo', porque a vemos como uma nova Vênus de Botticelli"


Missoni: "tecidos preciosos com linhas limpas e contemporâneas para criar uma imagem eterna de graça e elegância"


Christian Lacroix: "algo velho como uma saia vitoriana; algo novo, como o patchwork; algo emprestado, como o véu da rainha Elizabeth; algo vermelho: um top elizabetano, cor das noivas até 1900." (historicista que é, lacroix envederou pela tradição do 'something old, something new, something borrowed, something red', um hábito dos casamentos anglicanos")


Karl Lagerfeld: "um vestido vitoriano com uma pegada nova – botas de cano longo e aberto na frente"


Jason Wu: "mix da opulência tradicional com uma estética muito limpa para uma princesa moderna." (escolhi porque ele se fez como escolha de michelle obama, lembram?)


J.Crew: "com tantas comparações à princesa Diana, o vestido deveria ser justamente o oposto: moderno, simples e elegante" (achei o máximo eles convidarem alguém do high street americano que tem uma divisão de vestidos de noiva)


Gucci: "linhas limpas, formas suaves e toques clássicos como o decote canoa e uma cauda distinta."


Chris Benz: "correr riscos com um espírito colorido e confiante é a nova cara da realeza." (sim, eu sei que chris benz não é relevante no cenário $$$, mas eu amo as proporções dele e o considero um grandissíssimo colorista)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O sentido real de hi-low

Soa como a redenção da consumidora plebeia o fato de Kate Middleton, a noiva-safira do príncipe William, ter escolhido duas etiquetas pop inglesas (Whistles e Reiss) sem a injeção de glamour das campanhas publicitárias para vestir nas fotografias oficiais com o futuro marido.

Kate disse tacitamente que classe não tem a ver com cifras de muitos zero (o anel de safira de Diana casou com brincos de três dígitos da Links of London).

E mais: as peças não estavam tinindo de novas, recém-saídas das araras. Uma blusa de seda tinha dois anos de uso.

Acima de tudo, à moda de Michelle Obama, Kate (ou algum stylist sensível) mostra que política se faz com roupa. Com a Inglaterra em crise, ela não ofende a população com roupas de preços ostensivos, mostra que é bom shop in your own closet e que é preciso apostar nas marcas locais. E a única peça caríssima do look, o anel de safiras, é herança.

É uma atitude hi - nobre - escolher o low. E uma prova de que o mais importante é ter um bom corte, um bom tecido e, se possível, uma boa ideia - no corpo e na hora certos. E, de preferência, em sintonia com o nosso tempo.

©Mario Testino

domingo, 12 de dezembro de 2010

René Gruau e a ilustração de moda

Pode ser a recente onda 50s na moda. Mas René Gruau, conde-ilustrador a quem se pode creditar a imagem clássica do new look, faz sentido hoje como fez ontem, quando seu traço elegante, sinuoso e mínimo (com saturação irresistível de cores) deu graça às principais revistas de moda do mundo, à publicidade (dos perfumes Dior a biscoitos) e às capas da International Textiles, uma revista do métier, por quatro décadas.

Gruau não só reapareceu nos lenços Dior e na reedição recente das publicidades dos perfumes da marca, mas Londres agora está repleta da sua dose de chiquetê. Três exposições exibem os trabalhos dele – duas delas, 100% dedicadas a ele. Uma, das ilustrações para a Dior, no Somerset House. Oiutra na Fashion Illustration Gallery.

International Textiles, n.341/2, 1961

International Textiles, n.318, 1961


O que o súbito interesse diz sobre o nosso tempo? Queremos, de novo, ser uma versão melhor de nós mesmas? Eu não me incomodaria de ter os braços e pernas de quilômetros, por exemplo, como as mulheres idealizadas de Gruau – considerado o maior do século 20 e com um herdeiro estético à altura: David Downton. É disso que estamos atrás: uma saída pela direita do cotidiano e do rame-rame? Mais poesia, mais imagem sintética do nosso tempo, e menos "compre esse sapato dessa foto desse editorial"?

Organizada no Design Museum, uma retrospectiva da ilustração de moda no século 20 aponta o uso do traço sempre que a necessidade da fantasia falou mais alto (em oposição ao tempo em que a ilustração tinha de mimetizar todos os detalhes da roupa, fazendo as vezes da foto). Nos anos 1910, Georges Lepape fazia os desenhos de Paul Poiret – e hoje um pochoir da Gazette de Bon Ton é coisa para colecionador. Passear pelos desenhos de Lepape, Christian Bérard, René Gruau, Antonio até chegar a Mats Gustafson &co. não é apenas ver como a roupa mudou e sim a percepção do feminino e da cultura de cada época.

