... eu não posso dizer exatamente que voltei.
Não acho que teria miolos frescos para oferecer (oops, desculpem a imagem...) vendo, escrevendo e dividindo coisitas básicas da vida.
Mas resolvi desanuviar do meu luxuoso trabalho me deliciando com uma das minhas top coisas da vida: sapatos!
Porque as vezes as alegrias vêm em pares, necessariamente. É o caso dos brincos ; )
Em surto (para o bem).
1. O retorno das mules.
Mmm, eu sie que muita gente vai dizer que o momento Maria Antonieta é bem duvidoso.
Do ponto de vista do modelo de sapato em si.
Discordo. Christian Louboutin também. Manolo Blahnik também.
E agora Miu Miu. E Marc Jacobs para Louis Vuitton (atenção: mule NÃO é tamanco. Tamanco é holandês. Louboutin não gosta, Jacobs para Vuitton adora. Eu não posso me esquecer do tamanquinhos Schollita da minah infância, que foram reabilitados por Jacobs e SJP em Sex and blabla...)
Miu Miu, verão 2012
Louis Vuitton: mules bicuuuuuudas à esquerda, tamancos à direita
Estou em boa companhia.
Então, por favor, menos mimimi, como diria a minha irmã do meio. A mule é a nova ankle boot. E a lady rock'n'roll. Que desçam as skinnies da arara.
Vamos de fato a questão bem duvidosa sobre o retorno de um sapato que equivale a um vestido ultradecotado nas costas. Quem tem costas, mostra. Logo, sofisticamente concluindo, quem tem calcanhar mostra.
Meu drama é quem tem calcanhar, esse centímetro quadrado mais sacrificado do corpo? Temo.
(ps. Ah, sim, ao segredo do sucesso. Repare no desenho da mule Miu Miu, justinha no pé. É quase como uma bota megadecotada. Fica bem presa e, obrigada, livre de toc-toc-toc)
2. Uma falsa anabela
Tudo muda, nada muda. Salvatore Ferragamo fez em 1938. Chamava-se Renaissance. Aqui.
Renaissance, de 1938, na vitrine da Salvatore Ferragamo (fotinho caseira... É BB, não é Mr. Jobs)
Alber Elbaz reeditou a temporada passada, à venda já.Lanvin, 1950 dólares
E Tomas Maier, da Bottega Veneta, com sua fúria (devidamente contida) minimalista, deixou ainda mais enxuta, gráfica, quase que apenas um referência. O que há para não adorar? (Pode colocar na lista de compras, junto com o jeans. BV no Shopping Iguatemi em dezembro.
Bottega Veneta, verão 2012
E meio mule, meio falso anabela, meu momento cinderela favorito em Alexander Wang píton:
domingo, 9 de outubro de 2011
quinta-feira, 12 de maio de 2011
terça-feira, 3 de maio de 2011
terça-feira, 5 de abril de 2011
Louis Vuitton, original de Asnière
Na semana passada, estive no ateliê da Louis Vuitton, em Asnière, um pouquinho para o norte de Paris.
Fui visitar onde são feitas a mão as malas rígidas e as bolsas de couro "precioso" (como diferenciar crocodilo de jacaré? crocodilos têm uma pinta em cada quadrado da escama...). Foi ali que Louis Vuitton, o original, começou a fazer sua história.
E essa é a casa onde morou - depois ocupada pelo filho George que, por sua vez, deixou para sua mulher, Josephine, que viveu ali até morrer, nos anos 1960, com mais de 100 anos. A decoração nouveau é original e um chouchou!
A lareira de cerâmica esmaltada
E o chazinho com petit four et plus
Fui visitar onde são feitas a mão as malas rígidas e as bolsas de couro "precioso" (como diferenciar crocodilo de jacaré? crocodilos têm uma pinta em cada quadrado da escama...). Foi ali que Louis Vuitton, o original, começou a fazer sua história.
E essa é a casa onde morou - depois ocupada pelo filho George que, por sua vez, deixou para sua mulher, Josephine, que viveu ali até morrer, nos anos 1960, com mais de 100 anos. A decoração nouveau é original e um chouchou!
