sábado, 31 de maio de 2008

Casa de criadores - Moda na real - dia 3 - take 5


Carolina Vasone, jornalista

Usa: Vestido? Maria Bonita Extra. Casaco? Alexandre Herchcovitch. Bota? Banana Republic. Bolsa? Marc by Marc Jacobs. Camiseta? Gap. Colar? Fabia Bercsek.

Por que escolheu esse look? É preto (eu engordei quatro quilos).

Qual a melhor idéia dessa produção? Tem babadinhos, para eu me sentir feminina. Tem um toque de alfaiataria masculina. E bota, para eu me sentir poderosa. Em resumo, tem misturinha de masculino com feminino coquete.

Você se veste para ... ser quem eu sou. Ou não.

Onde reabastece o closet? Depende. Em viagem: em brechó, H&M e lojas desconhecidas. Algumas peças na Marc Jacobs. Aqui, depende do que eu preciso.

Casa de Criadores - Moda na real - dia 3 - take 4


Milene Chaves, jornalista

Usa: Tiara, Accessorize. Jaqueta e suéter? Zara. Calça? Maria Garcia. Sapatilha? Maria Bonita Extra. Bolsa? Elisa Atheniense. Brincos de brilhante? Ganhei de aniversário da minha mãe no ano passado. Batom? Vermelho Dia, O Boticário.

Por que escolheu esse look? Para combinar com o dia cinzento e agüentar uma sexta-feira-batidão - eu sabia que passaria o dia de pé e que voltaria tarde para casa. "Calça confortável e sapatilha já", pensei, às 7h30 da manhã.

Qual a melhor idéia dessa produção? A jaqueta - eu chego e ela chega primeiro. Não preciso de mais nada. Sem ela, o look ficaria boring. Desde que comprei não consigo parar de usar. Gosto de usar couro - não sei explicar por quê. E o batom também ajuda.

Você se veste para ... que minha mãe não diga: "Milene, você está parecendo uma judas". Hahaha.

Onde reabastece o closet? Sempre: na Elle et Lui, Lacoste, Cordobán, Maria Bonita Extra. Mui raramente: Mixed, Gloria Coelho, Alexandre Herchcovitch. E acabei de aprender, com a Victoria Ceridono, a comprar em brechó. Fui no Juisi. Nas soldes, reabasteço mais. Mas eu não consigo mesmo é me livrar da Zara. Eu tô passando perto e ela me puxa!

Casa de Criadores - Moda na real - dia 3 - take 3


Alexandra Farah, jornalista

Usa: Calça? Marc Jacobs - é Marc mesmo, tá? Sapatos? Huis Clos. Mandei cortar o bico, que era enorme. Bolsa? Luella. Top de couro? Beneducci. Foi presente da Marilia Gabriela. Falei pro Theodoro, filho dela: 'Tem certeza?'. Ele disse que o que ela já usou não volta mais a usar. Eu respondi: "Mas a sua mãe vê desfiles. Ela tá ligada que isso é bem Balenciaga?'. Olha os ombros se não é isso!?!

Por que escolheu esse look? Estou fazendo muitas tentativas de usar essa calça de cintura alta. Paguei 250 dólares por ela!! Odeio calça de cintura alta - odeio tudo que é supérfluo. Pra que esses cinco dedos a mais no cós? Você sai, bebe e depois isso fica te apertando...

Qual a melhor idéia dessa produção? O top - é a estrela do meu armário!

Você se veste para ... ser sexy, para me sentir bonita.

Onde reabastece o closet? Nossa! Da Luella, passando pela Lojas Marisa até a Forever 21, que é sempre 10 dólares mais barata do que a H&M.

Casa de Criadores - Moda na real - dia 3 - take 2


Chris Campos, jornalista

Usa: Jaqueta? Comprada em Shibuya, bairro de Tóquio. Camiseta? Cori. Calça? Zara. Bota? (da multimarcas) Generalli Shoes. Colar? T. Arrigoni. Bolsa? Uncle K. Esmalte? Maxi, da Colorama.

Por que escolheu esse look? Para ficar quentinha, porque está muito frio. E porque tenho que ter um bicho por perto: estampa de onça, pêlo...

Qual a melhor idéia dessa produção? A jaqueta, que é felpuda!

Você se veste para ... arrasar!

Onde reabastece o closet? Bazares, Studio Pilar e onde tiver um desconto amigo.

Casa de Criadores - Moda na real - dia 3 - take 1


Andrea Garcia, estilista

Usa: De jaqueta de 5 reais a escarpins de 560! Jaqueta? De bazar de igreja. Calça e blusa? Studio Pilar (nota da Sissi: a marca dela). Suéter de cashmere, comprado no Uruguai (nota da Sissi: terra da família da moça e onde ela passa férias, num baneário recluso que tem tudo da Riviera francesa nos anos 1920). Bolsa? De bazar, por 50 pila! Escarpins, NK Store.

Por que escolheu esse look? Porque é confortável. Faz parte da teoria Pilar: vista-se de dia e vá para a noite.

Qual a melhor idéia dessa produção? O conforto.

Você se veste para ... ser vista.

Onde reabastece o closet? Em qualquer bazar de igreja - sou compulsiva e muito boa nisso.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Casa de Criadores - dia 2 - shopping list

PEÇA SEIS: VESTIDO DE BRECHÓ
Então o coletivo p´tit tem um acervo daqueles: os menino+as saem mundo afora comprando o que tem de melhor e 'acervando' tudo. Explico: esse vestido de algodão enrugado foi encontrado em alguma arara brecholenta de alguma cidade dos Estados Unidos. Caiu na mão deles, ganhou nova modelagem, as franjas de viscose, a renda no busto e, bingo!, tá prontinho para você ser a hostess de seu aniversário 'p´tit' comité. "É peça única", avisa Leonardo Negrão. Ah, sobre o resto do acervo, esse, infelizmente, invendável: peep-toe branco de salto e tornozeleira, com cabedal furadinho; sandália pink com cabedal bem curtinho (deixa os pés extradelicados); chanel bronze, bem 1920s. Alguém se habilita a produzir esse trio?


Vestido de algodão e tingimento tipo tie-dye, ainda sem preço: Carol calcula para sabermos, por favor!

p´tit, na Rua Moacir Piza, 95, tel. 11 3081 7733, coletivoptit@gmail.com

PEÇA SETE: BOMBER
Um-hum,u-hum,u-hum, bomber-e-perfecto-são-obrigatórias-no-inverno. Mas e no verão, que fazer? Comprar uma versão em tricoline do João Pimenta (yes, darrrrlings, é desfile masculino, mas a bomber já virou unisexversal, não?). Repare na cor de camelo, que é chiquérrima. Entra linda no lugar de um paletó ou sobre um vestido mais margaridinha. E o João, além de ter modos de gentleman e voz idem ao telefone, ainda comete a gentileza de não superfaturar nosso cartão de crédito.