Drawing Fashion from Design Museum on Vimeo.



Gustafson é de hoje, assim como François Berthoud e Aurore de la Morinerie. As revistas pouco usam os ilustradores agora para fazer editoriais. Talvez quem se aproprie melhor da linguagem seja a Vogue Japão, que não tem o menor pudor em estampar um editorial aquarelado de Gustafson mais preocupada que está em registrar a imagem de um tempo do que o suéter Prada que bem pode aparecer em still aqui e ali.

Os anunciantes são mais generosos. Nordstrom, rede americana de lojas, comemora 10 anos de parceria com Ruben Toledo com um livro de ilustrações. Toledo é casado com a estilista Isabel Toledo e estampa seu traço nos livros da editora de moda Nina Garcia.

"A ilustração é algo ao mesmo tempo sofisticado e simples, atraente e acessível a qualquer público", me disse William Ling no nosso encontro na Fashion Illustration Gallery. Ling é casado com a ilustradora Tanya Ling, uma moça cujo traço revela que ela vê beleza além do padrão e tem uma relação de amor e ódio com a moda - como qualquer ser humano de bom senso. William deixou de ser professor para criar, em 2007, essa que há de ser a única galeria especializada no gênero.

Num golpe de sorte, ele recebeu um telefonema de herdeiros da família que publicou a International Textiles oferecendo os desenhos para as capas assinados por René Gruau. William selecionou um dezena e os originais estão à venda por valores que oscilam entre 7 mil e 12 mil libras.

"O mercado de ilustração está em alta", diz. As obras são mais baratas do que um trabalho "clássico" de arte. E o tempo deu conta do resto: colocou o traço no seu devido lugar.

Sobre essas e outras coisinhas William e eu gastamos quase duas horas de conversa. Aqui, um resumo do resumo.

Qual o valor dessas obras de René Gruau?
Primeiro, são originais. Você pode ver o sentido em que o pincel deslizou no papel e, com sorte, até o esboço a lápis do desenho. Segundo, é a primeira vez que se colocam à venda as capas feitas para a International Textiles. Gruau era um gênio da arte gráfica, da composição com cores e cortes, e não apenas um brilhante criador de imagens de moda.

É fácil encontrar trabalhos dele?
Ele está recebendo um merecido reconhecimento e há um trabalho de garimpo a ser feito. Não sabemos exatamente o que está por aí. Mas fato é que agora é uma boa hora para investir nele. Daqui para frente, a oferta vai ficar mais rarefeita.

Por que o trabalho dele é bom?
As mulheres são chics e, mesmo depois de cinco décadas, continuamos achando que elas são lindas. É a visão de um artista que se mostra poderosa além da passagem do tempo.

Você fala da marca do pincel e do lápis sobre o papel. A ilustração a mão tem mais peso do que a hi-tech, feita no computador?
Sim e não. Represento, por exemplo, Jason Brooks, um ilustrador que conseguiu chegar a um patamar de excelência fazendo ilustração digital. O trabalho parece uma pintura. Mas, no geral, tenho uma queda pelos trabalhos ilustrados a mão.

Que sentido faz hoje usar ilustração em revistas de moda?
É uma forma diferente de falar sobre o novo. E é algo que emociona, que toca as pessoas. Mas as revistas comissionam pouco se comparado à publicidade - dizem que porque não vende tanto quanto uma foto. Mas Cate Blanchett ilustrada por David Downton na capa da Vogue Austrália vendeu muto bem.

Vogue Austrália, por David Downton: original à venda na Fashion Illustration Gallery

Karl Lagerfeld e Alber Elbaz têm ilustrações ma-ra-vi-lho-sas. Você já considerou montar uma exposição com o trabalho deles?
Adoraria! Você me dá o telefone deles?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Lanvin@H&M é o vintage de amanhã

Ok, então eu não cheguei a Regent Street às 9h.

Bem que eu fiquei tentada pelo colar rubi - 29,99 libras esterlinas.

Colar Lanvin para H&M, 29,99 libras esterlinas.

A verdade é que, mais do que comprar o colar-fantasia, eu queria ver mesmo a fila em frente as duas H&M perto da Oxford Circus. Adoraria ter visto o momento de espera e da entrada. Talvez as meninas correndo entre uma loja e outra tentando pegar ali e que não conseguiram acolá.