A lareira de cerâmica esmaltada
E o chazinho com petit four et plus
sexta-feira, 25 de março de 2011
Jewelry bonding
Às vezes a gente fica amiga de uma vida em cinco minutos – basta ter afinidades estéticas.
Ontem, no lançamento da Brasiliana, da joalheira Carla Amorim, na loja da Oscar Freire, Giovana Battaglia, a musina da coleção, e sua assistente, Michaela, e eu nos entendemos depois de uma boa investigada do olhar (não são assim as moças da moda?). As meninas queriam saber o que eu estava usando. Não joias, porque com tanta riqueza de texturas e cores na roupa (cardigã longo de jacquard azul, verde e cobre, Cecilia Prado; camiseta couture de renda branca, Andrea Garcia; saia tulipa coral com autorrelevo de zebra, Mixed; escarpim azul petróleo de píton, Alexandre Birman), eu não precisava de forcinha extra. Elas mexeram nas peças (momento Barbie) e ficaram loucas quando eu disse que era tudo made in Brazil (eeee!). Da minha parte, fiquei tricotando sobre a mistura de joias e como é bom comprar uma pecinha...
Claro que é tudo um jogo de aparências. É preciso muito mais do que braceletes empilhados e roupas texturizadas para virar amiga de uma vida (surprise!). Mas os cinco minutinhos de futilidade já valem tu-do!
Michaela, assistente de Giovanna Battaglia, me adiciona no BBM para eu passar dicas de moda do Brasil: ela só lembrava de Pedro LourenCO (adoro como a cedilha atrapalha os estrangeiros)
Pulso fino e firme da moça: muita peça de flea market, como o bracelete dourado, tipo manila, com cabeça de "cebola". Ela descobriu na megajoalheria Buccellati que pagou 5 dólares (repito, CIN-CO dólares!) por uma peça de ouro vintage raríssima de encontrar. Bom gosto é tudo nessa vida! Os anéis são da Carla Amorim e a Michaela estava toda animadinha para comprá-los, em ouro rosa, favorito (fez a escolha certa, porque a Carla tem o mix mais romântico e suave entre ouro amarelo e cobre. Carla reina no rosé!).
Kelly e a futura amante de joias, Isabel: tem grávida mais linda?
Giovanna Battaglia, de longo lindo Erdem: ela escondeu o pulso esquerdo, com os braceletinhos-bugigangas que são a cara dela (no bom sentido, por que o que é bom, como provou a Buccellati, é bom, não importa a cifra) e que ela chama de "minhas tatuagens"(porque não tira nunca). É louca por joias e adora sobrepor peças de várias cores, texturas, formatos nas fotos em que faz styling (e na vida real). Tem uma jewelry box imensa e já prometeu que iria se dedicar apenas a comprar joias – e diminuir substancialmente a de roupas. Não funcionou. Continua adquirindo ambas às pencas. "Fui à falência", brincou comigo. Real que é, diz que sempre tenta negociar um deal com os estilistas e joalheiros - barganhar é chic!
Ha! O close nos pulsos hi-lo da italiana. Falta uma fitinha do Bonfim!
Andrea Garcia: pena que eu não fotografei os pulsos dessa estilista, que vive com pulseiras lindas, numa mistura frenética como a das meninas acima. A gente se irmana mesmo em certas escolhas estéticas e se entende numa piscadela, com prova a Dea. Ali no fundinho, a Camila Yahn, editora do FFW, site oficial do SPFW
Ontem, no lançamento da Brasiliana, da joalheira Carla Amorim, na loja da Oscar Freire, Giovana Battaglia, a musina da coleção, e sua assistente, Michaela, e eu nos entendemos depois de uma boa investigada do olhar (não são assim as moças da moda?). As meninas queriam saber o que eu estava usando. Não joias, porque com tanta riqueza de texturas e cores na roupa (cardigã longo de jacquard azul, verde e cobre, Cecilia Prado; camiseta couture de renda branca, Andrea Garcia; saia tulipa coral com autorrelevo de zebra, Mixed; escarpim azul petróleo de píton, Alexandre Birman), eu não precisava de forcinha extra. Elas mexeram nas peças (momento Barbie) e ficaram loucas quando eu disse que era tudo made in Brazil (eeee!). Da minha parte, fiquei tricotando sobre a mistura de joias e como é bom comprar uma pecinha...