Bomber de tricoline, R$ 170

PEÇA OITO: MACACÃO
Disse o Vicente Negrão, sentado ao meu lado no desfile, que macacão é uma peça linda mas difícil de usar. Vicente, assessor de imprensa da Carolina Ferraz, só pode mesmo saber o que diz. A gente se desacostumou da peça inteiriça e, mesmo os estilistas tentando emplacar isso há umas boas três estações (e ainda ongoing project), a gente não captou direito o modo de usar e por isso não se entrou da cabeça ao pés no macacão (eu tenho um macacão mais curto, do verão Maria Bonita, coleção Jardim Botânico, que ainda não usei de um jeito a me dar por satisfeita). Pena. Mas essa peça do João é um total recall da elegância setentista. Alguma edição recente da ELLE Itália trouxe uma peça gêmea (atenção, não estou acusando ninguém de plágio, pelo contrário, benzadeuses a coincidência) usada com uma bolsinha Hermès e plataformas. Bom que só. E não se melindre pela peça estar em um desfile masculino. Ela é feita para acinturar - e, aliás, com um elástico atrás que, apertado, deixa a cintura alta. "Fiz umas faixas tipo smoking do mesmo tecido e dá para usar também", diz João, o gentleman. "E como tem as pernas largas, fica bem bacana com saltos", recomenda.



Macacão de tricoline, R$ 270.

João Pimenta: Rua Mourato Coelho, 676, tel. 11 3034 2415, pimentajoao@uol.com.br

Casa de Criadores - Moda na real - dia 2 - take 3

Adelaide Ivánova (Ivi), fotógrafa

Usa: Casaco de jacquard? Ganhei de uma amiga. Tá com um buraco no 'suvaco'! Vestido? É de uma loja do Bom Retiro (olha a etiqueta): Eva Bella. Sapatilhas? Arezzo. Estou sempre com elas quando trabalho. Pulseiras? De um amigo de mamis e Francesca Romana. Esmalte? Da coleção do Reinaldo Lourenço para Risqué.

Por que escolheu esse look? Para usar a roupinha que o Jorge me deu de aniversário - até raspei as pernas!

Qual a melhor idéia dessa produção? O shortinho de Carla Perez, lycrérrimo, por baixo.

Você se veste para... tenho me vestido bem para me sentir bem no trabalho – se estou bonita, trabalho melhor.

Onde reabastece seu closet? No brechó Varal do Beco, na Cardeal Arcoverde, e na C&A, onde tenho dívidas eternas.

Casa de Criadores - Moda na real - dia 2 - take 2

Ana Lucia Zambon, consultora de imagem

Usa: Casaco? Menina, não sei! (olha a etiqueta). Nossa, é Equilíbrio! Vestido? Daslu. Meia? American Apparel. Sapatilha? Prada. Bolsa? Chanel. Esmalte? Tomate, da Impala – o mais vendido do Brasil. Brincos? Jacqueline de Mari.

Por que escolheu esse look? Eu amo esse vestido porque é marinho. Tá velho, mas eu amo.

Qual a melhor idéia dessa produção? A meia, porque não gosto que cubra o pé, fica meio legging e é marinho.

Você se veste para...me exibir, ué?!

Onde reabastece seu closet? Em qualquer lugar onde tiver algo para comprar.

Casa de Criadores - Moda na real - dia 2 - take 1

Patrícia Gomes Cardim, estilista

Usa: 100% Santa Violeta, que é a minha marca. Bolsa? Chanel. Brincos? Edu Osako. Anéis? Idem e H.Stern.

Por que escolheu esse look? Me vesti correndo, na loja, porque a calça de veludo marinho que eu estava usando rasgou depois que eu fiz ume peripécia!

Qual a melhor idéia dessa produção? A cintura alta com esse obi acoplado.

Você se veste para... mim mesma – eu acho?

Onde reabastece seu closet? Há dois anos,desde que eu abri a loja, não compro mais roupa. Desde os 15 eu mesma faço as minhas peças, com a mesma costureira. E sapatos, compro na Daslu.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Casa de Criadores - dia 1 - shopping list

No Dior ontem, mas uma listinha de compras - ah, isso sim, sempre!

PEÇA UM: VESTIDO-LENÇO
Embaladinha por Elis Regina, a Diva, de Andrea Ribeiro, veio feliz de vestido-lenço - sooooo Hermès. De seda, com desenhos de lenços originais da década de 1970, que Andrea pesquisou em um livro de época e mandou estampar. "Para dar mesmo a cara de lenço, com aquele barrado, optei por não fazer estampa corrida e sim no formato da peça (carré)", ela me contou. Na passarela, ele parece trop-curtinho, mas diva que é diva não entrega tantos centímetros de corpo. Portanto, medida oficial: um pouquinho acima dos joelhos. Você já se enxergou em Capri, de gladiadoras, oui? Eu também! A gente vem num arrastão de anos 1970 - com calça de boca larga, cintura mais alta, plataforma meia-pata, poncho, colete, blablabla -, mas vestido-lenço não me lembro de ter visto, não.


Vestido-lenço de seda com estampa exclusiva, R$ 559.

PEÇA DOIS&TRÊS: VESTIDO 50S + CINTO DE CORRENTE
Outra peça-graça é o tomara-que-caia com decote de coração (quadrado!) de seda e linho - um tecido novo que Andrea está experimentando. "O bacana é que o caimento não é tão durinho quanto se fosse só o linho", explica, sobre o modelo mais 50s, direto do começo de carreira de Elis. Acho bom porque tem uma elegância discreta e é feminino demais sem ser um bolo-de-noiva - digamos uma releiturinha sintética da época. Fica o espírito, saem os metros de tecido.

Pena que não temos foto mais próxima: o cinto, todo de correntes - inclusive a fivela - é lín-di-mo! Tem um versão mais pesada, mas essa fininha, é na medida justa.


Vestido de linho e seda, R$ 459. Cinto de corrente de metal, R$ 149.

Girrrls, as peças entram na loja a partir de setembro.

A Diva fica na Alameda Lorena, 578, tel. (11) 3884 7246. Mas ela está espalhada em 70 pontos Brasil afora. Para saber onde, mande um email para ela: andrea@divadiva.com.br


PEÇA QUATRO: CALÇA CENOURA

Sim, a temporada de cavalos baixos vem aí a galope. E esse exemplar, de cintura alta, resume a silhueta por aí afora. É larga nas coxas e afunilada na barra. O cós é alto, a cintura, idem. Mas mal os anos 1970 entraram na moda, pra quem é de moda eles já eram. "Minha proposta é usar desabada nos quadris, bem masculina mesmo, como a modelagem cenoura é originalmente", diz 'Gus', para os íntimos.