Entre este compromisso e outro - um leilão de moda vintage do outro lado da cidade - preferi a segunda opção.

Há uns dois anos escrevi uma matéria para a Vogue sobre os leilões de moda (e volta e meia falo deles aqui) e como eles podem se a fonte ideal para closets ávidos de qualidade, exclusidade e uniqueness. Diferentemente dos leilões a la Sotheby's e Christie's – estarei na primeira fila do leilão das joias da Duquesa de Windsor na New Bond Street –, os preços aqui são amigos e o clima é informal.

Kerry Taylor trabalhou para a Sotheby's e em 2003 decidiu abrir uma casa de leilão dedicada apenas às frescuras que ela ama: moda, acessórios e tecidos do passé bien composé.

O endereço não tem nada de estrelado. É uma sala grande do segundo andar de um prédio baixinho de escritórios – ateliês de joia, design, arquitetura – que parece uma velha fábrica abandonada. (Aproveito para buscar um macchiato e com tantos corredores e escadarias consigo ver uma cena de O Iluminado sendo filmada ali. Uia!)

Kerry comandou vários leilões apetitosos: o do closet da Daphne Guinness, da Jerry Hall e dois que eu, particularmente, gostaria de ter presenciado: a coleção de alta costura da atriz Leslie Caron, com peças dos 1950s e 1960s, e da Audrey Hepburn.

Os lotes de hoje eram, com um ou outra exceção, anônimos na propriedade, mas estrelados na etiqueta. Muito Dior, Gaultier, Ossie Clark, Courrèges - e alguns Mary Quant, Cardin, Biba. Também teve uma leva enorme de roupas do século 19 e da década de 1930 e peles de tirar o fôlego. Além da roupa, bijoux - Gripoix (responsável pelas pérolas fakes de Chanel nos anos 1920), Scémama - mas esta fatia do leilão fica mais cara. Com as mesmas, digamos, 200 libras esterlinas que você adquire um tailleur Mugler dá para comprar um par de brincos Gripoix. Por fim, croquis originais de Lanvin, entre outras maisons (essa parte, para mim, tem sido absolutamente irresistível).

Veja o lugar como é nonchalant. A maioria das pessoas é dona de vintage stores, que arremata aqui aquilo que será vendido (e cobrado) como tesouro nos melhores brechós. (na próxima visita a Londres, considere sair do circuito New Bond Street e parar aqui nessa bairro afastado do centro.)



O mais bacana é presenciar o jogo de cena. Os lances podem ser feitos previamente, quando as peças já foram exibidas para avaliação do público. Daí que às vezes Kerry já tem na mesa lances iniciais. Os lances sobem de 10 em 10 libras - às vezes de 20 em 20 ou de 50 em 50. As pessoas são menos discretas fazendo suas bids dop que vemos nos filmes. Kerry diz:

- I have 350 in the room. (tenho 350 na sala, em oposição às apostas vindas pela internet e por telefone).

Pelo telefone, as moças que representam os compradores dizem:

- 350 against you. Would you like to bid? (350 contra você. Você quer dar um lance?)

É um repetição exaustiva, daquelas que acaba virando uma música de fundo meio alucinógena. Deve influenciar na disputa entre compradores, porque há sempre alguém que comete um crime desnecessário como o de hoje: por telefone e por internet, duas pessoas disputavam uma coleção de 14 edições inglesas de Vogue, publicadas entre 1952 e 1955. O lance inicial era de 100 libras esterlinas. Foi arrematado por 2 200 libras esterlinas (pouco menos de seis mil reais). Kerry riu e arrematou:

- Nossa, acabamos de estabelecer um recorde de vendas para Vogues vintage!

DItto quando Kerry vendeu por 1,5 mil libras esterlinas um míni Pierre Cardin para a Miss Selfridges, datado de 1966. Junto com o vestido de brocado azul e prata, vinha o livro Sixties Fashion (Berlin State Museum) mostrando o modelo original, da alta costura, base para essa versão high street leiloada. O preço alcançado foi cinco vezes mais do que o arremate estimado por Kerry, que também não aguentou a língua: "Nunca um vestido Miss Selfridges custou tão caro". (como se vê, é nada novo convidar um estilista para fazer uma coleção especial para o high street/fast fashion)

