sexta-feira, 4 de julho de 2008

É UM CLÁSSICO! 2.55 Chanel

(know better, buy better - é com essa singela filosofia, em homenagem à même, que eu vou justificar a vontade humana de ter uma 2.55, uma birkin, um trinity, una vara - a partir deste post)


a dispensável legenda para a indispensável Bolsa (com 'b' maiúsculo mesmo)



Chloë Sevigny: 2.55 na festa da Cartier, em Los Angeles, no dia 18 de junho

Foi em fevereiro de 1955 que Gabrielle Chanel deixou definitivamente livres as mãos enluvadas das senhoritas da era cinqüentinha. Cansada de carregar e perder as próprias bolsas, Chanel encontrou um modelo definitivo para uma idéia velha de guerra, literalmente: a bolsa a tiracolo. A primeira versão de Mademoiselle é de 1929, inspirada nas bolsas dos soldados e das mensageiras que cruzavam Paris de bicicleta. Mas só em 02 de 1955 - daí o nome 2.55 - Chanel chegou ao modelo ideal: um retângulo de 15x24x7.5 cm, preso a uma alça de corrente dourada entrelaçada a tiras de couro ou em elos achatados (semelhantes aos que Mademoiselle utilizava na barra dos blazeres para garantir o caimento perfeito do tecido), feito de pelica para o dia e de seda ou jérsei para a noite. Para encorpá-la, Chanel tirou a idéia da costura em forma de diamante, o matelassê, dos casacos dos jóqueis e das almofadas de camurça do seu apartamento na Rua Cambon. Por dentro, o forro bordô remetia ao uniforme usado por ela no orfanato. Bolso fechado a zíper foi pensado para cartas secretas de amor e extratos bancários; um compartimento tubular previa espaço para o batom. Com o modelo a tiracolo, as mulheres deram adeus às bolsas de mão e aplaudiram mais uma invenção prática e chic de Chanel.

Quando Karl Lagerfeld assumiu a maison em 1983, levou ao pé da letra o aforismo de um dos seus autores de cabeceira: "Build a better future by expanding on elements of the past", Goethe. Largerfeld aumentou as dimensões da 2.55 a medidas gigantes e a liliputianas, experimentou com jeans, ráfia, tweed, expandiu as cores para um pantone completo e agora vem mudando a costura de diamante por idéias como o quebra-cabeça. Hoje, são produzidos 30 modelos diferentes por ano num ateliê a 70 km de Paris. Entre 6 e 15 artesãos estão envolvidos nos 180 estágios de produção de uma peça, que leva até 18 horas para ficar pronta dependendo do material. 50% delas ainda são feitas em preto, em diferentes modelos e tamanhos. No arquivo do ateliê, moram 3 mil modelos - o suficiente para você usar uma 2.55 diferente por dia por mais de oito anos. Em 2008, a 2.55 inspirou artistas do mundo inteiro em reinterpretações expostas no mostra inaugural do museu itinerante da marca, o Chanel Pavillion - Mobile Art Contemporary Container. Veja mais fotos aqui.

6 comentários:

Márcia Mesquita disse...

Simone, aaaadorei o post!
me lembrou as aulas de jornalismo de moda que tive com a iesa rodrigues, vc deveria dar cursos tb!
bjs

Fê Resende disse...

MENINA! depois de ler opost fiquei com mega vontade de participar desse universo e ter uma também. "quem dere". =)

Marta De Divitiis disse...

Adoro esses seus posts com as histórias das peças em questão. Sempre fui fã de Chanel e cada vez mais aumenta minha admiração por ela.

garimpo de estilo disse...

Sissi,
Concordo com a Márcia Mesquita. Vc poderia ministrar uns cursos, pois como já falei há tempos seus posts são inteligentes e não ficam na superficialidade. Uma verdadeira aula! Bjs, Sheyla.

Marília disse...

fantástico post.
amei saber a historia da 2.55, que criadora (e criatura) espetacular foi essa chanel. o pensamento do goethe é o maximo, ela levou ao pé da letra mesmo...

bjs

Marília disse...

ops, ele! Karl, o kaiser