Claro que é tudo um jogo de aparências. É preciso muito mais do que braceletes empilhados e roupas texturizadas para virar amiga de uma vida (surprise!). Mas os cinco minutinhos de futilidade já valem tu-do!
Michaela, assistente de Giovanna Battaglia, me adiciona no BBM para eu passar dicas de moda do Brasil: ela só lembrava de Pedro LourenCO (adoro como a cedilha atrapalha os estrangeiros)
Pulso fino e firme da moça: muita peça de flea market, como o bracelete dourado, tipo manila, com cabeça de "cebola". Ela descobriu na megajoalheria Buccellati que pagou 5 dólares (repito, CIN-CO dólares!) por uma peça de ouro vintage raríssima de encontrar. Bom gosto é tudo nessa vida! Os anéis são da Carla Amorim e a Michaela estava toda animadinha para comprá-los, em ouro rosa, favorito (fez a escolha certa, porque a Carla tem o mix mais romântico e suave entre ouro amarelo e cobre. Carla reina no rosé!).
Kelly e a futura amante de joias, Isabel: tem grávida mais linda?
Giovanna Battaglia, de longo lindo Erdem: ela escondeu o pulso esquerdo, com os braceletinhos-bugigangas que são a cara dela (no bom sentido, por que o que é bom, como provou a Buccellati, é bom, não importa a cifra) e que ela chama de "minhas tatuagens"(porque não tira nunca). É louca por joias e adora sobrepor peças de várias cores, texturas, formatos nas fotos em que faz styling (e na vida real). Tem uma jewelry box imensa e já prometeu que iria se dedicar apenas a comprar joias – e diminuir substancialmente a de roupas. Não funcionou. Continua adquirindo ambas às pencas. "Fui à falência", brincou comigo. Real que é, diz que sempre tenta negociar um deal com os estilistas e joalheiros - barganhar é chic!
Ha! O close nos pulsos hi-lo da italiana. Falta uma fitinha do Bonfim!
Andrea Garcia: pena que eu não fotografei os pulsos dessa estilista, que vive com pulseiras lindas, numa mistura frenética como a das meninas acima. A gente se irmana mesmo em certas escolhas estéticas e se entende numa piscadela, com prova a Dea. Ali no fundinho, a Camila Yahn, editora do FFW, site oficial do SPFW
domingo, 27 de fevereiro de 2011
TO THE FASHION TRAVELLER A caminho de Delphine...
Há muitas razões pelas quais eu embarco para Paris no fim de março - e trabalho é certamente uma delas (mas no meu coeur, não a principal, ooops!).
Entre compras, bater o salto e beber un verre, um dos meus motivos favoritos é a dica da Consu, baseada num conselho da mãe dela, Costanza Pascolato (melhor um corte de cabelo ótimo do que um belo par de sapatos... saravá!).
Eu experimentei essa dica quando estive em Paris em novembro. Liguei para a Delphine Courteille (adoro que ela é parente da joalheira Lydia sobrenome igual) de última hora, depois de perder um tempão pensando se conseguiria ou não correr até a rue du Mont Thabor num intervalo da intensa programação da inauguração da Hermès Rive Gauche (às vezes meu coração ariano decidido fica bem confuso).
Enfim, liguei. Eu disse que era amiga da Consu (merci, cherie), que ela tinha sido muito recomendada para dar um jeito no meu carré cacheado. Delphine tinha um compromisso pessoal. A gente tentou, em análise combinatória, um horário. Por fim, ela decidiu voltar para o Le Studio 34 só para me atender. Eternamente agredecida!