Pierre Cardin, alta costura 1966


Pierre Cardin para Miss Selfridges: a versão high street da coleção master

Como o hoje repete o ontem e idem para o amanhã, quem disse que em quatro décadas os vestidos Lanvin para H&M, vendidos nesse 23novembro na lojas da rede sueca por 99,99 libras esterlinas, não serão o vintage high street de amanhã? Só o tempo dirá se costura e tecidos resistem a passagem das décadas. Recomendo a quem comprou guardar as sacolas de papel ilustradas por Alber Elbaz e devidamente datadas "hiver 2010". Se nos leilões de vintage fashion se repetir o procedimento dos leilões de joias – caixinhas Cartier fazem crescer consideravelmente o preço do lance inicial –, essa sacolinha (que por si só já era uma boa razão para comprar qualquer bobagem de 5 pounds hoje na H&M)
.

Na saída do leilão, fui para as H&M da Oxford e Regent para ver a cena. Prateleiras vazias e só uma leva de sapatos, cintos, vestidos e casacos permanecia nas araras. Os seguranças ainda organizavam uma fila de interessadas na coleção pop de Elbaz: só entra uma quando sai outra, igualzinho a lei do closet perfeito.

O que eu comprei? Mmmm, como eu estou intoxicada com ilustrações de moda e croquis vintage, nada abala meu cartão de crédito - nem mesmo o futuro vintage. Mas garanti uma lembrancinha para a minha irmã petite e um gracinha extra para uma amiga. As caixinhas são uau! Como nas embalagens do mundo do luxo, podem impressionar mil vezes mais do que o conteúdo.



ps. dá para dar lances do Brasil, sim. Inscreva-se no site da Kerry para ter updates. É ali que você vai olhar os lotes que estarão à venda. Olhe e escolha para já formar uma shoppping list. Depois, basta se registrar no Artfact para dar os lances pela internet. Mas é bom saber que sobre o preço do arremata vão incidir 20% para a casa de leilão, 3% para o Artfact e mais a percentagem do cartão de crédito Visa, 3%, Amex 2,6%, Mastercard, 3,1%). Faça as contas.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Última chamada para Lanvin@H&M



Amanhã, a partir das 9h. Vitrine da 234 Regent St., ainda sem fashion vicitms a postos.

Festa de abertura da Hermès Rive Gauche. Paris, 18nov

Sim, estou de férias. Mas quando trabalho e prazer se encontram na mesma Hermès, quem há de reclamar.

Antes de chegar a Londres, passei pela nova Hermès Rive Gauche, convidada da festa de abertura. É primeira loja da Hermès a cruzar o Sena: são 2 500 m2, com direito a salão de chá com lugar para 30 pessoas (e sabores muito além do verveine_ e uma livraria, a Chaîne d'Encre (corrente da tinta, em livre tradução) - uma brincadeira com a coleção-fetiche da Hermès, Chaîne d'Ancre (corrente da âncora).

Vista da loja, um projeto de Denis Montel

A nova loja, na 17, Rue de Sèvres, fica na antiga piscina do hotel Lutetia. Daí as criancinhas vestidas pré-aula de natação. No fim da escada, as francesinhas me pararam para elogiar o vestido (YSL) e a écharpe (srd). É de pequeninha, non?

Os produtos e so convidados: preto e carré reinam (para mulheres e homens)!

Ina, manda-chuva da comunicação da Hermès, com uma amiga, ex-Comme des Garçons, com roupa e brincos de morrer

De cabelos gris, Pascale, diretora do salão de chá na loja da Hermès

domingo, 24 de outubro de 2010

FANTASCHIC lenços como gravuras

Herança é a novo mood da moda.

Ter um rastro, uma origem, um "de onde vim" – quase como quem pergunta "qual o seu sobrenome?" – funciona como atração na hora da compra. Dá significado, imprime classe, transmite confiança. Especialmente para os consumidores que precisam de uma estirpe para justificar o uso do cartão de crédito.

Então é que as casas estão lançando versões modificadas dos tesouros do seu arquivo. A Gucci vem com as New Jackies e aposta no uso da alça de bambu. A Vuitton traz de volta carteiras de couro simplérrimas, tão 70 e tão antigas quanto o monograma.

E a Dior me sai com essa ideia que é, bem, uma obra de arte (ai, desculpem o clichê). São três lenços de seda com estampa de René Gruau, ilustrador colaborador da maison nos anos 50 (quem comprou recentemente perfumes Dior deve ter recebido os cartazes originais de Gruau para cada um dos títulos perfumados).