Calça de linho, R$ XXX (gente, o Gus estava sem o preço. Assim que ele me passar, eu atualizo!)


PEÇA CINCO: MICROTÚNICA
Se você é 1970, mas não faz o tipo diva-lenço Hermès, pode fazer o gênero étnico com essa microtúnica. O mais bacana é a história das estampas. A caminho da costureira, cujo ateliê fica no Campo Limpo, Gustavo se acostumou a clicar com o celular as pinturas de carroceria de caminhões antigos que transitam pela Marginal (essa história de pintar a carroceria de madeira é uma arte feita a mão em extinção - genial essa idéia!). "O Brasil tem uma raiz africana e isso acaba aparecendo quando a gente menos espera", diz o estilista, que se surpreendeu com o efeito yorubá-banto, resultado das 35 mil viagens, em três séculos, entre África e Brasil, ao juntar as várias pinturas.


Microtúnica de malha de bambu, R$ XXX: essas peças estampadas terão etiqueta Tarântula por Gustavo Silvestre

ps: atenção para os cabelos, presos de um lado e ondulados do outro! Denise Dahdah, editora de moda e beleza da Quem, e moi même amamos (mas nem por isso vamos fazer alongamento!)

Coleção nas lojas a partir de setembro. A etiqueta Gustavo Silvestre mora nas araras do Acervo Benjamim (Oscar Freire, 512, Jardins, tel.11 3060 8333) e na Ellus 2nd Floor (Oscar Freire, 990, tel. 11 3061 2900; Garcia D´Ávila, 73, tel. 21 2522 7649). Ou você manda um alouuu por email: gustavo.salima@bol.com.br

PEÇA SEIS: CAMISETA COM DECOTE V E ESTAMPA DE FLOR
Sim, o desfile é masculino, mas se a gente já roubou o cardigã, o jeans e os oxfords deles, por que não uma camisetinha assim, singela, com flores do campo? De algodão, tem várias estampas (orquídeas, por exemplo) aumentadas e modificadas para dar um efeito "sobressaltado" - a escolher: o Marcelu (fala-se MarcelU, acento no 'u', por favor) Ferraz faz flores e modelos sob encomenda. "Tem uma modelagem, com V na frente e nas costas, que é um arraso."


Camiseta de malha, R$ 80: lavagem para ficar com efeito usei-tanto-e-não-consigo-deixar-de-usar.

Para ter a sua, é só ligar para o Marcelu: 11 7605 1801. Ou mandar um email: marceluferraz@gmail.com. Ou passar no apê-loja dele: Rua Pedro Taques, 61, ap. 07, Consolação.


(fotos: Paulo Reis)

Casa de Criadores - Moda na real - dia 1 - take 3

Cris Gabrielli, personal stylist

Usa: vestido? Maria Bonita Extra. Xale? Comprado em alguma viagem. Bolsa? YSL. Sapatilha? ShoeStock. Pulseiras? Herdada da minha sogra, comprada no México e duas da Banana Republic. Anéis? Antonio Bernardo. Brincos de pérola? Foram da avó do meu marido - ganhei no dia em que a gente decidiu se casar. Esmalte? Tinto, da Colorama.

Por que escolheu esse look? Para levantar meu astral.

Qual a melhor idéia dessa produção? A mistura de cores - não teve uma pessoa que não comentou como ficou legal.

Você se veste para... me sentir bonita!

Onde reabastece seu closet? Huis Clos, Maria Garcia e ando num affair com a NK Store. E em viagem, muito! Não sou do tipo de pessoa que compra muito. Já viajo com idéia do que comprar. Tenho poucas coisas que uso muito - tenho fobia de guarda-roupa abarrotado. Por isso, faço um shopping list da estação: só compro o que preciso.

Casa de Criadores - Moda na real - dia 1 - take 2

Marcia Fonseca, assessora de imprensa

Usa: saia tulipa? Maria Garcia. Jaqueta bomber estilizada? Giselle Nasser. Sapatilha? Luiza Barcellos. Écharpe? Renner.

Por que escolheu esse look? Comecei pela saia, que eu adoro. Tenho procurado peças com modelagens interessantes e essa saia tem um corte diferente. E ainda disfarça essa região.

Qual a melhor idéia dessa produção? A jaqueta! Ela moderniza tudo!

Você se veste para... me sentir bem e para passar uma imagem chic e atual.

Onde reabastece seu closet? Maria Garcia, Ronaldo Fraga, Giselle Nasser, Zara, Maria Bonita Extra, Ellus.

Casa de Criadores - Moda na real - dia 1 - take 1

Fernanda Resende, personal stylist
Usa: vestido? Huis Clos. Bolsa? Marc Jacobs. sapatilha? Maria Bonita Extra. Brincos tipo solitário? Comprados na 25 de Março.

Por que escolheu esse look? Porque é confortável e fresquinho.

Qual é a melhor idéia dessa produção? O pink! A cor forte se basta..

Você se veste para... sorrir na frente do espelho - é a medida certa!

Onde reabastece seu closet? Só em liquidação - as roupas estão muito caras! Ou então tem que juntar para comprar um vestido de mil reais por estação.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Dener, o luxo


Dener no Copa: ahhh, o próprio luxo!

Faz uns sete anos eu ganhei a autobio de Dener, que tem esse título fantástico, da minha mãe. De 1972, oito anos antes de ele morrer, foi comprada em sebo. Foi o começo de uma obsessão por ele. A CosacNaify relançou o livro- com a vantagem de ter fotos como essa. Clique aqui para saber mais.

(Na orelha de 1972)
"Dener conta sua vida. Aparecem seus amores, a história do seu casamento, sua opinião sobre Clodovil e outros costureiros. Há conselhos para mulheres elegantes e deslumbradas. E a receita da mulher-luxo. Há matéria suficiente para dar muitos meses de assunto a cada leitor.

O autor fala de suas relações com antigos governantes e com gente importante em todas as áreas. Nomes famosos desfilam em cada página para satisfazer a curiosidade do grande público. Aí estão suas opiniões sobre programas de televisão dos quais faz parte, sobre mulheres da sociedade e sobre homens de negócios.

Neste livro aparece a história de um homem que venceu em uma profissão onde só brilham grandes estrelas. Toda a sua vida desde que encontrou uma mulher em um lotação no Rio de Janeiro, até quando venceu concursos internacionais de alta costura, disputando com os maiores nomes da Europa.

O leitor vai conhecer o dia-a-dia de uma celebridade que não pode andar nas ruas sem se ver cercado por multidões, de uma personagem que faz muita gente rir, e muita gente pensar.