Delphine é simples e querida. Tímida até. O olho vivo consiste em te colocar de pé, avaliar suas proporções e determinar que corte fica melhor. O simples não tão simples assim. Meu corte anterior (e minha cor, depois de um longo período de resistância) tinha sido feito com o Marcos Proença. Ela elogiou o corte, mas achou que a gente podia dar um drama no ângulo, deixando mais inclinado da nuca, mais curta, em direção ao queixo, mais comprido. Amou a cor. E me ensinou um jeito indulgente de secar os cachos.
Conversamos sobre marcas - ela faz vários editoriais e desfiles -, sobre Trancoso, sobre o novo corte de cabelo dela, bem curtinho e ainda platinado, sobre a minha mistura de joia vintage com calça podre (ooops!) da Osklen – hay que se fazer um intervalo e provocar as regras do jogo, sim?
O cabelo ficou lindo. Saí de lá com dois presentes: uma escova japonesa de massagear o couro cabeludo na hora de lavar os cabelos - para limpar a cuca, que Delphine coloca à dispô no salão e, sabe-se, é xodó das madeixas de Gisele; um difusor de tecido, muito melhor do que os de plástico, porque abafa e filtra o vento.
No fim, o saldo foi ter visitado a melhor amiga que tem mãos de tesoura, além de um gosto espetacular, entre o chic e o edgy.
Já marquei a próxima.
A entradinha fofa, num predinho escondido por trás de um grande portão de madeira laqueado de marinho
Vista do petit salão
A cadeira onde Delphine me atendeu, sob os olhares atentos dos Fornasetti
O lavatório
E a esperinha fofa
Entre compras, bater o salto e beber un verre, um dos meus motivos favoritos é a dica da Consu, baseada num conselho da mãe dela, Costanza Pascolato (melhor um corte de cabelo ótimo do que um belo par de sapatos... saravá!).
Eu experimentei essa dica quando estive em Paris em novembro. Liguei para a Delphine Courteille (adoro que ela é parente da joalheira Lydia sobrenome igual) de última hora, depois de perder um tempão pensando se conseguiria ou não correr até a rue du Mont Thabor num intervalo da intensa programação da inauguração da Hermès Rive Gauche (às vezes meu coração ariano decidido fica bem confuso).
Enfim, liguei. Eu disse que era amiga da Consu (merci, cherie), que ela tinha sido muito recomendada para dar um jeito no meu carré cacheado. Delphine tinha um compromisso pessoal. A gente tentou, em análise combinatória, um horário. Por fim, ela decidiu voltar para o Le Studio 34 só para me atender. Eternamente agredecida!
Delphine é simples e querida. Tímida até. O olho vivo consiste em te colocar de pé, avaliar suas proporções e determinar que corte fica melhor. O simples não tão simples assim. Meu corte anterior (e minha cor, depois de um longo período de resistância) tinha sido feito com o Marcos Proença. Ela elogiou o corte, mas achou que a gente podia dar um drama no ângulo, deixando mais inclinado da nuca, mais curta, em direção ao queixo, mais comprido. Amou a cor. E me ensinou um jeito indulgente de secar os cachos.
Conversamos sobre marcas - ela faz vários editoriais e desfiles -, sobre Trancoso, sobre o novo corte de cabelo dela, bem curtinho e ainda platinado, sobre a minha mistura de joia vintage com calça podre (ooops!) da Osklen – hay que se fazer um intervalo e provocar as regras do jogo, sim?
O cabelo ficou lindo. Saí de lá com dois presentes: uma escova japonesa de massagear o couro cabeludo na hora de lavar os cabelos - para limpar a cuca, que Delphine coloca à dispô no salão e, sabe-se, é xodó das madeixas de Gisele; um difusor de tecido, muito melhor do que os de plástico, porque abafa e filtra o vento.
No fim, o saldo foi ter visitado a melhor amiga que tem mãos de tesoura, além de um gosto espetacular, entre o chic e o edgy.
Já marquei a próxima.
A entradinha fofa, num predinho escondido por trás de um grande portão de madeira laqueado de marinho
Vista do petit salão
A cadeira onde Delphine me atendeu, sob os olhares atentos dos Fornasetti
O lavatório
E a esperinha fofa
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Diane Kruger de haute Valentino no Le Figaro
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Sobre blogs
Dei essa entrevista a Cris Dantas, minha amiga e jornalista, para o World Fashion no ano passado. Acho que vale, o que vocês acham?