Gruau é um velho amigo meu, se é que vocês me entendem. Comprei um vestido de André Lima estampado com uma ilustração dele (André é antropofágico, vocês sabem).

Também tenho um cartaz antigo para uma marca de bolachas (tipo maisena) e me dei uma litogravura assinada dele.

eNão preciso de estirpe, mas preciso de Gruau. Por isso, esses lenços vão parar, embora eu use muito lenço na cabeça, nas paredes de casa. Não seria fino falar em cifras, mas prometo que é um investimento viável e com retorno para muitas gerações.




quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 07

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Camiseta? De gaze de seda feltrada, Fernanda Yamamoto. Saia? Fernanda Yamamoto. Sapato? Ciao Mao.

Qual a melhor ideia do look? A camiseta nada básica.

domingo, 17 de outubro de 2010

FANTASCHIC escolha de pulso



Há uma boa e nova leva na linhagem de Jean Schlumberger para Elsa Schiaparelli. Delfina Delletrez - autora do bracelete da foto - está entre elas. Entre nós, Julia Monteiro de Carvalho flerta com o surrealismo de forma preciosa.

(cortesia Jak&Jil)

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 06

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Vestido? Betsey Johnson. Tênis? Adidas.

Qual a melhor ideia do look? O vestido “bicho de pelúcia” para os dias mais frios.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 05

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Colete? Urban Outfitters. Top? Hering. Saia? Julia Valle. Sapato? Ciao Mao. Clutch? Daniella Zylberstjain.

Qual a melhor ideia do look? Servir para uma reunião mais formal.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 04

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Vestido? Tarcisio Almeida. Tênis? Adidas.

Qual a melhor ideia do look? Vestir os amigos é sempre um prazer.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 03

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Vestido-casaco-quimono? Fernanda Yamamoto. Tênis? All Star.

Qul a melhor ideia do look? A peça confortável e ultraversátil.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 02

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Blusa? Flavia Aranha. Vestido? In.Use. Colar? Rosely Kasumi. Brinco? TUN. Tênis? Adidas.

Qual a melhor ideia do look? A camisa que virou vestido

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

CULTURA DE MODA Cecil Beaton no meio do caminho

Há três semanas, estive em Salvador para abrir o Pense Moda, a convite de Camila Yahn e de Paulo Borges.

Em pauta, o processo de criação da Mag!. Paulo Martinez, editor de moda, e Graziela Peres, diretora de criação da revista, mostraram da partida ao resultado de 90 páginas (diminuídas agora para 60) de editorial de moda, mais das matérias e da capa.

Processos, sempre achei, podem ser tão atraentes quanto o resultado final. Não raro, mais. Saber que caminho alguém faz para chegar até "lá" é a melhor viagem. Rascunhos, rabiscos e ensaios podem não valer tanto quanto a obra final, mas expõem uma imperfeição e uma busca de que, ufff!, é sangue na veia. O resultado perfeito camufla o esforço e os desvios de raciocínio e causam a falsa impressão de que a ideia veio pronta, sem esforço, de berço. A imperfeição é fascinante.

Paulo Martinez contou que parte do seu repertório, muito além de quem carrega história de moda, vem de filmes, música, fotógrafos passé. Pra realizar um editorial, produz páginas e páginas de recortes que possam ajudar na construção de uma foto. Na edição sobre Berlim, por exemplo, da série metrópoles mundanas, Martinez juntou referências de Bauhaus e fotos de Hitler, de onde vem as poses da modelo. Como se diz em inglês, you get the picture.

Alguém na audiência perguntou, anonimamente, se Martinez pensava em transformar em livro essa coleção de colagens. Martinez - como é de praxe às pessoas que são de verdade e não que projetam uma imagem do vazio - respondeu com modéstia e sem afetação que este é um material pessoal, como quem não vê um valor maior ou público do que aquele de ajudar um editor a construir uma história.

A história pode ajudar a pensar diferente.

A Assouline, por exemplo, acaba de publicar Beaton - The Art of Scrapbooking. O livro resume, em reprodução, páginas de 40 dos 100 cadernos que o fotógrafo, ilustrador e homem-chave dos glamour years produziu entre 1930 e 1960.



O material, posse da Sotheby's londrina, é nada mais do que uma colagem (intelectual e estética) de fotos informais de Beaton, um dos âncoras da Vogue e da fotografia de moda, desenhos, copiões, recortes, bilhetes, cartas. Enfim, reflete o samba do inglês doido e chiquérrimo que foi de Beaton (imperdíveis as fotos de Greta Garbo, com quem ele tentou manter um romance menos hollywoodiano).

