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Derek Lam, na semana de moda de Nova York, já antecipou a tendência. Embora nos últimos tempos o estilista tenha sido um dos desfiles mais colírio do Bryant Park, justo quando ele vai reeditar a figura Chanel a coisa fica preta. Bem, sem ser pretinha básica. Lam tem tentado entender, como ele disse a Nicole Phelps, ex-ELLE US atual style.com, "o que faz Chanel, mais do que qualquer pessoa, parecer tão contemporânea". Ele ensaia uma resposta: "Acho que é porque ela era natural".
Para mim, ela parece contemporânea porque ainda não fomos capazes de superá-la. Somos velhos. O que ela inventou ainda atende nossas necessidades básicas - ainda que o mundo contemporâneo seja bem mais complexo do que o mundo moderno (talvez seja reducionismo demais; melhor dizer 'muito diferente'). Com sua moda ecovegan, Stella McCartney me parece o que há de mais contemporâneo na moda hoje. Esteticamente é mais do mesmo (e quem é diferente disso?), mas pelo menos ela traz na roupa uma preocupação que é legitimamente da nossa época.
Anyways, dizer que Chanel parece do nosso tempo não faz dela mais moderna, não aumenta o seu valor. Para mim, só diz que nesse comecinho de século 21 ainda somo começo do século 20 - somos passé composé.
Falta uma (um) nova (o) Chanel na nossa vida. Capaz que ela(e) apareça nas próximas duas décadas. Em 1908 - há cem anos - Chanel era Gabrielle antes de ser Coco e não tinha nem a 'lujinha' de chapéus com etiqueta Chanel Mode ainda. A butique só é aberta em 1913 - então talvez estejamos a cinco anos anos de uma revolução.
Enquanto isso, a melhor idéia de Lam foi fazer um corte Chanel pastiche. São lindos os cabelos divididos na lateral, com uma franja solta e outro lado bem zerado na cabeça.
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Derek Lam, spring 2009
Para quem tem cabelos compridos, é possível sim ser Chanel. Veja na fotinho como ele camufla/embute as mechas longas num pseudocoque, por ironia, um rolinho fin de siècle (19, claro).
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Derek Lam, spring 2009
Se não somos novos, podemos pelo menos nos divertir com a moda. Temos um século inteiro de idéias, que começa com a geração Poiret-Vionnet e termina com o grunge, para misturar. Por que não um Chanel a belle époque?
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