Cris – Em que medida os blogs influenciam a comunicação de moda? E também as vendas, naturalmente.
Sissi – Sobre compras, vou responder com um exemplo: outro dia li numa crítica de desfile do style.com que, depois que um famoso blogueiro de moda fez um post sobre o cinto icônico da Moschino (aquele 80 com a fivela dourada "Moschino"), a peça entrou na fila de espera na loja da marca no Meatpacking District, NY. Isso fez com que a marca ficasse de orelhas em pé, atenta para essa movimentação. Não é à toa o recente fenônemo, bem comentado, dos blogueiros na primeira fila dos desfiles - Anna Wintour do lado de Bryan Boy. A força dos blogs (teoricamente) está em oferecer ideias desvinculadas da engrenagem do mercado e de oferecer um olhar fresco e (supostamente) mais legítimo, autêntico, sobre as criações dos designers. Esse olhar é o que os torna interessantes. Aí vem a peneira natural da vida: se tornam revelantes aqueles com os valores de isenção e de honestidade jornalística e/ou aqueles que obedecem apenas os próprios critérios, sem se deixar pautar por nada além da maneira única, individual, de enxergar o mundo da moda.
Nesse sentido, não vejo como os blogs "ameacem" a mídia tradicional. Muitos morrem no caminho porque não tem sustância e, no fundo, o que todos buscamos é informação confiável e relevante. O impacto dos blogs na comunicação de moda tem a ver mais com a linguagem, a forma de expressão menos burocrática, menos "de cima para baixo" ("faça isso, compre aquilo") e mais próxima da realidade/do desejo/da necessidade do leitor. Vivemos uma fase mais "direto ao coração" no mercado - vide as revistas usando letra manuscrita nas capas e as grandes redes de varejo buscando o que os pesquisadores chamam de "varejo emocional" - e os blogs, mais livres na forma de se expressar, longe dos dogmas formais da escrita jornalística, reinam aqui.
Cris – O blog é hoje considerado uma mídia forte independente? Pergunto isso porque, no caso dos editoriais de moda e beleza, tudo o que aparece nas páginas das revistas femininas é consumido quase imediatamente. Pode ser um rímel novo -- pareceu na revista, sumiu das prateleiras, o desejo provocado na leitora é imediato.
Sissi – Acho que respondi com o exemplo acima. No meu caso, postei uma vez uma sandália da Renner que causou um frisson de compras nas pessoas. Mas eu fui muito clara: disse que ganhei a sandália e que a testei. Essa transparência é vital para você ser respeitada e levada a sério. Parece óbvio, mas outro dia o NYT publicou uma matéria justamente sobre isso - e dizendo que muitos blogs sérios cometeram o pecado de não deixar claro que ganharam isso ou aquilo para testar e comentar. É o outro lado da moeda da velha relação entre igreja e estado, ou jornalismo e publicidade, que sempre dá pano para a manga. De qualquer forma, por princípio, só publico aquilo que considero deixar o mundo melhor e mais bonito, aquilo que, expresso em forma de ideia ou de produto, nos faz avançar algumas casas no comportamento. Não vejo porque investir tempo falando mal de algo - tempo é tão raro, não? Se não está lá, a mensagem está implícita.
Cris – Quem são os blogueiros realmente formadores de opinião no Brasil e também os internacionais.
Sissi – Formador de opinião, por aqui, não vejo. Muitos blogueiros são jornalistas e muitos são simplesmente garotas de moda e seus diários de preferências, quase que shopping lists - longe do compromissso com informação ou de fato relevância na mensagem. Os blogueiros começam a ser descobertos aqui, mas a tônica é "esse é mais um instrumento de divulgação para meu produto". Daí os convites para lançamentos de coleção, etc... A indústria da moda é muito sedutora na embalagem e tem pencas de gente querendo fazer parte dela. Às vezes para ganhar aquilo que querem ter e não podem comprar, por exemplo. Muitos blogs, no fim, acabam se aproximando das páginas de notas das revistas, que dizem, basicamente, o que você tem que consumir agora. Eu gosto muito mais dos "comos" e dos "por ques" do que dos "o ques".