No prefácio brilhante de James Danziger, fica clara a relação entre imagem, memória e sentimento. "Beaton cultivava seu olhar de curador curioso", escreve Danziger.

No começo, sua obsessão por poses antinaturais e altamente estudadas, que resultaram em fotos cênicas, foram motivo de piada. Mas foram lei até a naturalidade/espontaneidade de Richard Avedon e de David Bailey suplantarem seu olhar. Na verdade, o mundo forjado pré-60s virara demodé. E o olhar de Beaton, um fotógrafo que viveu pelos seus olhos, como ele dizia, não fazia muito sentido no admirável mundo novo e beatnik dos anos 60/70. Mais tarde, ele regularia novamente sua lente para o presente e daria uma nova visão para a fotografia, agora publicada pela Bazaar.

Algumas de suas descobertas, no entanto, parecem oportunas de novo - agora que vivemos um replay de 100 anos.

Se você viu Inés de la Fressange resgatada por Karl Lagerfeld na passarela da Chanel, vai encontrar sabedoria numa das frases de Beaton (aliás, autor de livros ótimos. EU li The Glamour Years): "Basta de colocar a moda nas mãos de modelos que sobrevivem até o momento em que seus rostos começam a demonstrar alguma personalidade".


Mais e mais o Pense Moda vira mais necessário do que corretivo no dia seguinte do baile:

aqui

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 01

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.

Fernanda Yamamoto, estilista

Usa: Casaco? Hussein Chalayan. Bolsa? Daniella Zylberstjain. Sapato? Ciao Mao.

Qual a melhor ideia do look? A bolsa super-prática para levar em viagens.

sobre todas as coisas

Ufff!

Parece uma eternidade desde que eu passei a última vez por aqui.

A vida, então, era outra.

Eu tinha uma avó querida, a Maria Celeste, que a vida toda me chamou de Sissi.

Eu não tinha brincos de princesa despencando da janela da cozinha. Nem minigardênias exalando um cheirinho danado de bom da janela do meu banheiro. Nem lantanas na janela do outro banheiro. Nem um jasmim branco que, um dia, eu espero, seja gigante. (sim, eu virei uma jardineira fiel nesse intervalo)

Minha irmã do meio não tinha arrumado as malas para estudar em Londres. E minha amiga Consuelo não tinha blog.

Foi tanto tempo que eu até pensei que nem sabia mais escrever algo aqui. Tantas perdas - aparentemente nem tantos ganhos – que eu torci o nariz para falar de temporada (e daquela outra palavra que também começa com T e me causa calafrios). Porque menos e menos eu acredito em maria-vai-com-as-outras. Prefiro as marias-sem-vergonhas.

Eis que hoje eu sento para ver Stella McCartney, a quem eu sempre recorro em busca de uma esperança para o closet (o meu, aliás, vem encolhendo em proporções geométricas, para alegria das amigas. Daqui a pouco, eu penso, não poderei sair de casa a não ser para dois tipos de compromisso: ioga ou festa-baile. Todas as gamas de compromissos cinza entre a ponta branca e a ponta preta estão desfalcadas.)

Quando Phoebe Philo (gêmea estética de Stella, aliás) fez as camisetas de couro para a coleção do tipo "bingo!" da Céline, eu desabafei dizendo que queria uma versão denim, mais prática, leve e pertinente para a temperatura daqui e do agora.

Stella entrega a peça no verão 2011.



É um sentimento esquisito (para os outros, imagino) enxergar que a vida se renova numa camiseta denim. Mas se há um sentido maior e um sentimento mais atávico para o meu gostar de moda ele é o cruzar de dedos que a vida pode melhorar e ficar mais bonita logo mais.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

MODERNA NO ATO quem disse que é quadrado?

Carré - quadrado em francês - é como se chama o lenço Hermès.

Muito antes de existir o prêt-à-porter da maison, lá estava o quadradinho de 90x90 fazendo a cabeça das parisiennes.

É tão parisienne (Richard Martin, falecido curador do Costume Institute do Met, sacramenta em Contemporary Fashion o dado oficial de que, no Natal, um carré é vendido a cada 20 segundos em Paris)!

Criado em 1937, o carré é resultado de uma múltipla pintura na seda, criando os desenhos mais, humpf!, desenhados. Essa é a graça do carré (e da Hermès, uma maison definitivamente bem humorada, com espírito de ironia fina à francesa do gênero "rasteirinhas em Deauville"). Cada um tem uma historinha e você pode colecioná-los a perder de vista. São mais de 2 500 desenhos até agora.