Dener Pamplona de Abreu faz a caricatura do personagem Dener, e sabe dizer muita coisa séria, até quando analisa com frieza os fatos em que ele próprio está envolvido.

Por tudo isso, Dener - o Luxo será seguramente um dos maiores êxitos de livraria dos últimos tempo."

Adoro o eufemístico "relação com antigos governantes". Dener foi o costureiro oficial de Maria Teresa Goulart, a mulher do presidente 'comunista', João Goulart. Em 1972, tempos de Médici, que Zuenir Ventura chama de obscurantismo em 1968 - o Ano que Não Terminou, não ficava bem falar de boas relações com antigos governantes. Mas a moda pode ser apolítica - mesmo que seja apolítica só de fachada - e Dener vestiu Yolanda Costa e Silva, mulher do "mais simpático dos cinco ditadores que governaram o país de 64 até sua abertura, e infinitamente melhor do que os três colegas que o sucederam na Junta", diz Zuenir.

Gosto de uma pensata de Affonso Romano de Sant´Anna, ainda nas páginas de 1968: "certos governantes adquirem a cara dos movimentos culturais de sua época: Jango era o CPC - Centro Popular de Cultura -, Juscelino, a Bossa Nova, Costa e Silva, o Tropicalismo, Sarney, o Pós-Modernismo, o vale-tudo. O marechal que governou o país entre meados de 1967 e meados de 1969 era realmente tropicalista, pelo menos no que o movimento teve de exaltação dos modos e valores cafonas. Mais do que o irracionalismo que estimulou, o movimento de Gláuber, José Celso e Caetano ficará devendo ao desenvolvimento estético do país essa supervalorização do kitsch, graças a qual o provincianismo, a mediocridade e o arcaismo iriam ganhar, daí para a frente, status cultural e político - e, seguidas vezes, o poder."

Dona Yolanda pode ter recorrido ao costureiro-luxo para adquirir algum verniz, mas ela jamais chegaria à ponta do escarpim de Maria Teresa - a única primeira-dama fashion que o país teve desde a proclamação da República.



Desenho de Dener: figurino late50s/early60s tão mais chic!

Os tempos eram bem outros e, como diz Zuenir, bem mais cafonas.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Casa de Criadores - verão 2008/09



Sophia Loren assiste ao desfile da maison Dior em dezembro de 1959: e se nenhum jornalista estivesse sentado no front row do número 30 da Avenue Montaigne, estréia de monsieur Dior, em 12 de fevereiro de 1947?


Então, é isso: o verão 2008/09 começa amanhã com os desfiles da Casa de Criadores no shopping Frei Caneca (veja a programação aqui). Vou assistir tudo e contar na medida do bom impacto. Na quarta, André Hilago, a mente e o muque por trás dessa idéia, vai conversar comigo - tudo devidamente registrado para o SISSI TV!

Uma amiga querida me perguntou porque eu iria aos desfiles de iniciantes (or so). Respondi que tinha aprendido uma lição boa com minha fashion journalist guru, Carmel Snow. "She was the one of the very few people of her caliber who would come to see what a young unknown was doing", says James Galanos, who opened his fashion house in California in 1950 and whose career Carmel championed from the start. Polly Mellen never forgot being chastised by her in Paris one year after she skipped a fashion show by an unknown designer. "Carmel said, 'You must go to every show. How do you know that this isn´t going to be the hottest collection of the season?´".

Carmel sabia do que estava falando: já imaginou quem deu de ombros para a estréia de Christian Dior, em 12 de fevereiro de 1947? Sou otimista - acho que a História, com h maiúsculo, pode acontecer a qualquer momento diante dos nossos olhos - não acho que aconteça um Dior. Não exatamente por falta de imaginação, mas por falta de cultura de moda que se reflete na qualidade dos tecidos e das costuras. Enfim, estar lá é no mínimo, obrigação. No médio, curiosidade. No máximo, um cruzar de dedos por um projeto de Dior.

Sobrancelha perfeita

Chanel, começo dos anos 1910: unplucked!

Sem legenda, diga a verdade: você diria que a moça acima é quem é? Ok, o cabelo é semiBelle Époque, a roupa idem. Mas as sobrancelhas aqui mudam tudo.

Não sei quem um dia inventou que basta seguir ao pé do espelho "tire até a linha do nariz, coloque um lápis na diagonal para medir o fim dela, não afine demais" para conseguir a sobrancelha perfeita.

NÃO TENTE ISSO EM CASA!

O segredo da sobrancelha perfeita não é o passo-a-passo que se imita da seção de beleza de uma revista (gente, juro, tenho amigas in the biz que 'terceirizam' as sobrancelhas!). É o olhar e a mão do expert - ou você acha que a agenda de Irina Krupnick, brow designer por 60 dólares do John Barret Salon, Bergdorf, está sempre lotada, por nada? A fofa que tira minha sobrancelha (por bem menos do que 60 dólares) usa até paquímetro para medir se as distâncias e larguras estão equivalentes. Ela tem vários tipos de pinças para várias inclinações de pêlo. Dá vários passos para trás e observa o rosto para garantir a levantada perfeita de olhar.

É assim que Chanel sai do excesso, meio caipira, para o olhar agudo e para o verniz abaixo. Já pensou um eyebrow make over errado, que estrago? Ninguém levaria o pretinho básico a sério.



Chanel, em 1935, fotografada por Hoyningen-Huene.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Colette TV- Top 5 shopping

Ainda dá tempo de comprar os TOP 5 de maio da Colette. Assista - é bom ser muderrrno para fazer essas micagens impunemente. Dedico à Loulou e à minha irmã, que agora sabem tudo sobre Menthos e Cola.

ps. eu amo o paletó batgirl da Daphné Bürki. É Luella, verão 2008. Irmão desse look:

COMO SAIR ÀS RUAS COM ESTILO ombreiras


Carine Roitfeld, temporada verão 2008: paletó de ombros extradesenhados dá nova cara ao minimalismo.



Martin Margiela, verão 2007: junto com Ghesquière, ele começou a colocar os ombros de fora!

