domingo, 24 de outubro de 2010

FANTASCHIC lenços como gravuras

Herança é a novo mood da moda.

Ter um rastro, uma origem, um "de onde vim" – quase como quem pergunta "qual o seu sobrenome?" – funciona como atração na hora da compra. Dá significado, imprime classe, transmite confiança. Especialmente para os consumidores que precisam de uma estirpe para justificar o uso do cartão de crédito.

Então é que as casas estão lançando versões modificadas dos tesouros do seu arquivo. A Gucci vem com as New Jackies e aposta no uso da alça de bambu. A Vuitton traz de volta carteiras de couro simplérrimas, tão 70 e tão antigas quanto o monograma.

E a Dior me sai com essa ideia que é, bem, uma obra de arte (ai, desculpem o clichê). São três lenços de seda com estampa de René Gruau, ilustrador colaborador da maison nos anos 50 (quem comprou recentemente perfumes Dior deve ter recebido os cartazes originais de Gruau para cada um dos títulos perfumados).

Gruau é um velho amigo meu, se é que vocês me entendem. Comprei um vestido de André Lima estampado com uma ilustração dele (André é antropofágico, vocês sabem).

Também tenho um cartaz antigo para uma marca de bolachas (tipo maisena) e me dei uma litogravura assinada dele.

eNão preciso de estirpe, mas preciso de Gruau. Por isso, esses lenços vão parar, embora eu use muito lenço na cabeça, nas paredes de casa. Não seria fino falar em cifras, mas prometo que é um investimento viável e com retorno para muitas gerações.




quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 07

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Camiseta? De gaze de seda feltrada, Fernanda Yamamoto. Saia? Fernanda Yamamoto. Sapato? Ciao Mao.

Qual a melhor ideia do look? A camiseta nada básica.

domingo, 17 de outubro de 2010

FANTASCHIC escolha de pulso



Há uma boa e nova leva na linhagem de Jean Schlumberger para Elsa Schiaparelli. Delfina Delletrez - autora do bracelete da foto - está entre elas. Entre nós, Julia Monteiro de Carvalho flerta com o surrealismo de forma preciosa.

(cortesia Jak&Jil)

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 06

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Vestido? Betsey Johnson. Tênis? Adidas.

Qual a melhor ideia do look? O vestido “bicho de pelúcia” para os dias mais frios.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 05

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Colete? Urban Outfitters. Top? Hering. Saia? Julia Valle. Sapato? Ciao Mao. Clutch? Daniella Zylberstjain.

Qual a melhor ideia do look? Servir para uma reunião mais formal.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 04

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Vestido? Tarcisio Almeida. Tênis? Adidas.

Qual a melhor ideia do look? Vestir os amigos é sempre um prazer.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 03

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Vestido-casaco-quimono? Fernanda Yamamoto. Tênis? All Star.

Qul a melhor ideia do look? A peça confortável e ultraversátil.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 02

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.



Usa: Blusa? Flavia Aranha. Vestido? In.Use. Colar? Rosely Kasumi. Brinco? TUN. Tênis? Adidas.

Qual a melhor ideia do look? A camisa que virou vestido

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

CULTURA DE MODA Cecil Beaton no meio do caminho

Há três semanas, estive em Salvador para abrir o Pense Moda, a convite de Camila Yahn e de Paulo Borges.

Em pauta, o processo de criação da Mag!. Paulo Martinez, editor de moda, e Graziela Peres, diretora de criação da revista, mostraram da partida ao resultado de 90 páginas (diminuídas agora para 60) de editorial de moda, mais das matérias e da capa.

Processos, sempre achei, podem ser tão atraentes quanto o resultado final. Não raro, mais. Saber que caminho alguém faz para chegar até "lá" é a melhor viagem. Rascunhos, rabiscos e ensaios podem não valer tanto quanto a obra final, mas expõem uma imperfeição e uma busca de que, ufff!, é sangue na veia. O resultado perfeito camufla o esforço e os desvios de raciocínio e causam a falsa impressão de que a ideia veio pronta, sem esforço, de berço. A imperfeição é fascinante.

Paulo Martinez contou que parte do seu repertório, muito além de quem carrega história de moda, vem de filmes, música, fotógrafos passé. Pra realizar um editorial, produz páginas e páginas de recortes que possam ajudar na construção de uma foto. Na edição sobre Berlim, por exemplo, da série metrópoles mundanas, Martinez juntou referências de Bauhaus e fotos de Hitler, de onde vem as poses da modelo. Como se diz em inglês, you get the picture.

Alguém na audiência perguntou, anonimamente, se Martinez pensava em transformar em livro essa coleção de colagens. Martinez - como é de praxe às pessoas que são de verdade e não que projetam uma imagem do vazio - respondeu com modéstia e sem afetação que este é um material pessoal, como quem não vê um valor maior ou público do que aquele de ajudar um editor a construir uma história.

A história pode ajudar a pensar diferente.

A Assouline, por exemplo, acaba de publicar Beaton - The Art of Scrapbooking. O livro resume, em reprodução, páginas de 40 dos 100 cadernos que o fotógrafo, ilustrador e homem-chave dos glamour years produziu entre 1930 e 1960.



O material, posse da Sotheby's londrina, é nada mais do que uma colagem (intelectual e estética) de fotos informais de Beaton, um dos âncoras da Vogue e da fotografia de moda, desenhos, copiões, recortes, bilhetes, cartas. Enfim, reflete o samba do inglês doido e chiquérrimo que foi de Beaton (imperdíveis as fotos de Greta Garbo, com quem ele tentou manter um romance menos hollywoodiano).