Na loja do Shopping Cidade Jardim, o carré é a peça mais vendida. O que significa dizer que o carré é a peça de entrada na maison (em oposição aos perfumes, clássico de vendas em casas como Chanel). É acessível, possível, reconhecível à distância e com estilo até.

Natural que a Hermès queira mostrar à nova geração de consumidoras o quão bela a vida pode ser com um simples nó amarrado no pulso, na cabeça, no braço, na cintura, no ombro... É expertise que gente como Grace Kelly e a Rainha Elizabeth dominaram (bem, pelo menos na versão quadrado caretinha, protegendo os cabelos do sol e do vento).

A vida, de fato, fica menos ordinária com um carré colorido por perto.

Por isso, entra no ar o J'aime mon carré. O site reúne meninas de 20 e poucos e seus jeitos nada solenes de usar o carré. É uma fonte de ideias para usar o quadrado de um jeito nada quadrado. E um jeito de anunciar para as hippies chics + parisiennes de alma do mundo que em setembro chega à nada quadrada Colette uma edição especial de carrés.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

MÁXIMA DO DIA Françoise Sagan

Para os dias de retorno à feminilidade, um lembrete aos (ufa!) retrossexuais, caso eles tenham se esquecido da função de uma peça de roupa essencialmente feminina:

"Um vestido só faz sentido se inspirar um homem a despir você."



(“A dress makes no sense unless it inspires men to take it off you.”)

FANTASCHIC Marilyn Monroe

Foto de Sam Shaw (Rex Features): ele fez a famosa foto do vestido sob o ventinho do metrô.

Marilyn parece ser certa agora.

Uma certa naïvité. Uma certa sensualidade. Curvas até nos cabelos ondulados. E o batom + colar?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

MÁXIMA DO DIA Bouchra Jarrar

"Amo todos as funções na moda - as pessoas que criam, que cortam, que fazem as peles, os couros. Estou sempre com eles. Eles são os verdadeiros fazedores da moda."

A estilista francesa é a boa nova da semana de moda de alta costura, Paris.


(“I love every job in fashion — the people who are creating, the people who cut, those who do the furs, the leathers. I’m always with them. They are the real ones doing fashion.”)

domingo, 11 de julho de 2010

ROUPAS DO OFÍCIO segunda-feira de vermelho

Céline, pré-inverno 2010

Talvez a culpa seja da vitória da Espanha - um jogo que eu não vi -, mas o vermelho está no ar e segunda-feira parece o dia perfeito de usar uma cor que levanta até os times mais inesperados para o primeiro lugar.

À Lacroix e Balenciaga, dois amantes (e que outra palavra cabe para essa cor?) do vermelho-sangue.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

BELEZA PURA vilãs!

Malévola - e nunca Bela Adormecida e afins - é minha heroína.

Linda, chic, com voz rouca - é tudo o que uma mulher quer ser minus o rancor e os chifres.

Faz todo o sentido, então, as rainhas más inspirarem uma coleção de produtos da MAC.

São elas:
- Cruella de Ville, de 101 Dálmatas
- Dr. Facilier, de A Princesa e o Sapo
- Madastra Má, de Branca de Neve
- Malévola, de Bela Adormecida


Disney Venomous Villains: coleção não chega ao Brasil

Do WWD:
São 40 tons - entre 12 e 29,50 dólares.

Os produtos da Rainha Má e da Cruella de Ville consistem em tons de vermelho e pêssego. Os da Malévola, roxo e preto. E Dr. Facilier, “Magically Cool Liquid Powders”, um pó extra-leve.

ps. amigas em NY? O jeito é encomendar. Nas lojas a partir de 30set.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A TEORIA da alta costura prática

Alta costura é muito fácil de se amar.

Para qualquer dedicada seguidora da moda - não necessariamente consumidora da roupa de ateliê -, a alta costura é a realização do momento Cinderela. Não pelo vestidão, mas pela fada madrinha (estilista) e pelos hábeis ratinhos (costureiras) que constróem uma roupa feita sob medida para o seu corpo/proporções. E, com sorte, para o seu tom de pele, modos, postura, blá, blá. Para você.

É o objetivo da roupa em si: uma embalagem uau que promete um conteúdo idem. A razão de ser da moda e do ofício do estilista. O resto é pastiche.