Cris – Parece que estamos vivendo uma época de boom, não apenas dos blogs mas também, ou principalmente, dos blogueiros. Em que momento você situa o começo disso?
Sissi – Tem gente que começou cedo, 2004, 2005. O Sartorialist, por exemplo, é de 2005. Mas a coisa pegou fogo em 2008 e explodiu no ano passado. O Cidade Jardim trouxe o Scott Schuman para fotografar uma campanha, o Fashion Rio o trouxe para os desfiles, junto com a blogueira francesa Garancé Doré, namorada dele. Agora todo mundo é blogueiro, todo mundo quer sentar na primeira fila da Chanel... Acho legal dizer que, sem a mídia tradicional, esse blogueiros não teriam a projeção que tem. Se os conhecemos como conhecemos a Vogue, é porque a Vogue os contratou como colaboradores. Se a Vogue os contratou é porque eles têm algo de fresco a oferecer, têm um trabalho autoral, que foge do padrão, do formato, que só acrescenta informação àquela que as revistas estão acostumadas a dar. Os blogueiros são relevantes à medida que preservam esse olhar fresco e autônomo, que aponta para algo que ninguém está vendo. Agora temos o Tommy, do Jak&Jil, fazendo os arredores dos desfiles internacionais. Particularmente, gosto infinitamente mais do olhar do Tommy Ton, verdadeiramente de moda, da transformação. Schuman é mais um captador, um congelador do bom gosto vigente. É quase conservador, é quase um defensor das boas e haut maneiras, quase um manual do bem vestir. Tommy é mais aberto aquilo que desafia justamente o bem vestir - e, na minha crença, esse desafio da roupa é, em última instância, um desafio do status quo, da maneira como vivemos. A moda tem esse papel rebelde, desafiador, sim? É por isso que eu gosto de moda. Por isso eu venero, como um dos deuses máximos da moda, Yves Saint Laurent. O smoking foi isso - uma peça de roupa que protagonizou e se transformou num símbolo da revolução de comportamento. Foi o figurino certo no momento certo. É isso que eu busco ver nas milhões de imagens que chovem de moda: aquela que traz uma promessa de mudança de closet e de vida! É isso que eu espero dividir com quem procura o meu blog. Daí o nome: c'est Sissi bon, um jogo de palavras entre a música ("é tão bom") + o meu apelido de família, que traduz ao mesmo tempo o meu olhar (que é só meu e não do outro, não é uma cópia de ninguém) com a ideia que eu falo do extraordinário, aquilo que nos faz sair do lugar comum, no melhor dos sentidos.
Cris – O que vocie acha de blogueiros que se tornam estrelas, como a Tavi Gevinson e o Bryanboy? Qual a influência sobre a moda e a comercialização da moda?
Sissi – A moda precisa de arroz de festa, gente que joga confete em tudo, que ajuda a manter a cena da imagem movimentada e acesa. É o lado do novo eterno - do "IT". Todo ser humano tem esse necessidade. O novo vira velho e, a não ser que esses blogueiros tenham algo a mais a dizer, eles vão passar com passa uma it-bag.
Cris – Em que medida os blogs influenciam a comunicação de moda? E também as vendas, naturalmente.
Sissi – Sobre compras, vou responder com um exemplo: outro dia li numa crítica de desfile do style.com que, depois que um famoso blogueiro de moda fez um post sobre o cinto icônico da Moschino (aquele 80 com a fivela dourada "Moschino"), a peça entrou na fila de espera na loja da marca no Meatpacking District, NY. Isso fez com que a marca ficasse de orelhas em pé, atenta para essa movimentação. Não é à toa o recente fenônemo, bem comentado, dos blogueiros na primeira fila dos desfiles - Anna Wintour do lado de Bryan Boy. A força dos blogs (teoricamente) está em oferecer ideias desvinculadas da engrenagem do mercado e de oferecer um olhar fresco e (supostamente) mais legítimo, autêntico, sobre as criações dos designers. Esse olhar é o que os torna interessantes. Aí vem a peneira natural da vida: se tornam revelantes aqueles com os valores de isenção e de honestidade jornalística e/ou aqueles que obedecem apenas os próprios critérios, sem se deixar pautar por nada além da maneira única, individual, de enxergar o mundo da moda.