Sissi, desde que vi uma foto da Carine Roitfeld usando um blazer Martin Margiela, não consigo tirar da cabeça a idéia de usar ombreiras. Minhas amigas acham ridículo eu querer voltar a 1985, mas eu queria justamente usar sem parecer uma personagem do Dallas. Como eu faço? Juliana, por email

Internauta, querida,

Inflados por Martin Margiela e Nicolas Ghesquière para Balenciaga, os ombros estão em evidência desde o verão 2007. E a tendência é que cresçam e apareçam. Vai ficar difícil ignorá-los - eles estão abrindo espaço na multidão e o próximo passo é encontrar um lugar bem espaçoso no seu closet. A bem da verdade, não é exatamente que os ombros vão ficar gigantes - como se você vestisse um paletó e de repente se transformasse em A Coisa (sabe aquele super-herói medonho?). Mas a forma é a nova obsessão dos estilistas e redesenhar o seu corpo, dando a ele curvas (ou retas, no caso do paletó Margiela de Carine) que você não tem, faz parte da fórmula. Uma fórmula da qual os ombros não escapariam. Eles aparecem desde os mais pontiagudos até os bem arredondados, tipo armadura. É um ótimo disfarce para as mocinhas que não têm ombros ou têm corpo tipo pêra (fina em cima, bumbum uau!). Se você não faz parte dessa liga da justiça, procure outra fantasia de super-heroína.

O primeiro segredo para usar ombros desenhados é perder a vergonha: paciência que suas amigas e o mundo achem medonho. Encha o peito com sua coragem de heroína e embarque na silhueta. Ombros para nocautear os inimigos é que não vão faltar! Segunda 'questã': o look Dinasty, uia! Isso é fácil de driblar: é só evitar outros exageros, ensinam as passarelas - de Narciso Rodriguez, Proenza Schouler, Derek Lam... As novas ombreiras não servem para dizer que seu poder vem do dinheiro, da esbórnia dos super-power-yuppie-ativar-anos-1980. A idéia é dar uma estrutura arquitetônica às roupas e deixá-las modernas. Tirar o lado adocicado de outras estações, substituindo por uma mulher mais precisa e segura nas formas. E sem frufrus. Ou seja: o jeito de usar beira ao minimalismo.

Se a forma é forte assim, prefira peças de cores neutras. Preto, marinho, camelo, cinza - o oposto das cores exuberantes ou estampas geométricas dos anos 1980. Se os ombros crescem em paletós, tops ou casaquetos, a proposta é que você seque a parte debaixo do corpo com saias-lápis, skinny, calças afuniladas.

Atenção para o make e o cabelo: nada do look Chitãozinho ou das ondas Farah Fawcett nem de sombra+blush+batom vermelho (tudo-ao-mesmo-tempo-agora). Os cabelos são tipo sleek chic (lisos, soltos, naturais ou presos para deixar o rosto à mostra). E mais: se você quer chamar a atenção total para os ombros, que são mesmo a nova obsessão da moda, tose as madeixas em qualquer altura entre o queixo e o fim do pescoço. Bingo!

Ah, na maquiagem, escolha só um ponto de foco. Dá para usar vermelho, sim, já que o resto é neutro e ombros desenhados remetem ao mundo masculino - portanto, um toque óbvio de mulher-sexy só soma nessa equação. De resto, sapatos altos, sejam eles os abotinados do momento ou os spectators.

Mais cedo ou mais tarde suas amigas vão parar de torcer o nariz - mas, você, como uma dedicada seguidora da moda, já vai estar em outra. É isso, beijim.

sábado, 24 de maio de 2008

Cannes, balancinho final

Eu acompanhei, claro!, a votação da Palma de Ouro para o melhor look aqui no blog (resultados na barra à direita, looks aqui). Estava louca para saber com que lentes as pessoas enxergam essas coisas. Cada um tem a sua e, embora eu ache que gosto se discute, sim, acho que se discute para entender o que o outro pensa (no lugar de tentar fazer o outro pensar como você). Por isso não fui dizendo logo de cara qual era o meu veredito (embora eu já tivesse apontado os meus looks favoritos).
Cate Blanchet ganhava com folga (minha querida Loulou achava isso crônica de um tapete vermelho anunciado). Bacana ninguém ter questionado o fato de o vestido ser nude e eu ter gostado dele (para mais explicações, vide o post A TEORIA DO bege). O vestido, Armani Privé, tem uma modelagem que segura a cor-de-nada. (Marta deixou um post dizendo que achou "pastel demais", mas penso que os babados e a leveza do tecido deram conta do serviço sem precisar da cor como apelo extra). Qualquer outra cor teria um efeito romântico (já pensou o rosa-bebê?) ou barroco (roxo?) ou moulin-rouge (escarlate) - e Cate não é nada disso a não ser dramática de um jeito sutil (fez sentido?).
Minha segunda favorita era Julienne Moore de Lacroix - mas a Vica, fiel leitora desse blog desde o comecinho (obrigada, obrigada) achou horroroso e a Marta, idem. Para Vica, eu disse que a Julienne parecia saída de uma pintura e usar Lacroix, ex-professor de história da arte, faz todo o sentido. Mas eu concordo que não é um look fácil. Mas também acho bom considerar que cor, corte e proporção, independentemente de se gostar do modelo, caíram bem na moça.
No fim dessa corrida, Natalie Portman e seu cocktail dress Lanvin saíram em disparada e quase empatam com Cate. Eu acho uma graça esse vestido. Também achei bacana Natalie escolhê-lo para a ocasião. Ela estava ali como júri e não quis roubar a cena como diva. Mas o tamanho da carteira me incomoda muito. É pesada demais para o vestido. Funcionaria com um terno, à noite, por exemplo, mas esse vestido pedia algo um pouco menor. Depois, tem o seguinte: o corpo é fatiado em três pontos por faixas pretas (a carteira, o cinto, os sapatos). Bastariam os escarpins, não?
O vestido da Rafaeli é lindo, mas ela ficou extrapeituda com esse decote + drapê e o lilás é uma cor ingrata! Mischa Barton envelheceu milênios porque errou no styling (cabelo, colar e essa pose, uia!). Fiquei surpresa de a Petra ter ficado sem votos - o vestido é lindo, tipo old-school glamour (quer saber mais sobre glamour? clique aqui), mas o peito de fora é demais - foi isso, meninas e meninos? Buenos, a Eva Mendes, para mim, é cafona e sem personalidade - e esse vestido diz isso. Essa foto ainda é feliz. Em outras, dava para ver como o corte deixava o bumbum cem vezes maior (que mulher quer isso, benzadeus?). O da Devon não empolga. Essa história de brilhos pura-e-simplesmente para brilhar já está meio apagada. E o decote é muito passé composé!
Enfim, só de curiosidade, vejam como Alberta Ferreti mostrou o vestido de Mischa na passarela (bem mais light, cabelão solto, sem joião, sem levar a sério o modelo) e Alber Elbaz o de Natalie. beijim e me conta!


Lanvin, verão 2008: com sandálias, o preto perde o poder de fatiar o corpo. Melhor do que o styling de Natalie Portman, não? Pena que Alber Elbaz não tenha sugerido a bolsa de mão...