Insistir que a alta costura obsoleta é matar o modelista, as costureiras, os bordadores, os alfaiates e toda a cadeia artística necessária que faz da moda não apenas uma imagem (ou você pensa que é uma bonequinha de papel vestindo roupas de papel?), mas uma peça tridimensional com uma função muito superior a chatice eterna da busca pelo status- da grana, da novidade.

Por aqui, estilistas que amam o ofício da costura (André Lima, Ronaldo Fraga - que fez um desfile-ode às costureiras) lidam todo dia com a falta de gente para transformar suas ideias em roupas viáveis e vestíveis. Marcos Ferreira, que é capaz de apontar a diferença entre alfaiataria da escola alemã e da escola inglesa (eita!), diz que está cada vez mais difícil encontrar bons alfaiates. Sem gente que saiba deixar um ombro impecável (Chanel era inimitável, como Lagerfeld lembrou no curta para a coleção Paris-Shanghai e José Gayegos, modelista-mór entre nós, confirma), não há Saville Row nem elogios à alfaiataria de Stella McCartney.

PARIS-SHANGHAI : A FANTASY
THE TRIP THAT COCO CHANEL ONLY MADE IN HER DREAMS.
Karl Lagerfeld, dez2009



A questão é como mantê-la relevante - não apenas só uma espécie de post it de como a moda funciona na base, antes de ser mercado de massa - e muito além do baile?

Uma geração de novos costureiros está atrás da resposta. E Alexis Mabille, que eu entrevistei para a Vogue justo numa história justamente sobre a haute, no desfile de ontem (5jul) em Paris, chegou muito perto (senão à) da resposta.

Inspirado talvez pelos tempos de cintos apertados (não que crédito seja um problema dessa clientela - uma peça dele custa, média, 8 mil dólares), Mabille fez um desfile de separates - a calça, a blusa, a saia, o casaco - que, styled de diferentes jeitos, multiplicam o look.

Quão banal, cotidiana, pode ser essa ideia?

Não satisfeito, Mabille desobedeceu as regras do jogo e desfilou a mesma peça mais de uma vez, num "assim ou assado" que pode ser ainda mais multiplicado em casa.




















A nova moral da história são peças-investimento. Sai o "use apenas uma vez no baile do Crillon", entra o "use muitas vezes". Não importa se você não tem 8 mil dólares.

Para quem deseja uma vida de alta costura (dá para esquecer os editoriais da Vogue América com a modelo fazendo compras no mercadinho metida num longo Lacroix ou enchendo o tanque de gasolina num monumental Dior?), essa é a alta costura da vida real. Um lembrete da função original da roupa - e da importância de ser bem feita. Ou como diz aqui Inés de la Fressange: uma casa de tijolos no lugar de uma cabana pré-fabricada.

Onde você prefere morar?

ROUPAS DO OFÍCIO terça-feira de vestido de couro e meiota dancin' days

Cynthia Rowley

Nunca é tarde para começar um dia de trabalho, certo? Para quem se sentiu, como eu, feito Calvin (Calvin and Hobbes), preso pelas cobertas, aqui vai a rebeldia do dia: vestido de couro, tipo põe e pronto e sandália com meias curtinhas de lurex - para indicar, discretamente, que sua vontade é não trabalhar. Couro é bom (sorry, Stella, não cheguei ao seu grau de evolução), cumpre bem o papel médias temperaturas, fica chic e reina na próxima temporada. Então, você chega antes e já fica quits o ciclo da moda quando ela vier...

ps. Da última vez que chequei, ainda temos essa liberdadezinha, não, de expressar discretamente os desejos?

domingo, 4 de julho de 2010

ROUPAS DO OFÍCIO segunda-feira com twist na camiseta & saia-lápis

Thakoon, pré-inverno 2010

O segredo é o peso das botas num look que seria bobo.

O que eu gosto é que significa que você foi recrutada para o trabalho - às vezes segundas podem ser odiáveis!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

ROUPAS DO OFÍCIO sexta-feira de tweed

Giambattista Valli, pré-inverno 2010

Ha! No retorno cinquestista, como não amar o retorno do tweed? Tem uma elegância lady timeless, Chanel de Westminster (oops!) aprovaria, a sobrevivência em temperaturas temperadas também agradece (me desculpem quem vive acima do trópico de Capricórnio).

O melhor é que, quando a textura é o tema principal do roupa, nenhum outro esforço de imaginação é necessário. Vá simples, Valli ensina.