Nesse sentido, não vejo como os blogs "ameacem" a mídia tradicional. Muitos morrem no caminho porque não tem sustância e, no fundo, o que todos buscamos é informação confiável e relevante. O impacto dos blogs na comunicação de moda tem a ver mais com a linguagem, a forma de expressão menos burocrática, menos "de cima para baixo" ("faça isso, compre aquilo") e mais próxima da realidade/do desejo/da necessidade do leitor. Vivemos uma fase mais "direto ao coração" no mercado - vide as revistas usando letra manuscrita nas capas e as grandes redes de varejo buscando o que os pesquisadores chamam de "varejo emocional" - e os blogs, mais livres na forma de se expressar, longe dos dogmas formais da escrita jornalística, reinam aqui.
Cris – O blog é hoje considerado uma mídia forte independente? Pergunto isso porque, no caso dos editoriais de moda e beleza, tudo o que aparece nas páginas das revistas femininas é consumido quase imediatamente. Pode ser um rímel novo -- pareceu na revista, sumiu das prateleiras, o desejo provocado na leitora é imediato.
Sissi – Acho que respondi com o exemplo acima. No meu caso, postei uma vez uma sandália da Renner que causou um frisson de compras nas pessoas. Mas eu fui muito clara: disse que ganhei a sandália e que a testei. Essa transparência é vital para você ser respeitada e levada a sério. Parece óbvio, mas outro dia o NYT publicou uma matéria justamente sobre isso - e dizendo que muitos blogs sérios cometeram o pecado de não deixar claro que ganharam isso ou aquilo para testar e comentar. É o outro lado da moeda da velha relação entre igreja e estado, ou jornalismo e publicidade, que sempre dá pano para a manga. De qualquer forma, por princípio, só publico aquilo que considero deixar o mundo melhor e mais bonito, aquilo que, expresso em forma de ideia ou de produto, nos faz avançar algumas casas no comportamento. Não vejo porque investir tempo falando mal de algo - tempo é tão raro, não? Se não está lá, a mensagem está implícita.
Cris – Quem são os blogueiros realmente formadores de opinião no Brasil e também os internacionais.
Sissi – Formador de opinião, por aqui, não vejo. Muitos blogueiros são jornalistas e muitos são simplesmente garotas de moda e seus diários de preferências, quase que shopping lists - longe do compromissso com informação ou de fato relevância na mensagem. Os blogueiros começam a ser descobertos aqui, mas a tônica é "esse é mais um instrumento de divulgação para meu produto". Daí os convites para lançamentos de coleção, etc... A indústria da moda é muito sedutora na embalagem e tem pencas de gente querendo fazer parte dela. Às vezes para ganhar aquilo que querem ter e não podem comprar, por exemplo. Muitos blogs, no fim, acabam se aproximando das páginas de notas das revistas, que dizem, basicamente, o que você tem que consumir agora. Eu gosto muito mais dos "comos" e dos "por ques" do que dos "o ques".
Cris – Parece que estamos vivendo uma época de boom, não apenas dos blogs mas também, ou principalmente, dos blogueiros. Em que momento você situa o começo disso?