Alberta Ferreti, inverno 2008/09: mais light, mais desencané do que o jeito de usar de Mischa Barton.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Madonna mia II

Os 50 são os novos 30 - e Madonna, na atual casa dos 'enta 2' (a fase 1 é a dos quarenta), é a melhor forma disso. O corpo está incrível - muito melhor do que quando ela cantava Borderline, minha música favorita (buenos, eu só gosto dessa fase popinha, que afinal é o produtinho que ela é, certo?. O resto eu acho enganation). A pele, pelo menos maquiada, vai muito bem. E Madonna poderia ser "O" exemplo de que, ao contrário das gerações passadas, casar, ter filhos - mesmo com carreira - não significa embarangar. O que me incomoda muito é ver uma 'enta 2' num clipe com Justin Timberlake (Timberquem?), achando que só porque os 50 são os novos 30 eles podem ser também os novos 15. O que ela vai fazer daqui para frente? Façam suas apostas.

Casamento interrompido


Um casamento e 50 mil funerais: pós-imagens do terremoto que arrasou Sichuan.

Está na home do NYT. Abstraindo totalmente da tragédia (o terremoto na província de Sichuan, sudoeste da China), dava um editorial maravilhoso sobre vestidos de festa.

QUESTIONÁRIO PROUST com Camila Cutolo



Camila Cutolo, estilista, 31 anos: Maria Garcia no line-up do SPFW.

Na próxima edição do SPFW, de 17 a 23 de junho, Camila Cutolo deve aparecer no fim da passarela com um figurino “despretensioso”. Converse, que Camila acha a melhor invenção de moda de todos os tempos, é uma certeza (do lado oposto, a pior invenção e moda são as alças de silicone). Mmmmm... a não ser que no dia do desfile de estréia da Maria Garcia na semana de moda de São Paulo – marca irmã da Huis Clos que a estilista toca desde 2001 – ela decida pisar baixo com botas sem salto, coisa que prefere a sapatilhas & afins. Ela também prefere cores a estampas. E, se pudesse inventar algo que não fosse moda, queria finalmente tirar do mundo das idéias a máquina do tempo – fetiche de muita, muita gente. Para um jantar dos sonhos na sua casa, convidaria Robert Smith, Morrissey, Lou Reed, Javier Bardem, Paul Smith e “TODOS os meus amigos que eu não dou conta de celebrities sem eles”. Num truque de último segundo para salvar um look do tédio, recorreria a acessórios: óculos, colar, cachecol e o sapato certo. “Este item exige mais do que alguns segundos para acertar”, diz. Mas se tem um sapato sempre certo, indulgência de moda pura, são as pirate boots da Vivienne Westwood – a compra mais idolatrada do seu closet. Mesmo assim, se na próxima vida Camila puder escolher como que roupa ou acessório ela quer reencarnar, não seriam as pirate boots. Ela quer voltar como um par de óculos. “Eles passam por inúmeras experiências porque todo mundo perde óculos – portanto você muda de vida na mesma vida. E, se não perde, dá ou vende, mas ninguém joga fora.” À beira de um ataque de nervos a menos de um mês do desfile, Camila respondeu para mim o questionário Proust. “Agora que eu já respondi tudo, vou pedir alta da análise”, brinca. Sobre a coleção, ela não fala. Mas quem conhece a moda Maria Garcia – fofa, cheia de sacadas de produção, bons tecidos e releitura 2008 dos clássicos cinqüentinha – não deve se desapontar.

Qual é o seu estado de espírito no momento?
Tenso e cansado.
Qual o seu maior medo?
Solidão.
Qual a característica que você mais odeia em você mesma?
Timidez.
Qual a característica que você mais odeia nos outros?
Ignorância.
Que pessoa viva você mais admira?
São muitas.
Que pessoa viva você mais despreza?
Bush.
Quando você mente?
Quando não faz mal a ninguém.
O que ou quem é o maior amor da sua vida?
Minhas gatas.
Em que momento da sua vida você foi feliz?
Sempre fui feliz – às vezes mais, às vezes menos.
Que talento você mais gostaria de ter?
Tocar baixo.
Se você pudesse mudar uma coisa sobre você, o que seria?
Pediria um plus de coragem.
O que você considera sua maior conquista?
Meu trabalho.
Se você morresse e pudesse voltar como uma pessoa, o que seria?
Voltaria eu mesma, ganhadora de loteria aos trinta anos.
Qual a sua ocupação favorita?
Pesquisar música.
Quem são seus escritores favoritos?
Não tenho escritor favorito, tenho um livro favorito: Amor nos Tempos do Cólera, do Gabriel Garcia Márquez.
Quem é seu herói na ficção?
Snoopy.
Quem são seus heróis na vida real?
A vodka e o energético.
Qual o seu maior remorso?
Não ter até hoje me juntado a uma entidade de proteção aos animais.
Como você gostaria de morrer?
Não queria morrer nunca, mas se eu não conseguir que seja dançando.
Qual o seu lema?
Ser feliz e leve e espalhar isso para todos que me cercam.

Madonna mia!

Sim, é Chanel - look 50 da coleção de alta costura, verão 2007. Sim, é Madonna. Sim, é Cannes. Isso não quer dizer que seja acerto garantido. Ou quer?



quinta-feira, 22 de maio de 2008

400ões!

Eu adoro esse expressão: 400, quatrocentões. "Vocês, que apenas são capixabas do princípio do século, não sabem o que significa, em São Paulo, ser um paulista de quatrocentos anos. É mais importante do que ter uma estátua em praça pública", escreveu Joel Silveira, o repórter-gênio dos perfis da Diretrizes, de Samuel Wainer, e depois contratado por Assis Chateuabriand, que o chamava de 'víbora'. Nas palavras de Silveira, os 400ões "são criaturas repletas de antepassados, aqueles senhores heróicos e sem muitos escrúpulos que rasgaram as matas de São Paulo, vadearam os rios, descobriram as montanhas e fizeram as primeiras cidades".

(para visualizar a cena, sugiro o excelente Desmundo, filme de Alain Fresnot).

Viborices à parte, os 400ões - melhor, as 400onas - são criaturas que desfilam a moda lá no começo da cadeia alimentar. Para o grande mundo costuraram Dior & afins - e, por aqui, Dener se fez justamente porque vestiu, nas palavras dele, "as mulheres que comandavam a sociedade de São Paulo: Turquinha Muniz de Souza (nota da Sissi: era a mãe de Vera Bardella, ex-dona do Estúdio Vinttage), Odete Matarazzo, Christiane, então Caldeira, e Bia Coutinho." Só para citar algumas finas-flores.

Dener, que não tinha nada de bobo, não se deixava impressionar pela estirpe. "Se uma mulher não tem tradição mas tem dinheiro e quer vestir-se comigo, acho correto, e faço o vestido com o mesmo prazer", ele mesmo uma víbora. Mas assim Dener conseguia o sonho dourado da época em que o mundo começava a se dividir entre direita e esquerda: vestir, como dizia Marx, "os capitalistas da velha cepa" e a nova burguesia.