No prefácio brilhante de James Danziger, fica clara a relação entre imagem, memória e sentimento. "Beaton cultivava seu olhar de curador curioso", escreve Danziger.

No começo, sua obsessão por poses antinaturais e altamente estudadas, que resultaram em fotos cênicas, foram motivo de piada. Mas foram lei até a naturalidade/espontaneidade de Richard Avedon e de David Bailey suplantarem seu olhar. Na verdade, o mundo forjado pré-60s virara demodé. E o olhar de Beaton, um fotógrafo que viveu pelos seus olhos, como ele dizia, não fazia muito sentido no admirável mundo novo e beatnik dos anos 60/70. Mais tarde, ele regularia novamente sua lente para o presente e daria uma nova visão para a fotografia, agora publicada pela Bazaar.

Algumas de suas descobertas, no entanto, parecem oportunas de novo - agora que vivemos um replay de 100 anos.

Se você viu Inés de la Fressange resgatada por Karl Lagerfeld na passarela da Chanel, vai encontrar sabedoria numa das frases de Beaton (aliás, autor de livros ótimos. EU li The Glamour Years): "Basta de colocar a moda nas mãos de modelos que sobrevivem até o momento em que seus rostos começam a demonstrar alguma personalidade".


Mais e mais o Pense Moda vira mais necessário do que corretivo no dia seguinte do baile:

aqui

A SEMANA COM Fernanda Yamamoto - dia 01

Fernanda Yamamoto apareceu um pouquinho no Fashion Rio e gente feito Erika Palomino achou que tinha algo ali que merecia ser mais e mais mostrado.

Depois a moça sumiu da cena "hype" (alguém pode, por favor, assassinar essa palavra?), no que ela fez mais do que bem.

Fernanda se concentrou na suave e discreta transição do tridimensional da arquitetura para a tridimensional roupa. Na roupa, ela aprendeu a dobrar e a desdobrar - não só criando volumes outros, mas fazendo uma peça ter mais de um uso (o vestido-camisa-casaco ou o vestido 1-2-3).

Numa prova de que não funciona apenas num comprimento de ondas curtas, Fernanda abriu uma loja genial e linda (projeto dela) na Vila Madalena. Ali moram estilistas frescos na profissão, sem grana para ter espaço próprio, mas com fôlego para correr feito hamster na engrenagem do comércio.

E Fernanda entrou para o SPFW. E todo mundo achou genial.

Fernanda, no entanto, me intriga porque nada parece maior para ela do que descobrir como a gente pode morar numa roupa e de que forma essa roupa vai se relacionar com a cidade. Não é no estereótipo da roupa urbana, aquela que vem preta, com tachas, seca _ uma visão de que a vida na cidade é dura, amarga. E ponto.

Eu desconfio que ela busca uma alternativa (não perguntei, mas vou perguntar para não morar na suposição). Um jeito doce de ser urbana, sem cair na nostalgia, no hippismo, no campestre. Fernanda se veste de um jeito de quem leva uma vida intensa no asfalto, mas não se deixa atropelar por isso.

Por isso eu gosto tanto da primeira foto dessa semana, uma afirmação de que há muito mais do que o concreto entre nós.

Fernanda Yamamoto, estilista

Usa: Casaco? Hussein Chalayan. Bolsa? Daniella Zylberstjain. Sapato? Ciao Mao.

Qual a melhor ideia do look? A bolsa super-prática para levar em viagens.

sobre todas as coisas

Ufff!

Parece uma eternidade desde que eu passei a última vez por aqui.

A vida, então, era outra.

Eu tinha uma avó querida, a Maria Celeste, que a vida toda me chamou de Sissi.

Eu não tinha brincos de princesa despencando da janela da cozinha. Nem minigardênias exalando um cheirinho danado de bom da janela do meu banheiro. Nem lantanas na janela do outro banheiro. Nem um jasmim branco que, um dia, eu espero, seja gigante. (sim, eu virei uma jardineira fiel nesse intervalo)

Minha irmã do meio não tinha arrumado as malas para estudar em Londres. E minha amiga Consuelo não tinha blog.

Foi tanto tempo que eu até pensei que nem sabia mais escrever algo aqui. Tantas perdas - aparentemente nem tantos ganhos – que eu torci o nariz para falar de temporada (e daquela outra palavra que também começa com T e me causa calafrios). Porque menos e menos eu acredito em maria-vai-com-as-outras. Prefiro as marias-sem-vergonhas.

Eis que hoje eu sento para ver Stella McCartney, a quem eu sempre recorro em busca de uma esperança para o closet (o meu, aliás, vem encolhendo em proporções geométricas, para alegria das amigas. Daqui a pouco, eu penso, não poderei sair de casa a não ser para dois tipos de compromisso: ioga ou festa-baile. Todas as gamas de compromissos cinza entre a ponta branca e a ponta preta estão desfalcadas.)

Quando Phoebe Philo (gêmea estética de Stella, aliás) fez as camisetas de couro para a coleção do tipo "bingo!" da Céline, eu desabafei dizendo que queria uma versão denim, mais prática, leve e pertinente para a temperatura daqui e do agora.

Stella entrega a peça no verão 2011.



É um sentimento esquisito (para os outros, imagino) enxergar que a vida se renova numa camiseta denim. Mas se há um sentido maior e um sentimento mais atávico para o meu gostar de moda ele é o cruzar de dedos que a vida pode melhorar e ficar mais bonita logo mais.