Sissi – Tem gente que começou cedo, 2004, 2005. O Sartorialist, por exemplo, é de 2005. Mas a coisa pegou fogo em 2008 e explodiu no ano passado. O Cidade Jardim trouxe o Scott Schuman para fotografar uma campanha, o Fashion Rio o trouxe para os desfiles, junto com a blogueira francesa Garancé Doré, namorada dele. Agora todo mundo é blogueiro, todo mundo quer sentar na primeira fila da Chanel... Acho legal dizer que, sem a mídia tradicional, esse blogueiros não teriam a projeção que tem. Se os conhecemos como conhecemos a Vogue, é porque a Vogue os contratou como colaboradores. Se a Vogue os contratou é porque eles têm algo de fresco a oferecer, têm um trabalho autoral, que foge do padrão, do formato, que só acrescenta informação àquela que as revistas estão acostumadas a dar. Os blogueiros são relevantes à medida que preservam esse olhar fresco e autônomo, que aponta para algo que ninguém está vendo. Agora temos o Tommy, do Jak&Jil, fazendo os arredores dos desfiles internacionais. Particularmente, gosto infinitamente mais do olhar do Tommy Ton, verdadeiramente de moda, da transformação. Schuman é mais um captador, um congelador do bom gosto vigente. É quase conservador, é quase um defensor das boas e haut maneiras, quase um manual do bem vestir. Tommy é mais aberto aquilo que desafia justamente o bem vestir - e, na minha crença, esse desafio da roupa é, em última instância, um desafio do status quo, da maneira como vivemos. A moda tem esse papel rebelde, desafiador, sim? É por isso que eu gosto de moda. Por isso eu venero, como um dos deuses máximos da moda, Yves Saint Laurent. O smoking foi isso - uma peça de roupa que protagonizou e se transformou num símbolo da revolução de comportamento. Foi o figurino certo no momento certo. É isso que eu busco ver nas milhões de imagens que chovem de moda: aquela que traz uma promessa de mudança de closet e de vida! É isso que eu espero dividir com quem procura o meu blog. Daí o nome: c'est Sissi bon, um jogo de palavras entre a música ("é tão bom") + o meu apelido de família, que traduz ao mesmo tempo o meu olhar (que é só meu e não do outro, não é uma cópia de ninguém) com a ideia que eu falo do extraordinário, aquilo que nos faz sair do lugar comum, no melhor dos sentidos.
Cris – O que vocie acha de blogueiros que se tornam estrelas, como a Tavi Gevinson e o Bryanboy? Qual a influência sobre a moda e a comercialização da moda?
Sissi – A moda precisa de arroz de festa, gente que joga confete em tudo, que ajuda a manter a cena da imagem movimentada e acesa. É o lado do novo eterno - do "IT". Todo ser humano tem esse necessidade. O novo vira velho e, a não ser que esses blogueiros tenham algo a mais a dizer, eles vão passar com passa uma it-bag.
sábado, 29 de janeiro de 2011
SPFW, 15 anos. Cocktail party no Edifício Martinelli
Coisas básicas da vida: um pretinho nada bobo, uma dose de vermelho, salto alto, champanhota, a vista da cidade do 26. andar (de onde tudo fica lindo e amarelo em São Paulo) – e amigas.
Aqui Marcia, superPR e diretora de marketing (e seu indefectível cintinho dourado!), e Daniela, da Condé Nast de Londres (feliz da vida com seus saltos Schutz!).
Aqui Marcia, superPR e diretora de marketing (e seu indefectível cintinho dourado!), e Daniela, da Condé Nast de Londres (feliz da vida com seus saltos Schutz!).
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Nina Becker de coração partido
Faz semana que eu quero dividir essas fotos da Nina Becker - que foi (é, por que não?) do cinema, estilista e se encontrou cantando.
Passamos o dia juntas, graças à amiga Mercedes, fazendo coisitas como comer fritada de camarão com farofa em Santa Tereza, passar batom pink avermelhado, dirigir pela Floresta da Tijuca, tomar suco de luz do sol (bem clorofilado e bem delicioso) e bandear pelo Leblon, vasculhando as lojas a pé.
(E daí se todas nós passamos dos 30?)
Nina estava com esse vestido de corações da Totem, que sempre, sempre, sempre, nos reserva boas estampas. E o lenço de caveirinha que ela encontrou na rua e esterelizou para poder usar.
Na lojinha de bombons de chocolate com recheios bem tupiniquins, brinquei que ela estava vestindo o coração partido.
E as cores são fiéis ao álbum duplo dela: Azul e Vermelho.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Chanel e o real sentido de a maquiagem ser divertida
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