No livro do Pierre Bourdieu (gente, uma licença aqui: minha mãe é leitorasérrima do meu blog e detestou todos os posts do francês! mãe, me desculpe, mas não foi você mesma quem me ensinou que se a gente quer ficar bonita tem que sofrer? então, filosofia para embelezar!), ele fala linhas e linhas sobre essa oposição entre moda estabelecida, a dos 400ões, e da juventude - não necessariamente novinha no RG, mas nova como classe.

Assim:
"Em cada época, os costureiros atuam no interior de um universo de imposições explíticas (por exemplo, as que se referem às combinações de cores ou ao comprimento dos vestidos) ou implícitas (tal como a que, até recentemente, excluía as calças das coleções). O jogo dos recém-chegados (nota da Sissi: nesse caso, dos novos costureiros) consiste em romper com certas convenções (por exemplo, introduzindo misturas de cores ou de materiais até então excluídos), mas dentro dos limites da conveniência e sem colocar em questão a regra do jogo. Eles estão comprometidos com a liberdade, a fantasia e a novidade, enquanto as instituições dominantes têm em comum a recusa dos exageros e a busca da arte na recusa da afetação e do efeito.

Entrevista de Marc Bohan, na Dior entre 1960 e 1989 - bem à direita:
- O que impede uma roupa de ser bonita?
- O detalhe vistoso que 'come" o modelo e o desequilibra.
- Quando o detalhe é perfeito?
- Quando não é percebido.
- Isso não é a negação do acessório do choque?
- Certamente, mas essa é a definição de refinamento.


Karl Lagerfeld, em julho de 1972, para a Dépêche-Mode, bem à esquerda:
"Sou simplesmente um catalisador e capto o que está no ambiente. Há, naturalmente, um toque pessoal naquilo que faço, mas empreendo mudanças freqüentemente."

E no centro, Yves Saint Laurent. "Ele atrai para si os elogios unânimes por meio de uma arte que une, de acordo com uma hábil dosagem, as qualidade polares (clássica, sutil, harmoniosa, sóbria, delicada, discreta); que recupera as inovações espalhafatosas dos outros para transformá-las em audácias aceitáveis (lançou com êxito as calças em larga escala que, com Courrèges, tinham sido um fracasso); que transforma as revoltas da vanguarda em liberdades legítimas; e que não hesita em declarar: "É preciso ouvir as ruas". Bourdieu.

Bom, os 400ões não são privilégio paulistano. "The cafe society was born. The '400' found company of artists and actors and pretty show girls a terrific stimulant, and as the old fixed ranks gradually turned into a wheel of fashion, the hub was the fabulous Park Avenue penthouse which Condé (Nast) shared with his friend Frank Crowninshield, the beloved editor of Vanity Fair, another Nast "property" which was quartered across the hall from Vogue", lembra Carmel Snow, quando os 400ões americanos, o hi-society, começaram a se misturar com os artistas e veio então o café society (Dener, por aqui, achava tudo tão fajuto que chamava de nescafé society). A conclusão de Frank Crowninshield, mais tarde, sobre essa mistura entre direita e esquerda seria: "The new society has lost its chic".

Nessas minhas entrevistas com as capitalistas da velha cepa para a bio de moda do Dener, eu ouvi a melhor história. Uma das orgulhosas representantes dos sobrenomes de cinco linhas estava no castelo de uma condessa, na Itália, feliz da vida que ela, por ser 400ona, era tão nobre quanto a anfitriã. E 400 para cá, 400 para lá, a nobre italiana, sem alterar o tom de voz, disse: 'querida, se eu fosse você pararia de me vangloriar por ter 400 anos nas costas. Na Europa, temos famílias milenares." Ela deve ter se sentido "apenas a capixaba do início do século".

Império bizantino – e bárbaro!




Braceletes de bronze, Robert Goossens, 2,5 mil e 1850 dólares: o ourives bárbaro de Chanel.

Eu confesso, eu confesso. Se tem algo que faz os meus olhos crescerem é uma boa ‘joinha’. Ontem, descendo a Haddock Lobo com uma amiga, parei em frente à Cartier para ver a jaula das panteras. Para o dia, adoro a versão de ouro e esmalte preto, toda geométrica, circa 23 mil reais. Para a noite, vi a pantera de diamantes se espreguiçando sobre o meu dedo indicador – curiosa? 103 mil reais.

Jóia, para mim, é essa fantasia, diversão. Não sou purista, não compro a supremacia do diamante, dou de ombros ao status e à ostentação. Tem uma legião de gente que pensou e pensa assim: de Victorie de Castellane, na Dior, que confessa, sem vergonha, se inspirar em anéis-brinde dos docinhos da sua infância, à dama da costume jewelry – jóia-fantasia, jóia falsa, bijoux (embora essa seja a palavra em francês para as legítimas) – Coco Chanel. “Há mais na arte da jóia do que cascatas de diamantes em bases austeras de platina”, dizia Mademoiselle. “Um rubi ou uma esmeralda podem ser alfinetados na lapela de um paletó de tweed num efeito devastador; a proporção é o segredo de um bom design.” Com Madame Gripoix, Chanel fez suas pérolas falsas. Com o Duque de Verdura – com quem compartilhava o desprezo por solitários de diamante (“É melhor pendurar um cheque no pescoço”, provocava) –, fez os braceletes com a cruz de Malta.

Mas há um outro joalheiro cujas peças fizeram história no look Chanel: Robert Goossens. Ela o conheceu em 1953, quando ele ainda era um aprendiz na arte de incrustrar pedras em ouro e prata. Pela mais que evidente influência bizantina em suas peças, Mademoiselle passou a chamá-lo de ‘ourives bárbaro’. “Chanel foi abandonando a beleza clássica da jóia e, na metade do século 20, preferia quase que exclusivamente peças primitivas”, diz Patrick Mauriès, jornalista que escreveu uma dúzia de livros sobre moda, entre eles, Jóias de Chanel. “A partir de então, duas características vão marcar a estética Chanel nas jóias: as dimensões, num certo sentido excessivas e com um peso indiscreto; e a irregularidade, uma rusticidade sofisticada na execução.”

E é isso – mais o fato de que ele cruzou a linha entre jóia e bijoux, orientado por Coco – que faz Goossens brilhar no universo da joalheria até hoje. Depois de Chanel, vieram as colaborações com Grès, Rochas, Cristóbal Balenciaga, Dior e Yves Saint Laurent. Para YSL e para Andrew Gn, por exemplo, a maison Goossens – comprada pela Chanel em 2005 – criou as bijoux mais cobiçadas do verão 2008 no hemisfério norte. Pelo menos, para o meu gosto. São anéis e braceletes martelados grosseiramente, com pedras de tamanhos diferentes, sem lapidação – e não é á toa que são chamados de ‘artsy’ no discurso publicitário da grife.


YSL Artsy Ring: jóia de princesa de Constantinopla por menos de 200 dólares.


Andrew Gn, anel, 250 dólares.

Não só de barbaridades bizantinas vive o design Goossens, que mantém uma linha própria desenhada por Martine, filha do fundador. Há filigranas, delicadezas, torções e pedras menores, mais graciosas, mais renascentistas. O que permanece é o espírito de fantasia, livre, a fuga das austeras bases de platina.

Pena que ninguém teve a idéia de trazer Goossens para o Brasil. Mas dá para comprar no Vivre e na boutique da Avenue Georges V, 42, tel 01 4723 9926, Paris, boutique.goossens@orange.fr . Na falta, eu mandei fazer um bracelete de prata com pedras coloridas que eu comprei no Maine.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

PEQUENO DICIONÁRIO ILUSTRADO DE MODA: glamour

Vá à direita (ou clique aqui) e entenda qual o segredo para enfeitiçar, fascinar e seduzir - sem precisar se descabelar ou despir para isso. Pelo contrário.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Das maiores por melhores...

Minha superamiga Sabina, roteirista de cinema e escritora (ela publicou Calcinha no Varal pela Companhia das Letras, altamente recomendado por mim - e, para quem isso não é suficiente, por Contardo Calligaris, da FSP e mais), escreveu esse post que merece ser lido por quem faz moda. Para pensar que a vida não é feita de katemosses.

Erté, "animado"

Uma amiga querida, também fã de Erté, achou essa espécie de slide show do ilustrador. obrigada, flor

Onda verde, literalmente?


Natalia Vodianova, provável Diane von Furstenberg


Angelina Jolie, de Max Azria Atelier


Salma Hayek, de Balenciaga.


Verde é o novo preto, mas, sinceramente, é preciso ir tão longe e não só abraçar uma árvore como virar uma? Eu acho verde uma cor linda, mas tenho dúvidas sobre o efeito na pele (veja as moçoilas em Cannes). É claro que existem verdes e verdes (esse da Jolie é um medo! aliás, quanto mais amarelo ou marrom na mistura, pior), mas eu prefiro cada vez mais reservá-los para os acessórios - malaquita, por exemplo, nas jóias (esmeralda em sendo o next step), e um verde-rúcula num sapatinho combinado com esmalte tomate... mmmm, saladinha boa.

Me parece que a questão é o verde perto do rosto - talvez um crime para as peles oliva ou as mais amareladas. A saída de Vodianova, que é branca-branca, é aprofundar o decote - bem inteligente. Brincos de cores quentes também ajudam. Mas é melhor jogar o verde para a parte debaixo do corpo e colher maduro com outras cores densas (roxo e vermelho-sangue ou neutras como o off white - lembra do desfile da Prada?)


Prada, verão 2007

Na vontade de usar verde e na dúvida sobre o tom, eu acertaria em algo bem escuro, com muito preto na mistura - um verde-noite, vai, na falta de nome melhor com que batizar. E também escolheria um tecido fino - ai, os tafetás ou cetins de seda em vestidos cinqüentinha, com as unhas longas e ovaladas pintadas de bois de rose e um cocktail ring de calcedônia branca! Assim dá gosto de abraçar a causa verde (sobre reciclagens, tingimentos naturais & afins, isso são outros quinhentos).

segunda-feira, 19 de maio de 2008

PEQUENO DICIONÁRIO ILUSTRADO DE MODA: minaudière

Vá à barra à direita (ou clique aqui) e fique por dentro da parceira de mão do momento (embora, verdade seja dita, da original só resta a idéia de ser rígida e compacta. Compartimentos mil, tipo cinto de mil-e-uma-utilidades do Batman, isso só lá nos anos 1930!).

domingo, 18 de maio de 2008

Pierre Bourdieu - o papel do jornalista de moda

"É somente em Paris que se encontram reunidas todas as condições para o lançamento de uma nova moda: a presença de 800 jornalistas na apresentação das coleções, à cata de informações diárias; as revistas especializadas que, um mês depois, publicarão a síntese fotográfica; por fim, os compradores profissionais, cujos dólares, libras ou francos permitirão que as mulheres concretizem idéias consideradas, às vezes, destemidas ou, pelo contrário, tímidas." La haute couture parisienne, laboratoire international de la mode, Nathalie Mont-Servan, 12 de julho de 1967.
"A moda só se torna verdadeiramente o que é devido ao jornalismo. Você pode me dizer como apresentar vestidos se estes não passarem primeiramente pelo estágio da imagem?" Pierre Cardin
"Com a apresentação da coleção, obtemos 350 páginas nas publicações de moda. Há 600 jornalistas que escrevem sobre a alta costura."Chambre Syndicale de la Haute Couture

O poder do criador nada mais é que a capacidade de mobilizar a energia simbólica produzida pelo conjunto dos agentes comprometidos com o funcionamento do campo: jornalistas objetivamente encarregados de valorizar as operações de valorização dos criadores (com todas a parafernália de jornais e revistas que torna possível sua ação); intermediários e clientes, antecipadamente, convertidos; por fim, outros criadores que, na e pela própria concorrência, afirmam o valor das implicações da concorrência. (...) O discurso performativo dos jornalistas de moda é a manifestação mais perfeita da lógica de um sistema de produção que, para produzir o valor de seu produto, deve produzir, entre os próprios produtores, o desconhecimento do mecanismo de produção.

sábado, 17 de maio de 2008

E a Palme d´Or vai para...


Devon Aoki, ex-modelo favorita de Karl Lagerfeld, de Alberta Ferreti



Eva Longoria, de Versace



Petra Nemcova



Julienne Moore, de Christian Lacroix



Mischa Barton, de Alberta Ferreti



Mylène Jampanoï, de Dior



Natalie Portman, de Lanvin



Cate Blanchett, de Armani Privé



Bar Rafaeli, de Alberta Ferreti

Há um certo je ne sais quoi sobre o tapis rouge do Festival de Cinema de Cannes que torna os looks das atrizes muito mais espetaculares, muito mais fantasia. Deve ser l´eau da Riviera - ou o cenário - mas é melhor do que o red carpet do Oscar. Como boa democrata, resolvi colocar o máximo possível de looks. Não acho que todos mereçam, mas cada um com seu cada qual. Eu fico na dúvida entre Cate Blanchett e Julienne Moore. E você, a quem entregaria a Palme d´Or?