Valor nunca é algo absoluto - é cultural e muda com o tempo e com o espaço. Veja o caso das jóias. As modas que reinaram pelos séculos dizem muito sobre as civilizações. A saber, do presente para o passado (ajuda você a pautar sua compra com outros olhos):
Hoje... Desde os anos 1960, os valores convencionais da jóia têm sido colocados em cheque. Novas tecnologias e materiais não-preciosos (papel, plástico, borracha) desafiam a idéia de status tradicionalmente ligada à jóia. Jóia se transformou em arte usável. E as mudanças continuam.
Bracelete, Kazumi Nagano, 2006, Japão: ouro, prata e Nylon.
Do Art Déco aos anos 1950... Mesmo espremida entre ciclos de depressão econômica e guerra, a joalheria de 1920 a 1950 manteve a inovação e o glamour (talvez por isso mesmo...). Formas geométricas celebravam a era da máquina e conviviam com a inspiração oriental. Alta concentração de pedras preciosas é uma das características das peças do período. E o retorno do ouro em 1933. Artistas e designers de outras áreas se envolveram com a joalheria, num ensaio do que viria a ser um dos caminhos da jóia contemporânea.
Broche, Ramond Templier, 1934, França: ouro, prata, lápis-lázuli e vrido azul.
Durante o Art Noveau... Os designers criaram formas sinuosas e orgânicas, ade alta voltagem erótica (diferentemente das peças botânicas de antes), se distanciaram das pedras preciosas clássicas e enfatisaram o efeito sutil do vidro, esmalte e chifre. Simultaneamente o movimento Garland Style reinterpretava pe;as de diamante dos séculos 18 e começo do 19.
Tiara de chifre, vidro, opala e ouro esmaltado, René Jules Lalique, Paris, 1903: Lalique levao crédito de ter introduzido o chifre na joalheria. Suas peças não focam no valor do material, mas no efeito estético que ele é capaz de produzir.
Durante o movimento Arts&Crafts... O século 19 virou o mundo de cabeça para baixo e, nas últimas décadas, era natural que o mundo industrializado causasse desconforto. Esse desconforto se expressa na joalheria pela rejeição do maquinário na produção. O movimento Arts&Crafts rejeitava pedras grandes e facetadas. Preferia cabochons. Trocou a repetição e regularidade das aramções por designs figurativos e curvos.
Colar de prata, ouro, pérolas, diamantes, granada, 1901, desehado por C. R. Ashbee e feito por Guild of handicraft, Londres: Ashbee foi um dos primeiros desginers do movimento. Ele estabeleceu a visão de que o valor da joalhria morava no design e na manufatura - não nos materiais caros.
No século 19... Nas primeiras décadas, o foco era nas jóias da antigüidade - um interesse renovado pelas escavações arqueológicas. Jóias naturalistas, com flores e frutas reconhecíveis, ficaram populares graças ã influência de poetas românticos como Wordsworth. A partir de 1850, as peças ficam mais extravagantes.
Bracelete, provavelment feito por Charles Riffault para Frederic Boucheron, Paris, cerca de 1875: ouro com esmalte plique-à-jour, pérolas e diamantes: Riffault reavivou o cloisonné, arte de esmaltar.
No século 18... Os diamantes brilham como nunca - e são incrustrados na prata para valorizar a cor.
Fivela de prata, esmalte e vidro verde e vermelho, Chipre.
No século 17... A moda muda a joalheria. Roupas escuras pedem ouro. Tecidos de tom pastel pedem gemas coloridas e pérolas. O comércio entre países aumenta a oferta de pedras preciosas. E a melhora da técnica de lapidação deixa as pedras ainda mais reluzentes. Laços e temas botânicos são os preferidos.
Colar, Europa Ocidental: laço de 1660; corrente e pingente da virada do século 18 para o 19: ouro, esmalte, pérola e pingente de safira. Herança de Lady Laura Alma-Tadema.
Na Renascença... Esplendor é a palavra chave. O esmalte fica mais colorido. Técnicas de lapidação aumentam o brilho das pedras. Muitas peças têm temas religiosos e também falam de poder político. O interesse pela Antigüidade traz de volta o jeito clássico de incrustrar a pedra e as figuras mitológicas para as peças.
Pingente (frente e verso), provavelmente de alguma colônia espanhola na América do Sul, começo do século 17, de ouro esmaltado, cabochon de esmeraldas, rubis e pérolas: paixão por animais e pássaros na joalheria
Na Idade Média... Entre 1200 e 1500, as jóias passam a ser um atestado de status e hierarquia. Realeza e nobreza usavam ouro, prata e pedras preciosas. Menos favorecidos na pirâmide social, cobre e estanho. Cor - das pedras ou do esmalte - era valorizadíssimo. Até o século 14, as pedras eram polidas e não lapidadas.
Anel de ouro e safiras roxas e azuis, Europa Ocidental, 1200-1300
Na Antigüidade... Saem as ornamentos pré-históricos, feitos de concha, pedra e osso. Entram as peças de ouro, um material raro e valioso, agora que a técnica de trabalhar com o metal é dominada por celtas, gregos, troianos... As peças que chegaram aos nossos dias vêm dos túmulos - as jóias de ouro eram enterradas com seus donos.
Pingente de ouro e vidro (frente e verso), possivelmente da Umbria ou Fenícia, 600 aC-500 aC.
(peças e info do Victoria&Albert Museum)
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2 comentários:
Sissi,
Eu, sinceramente, tenho uma atração por jóias desde sempre!
Falta-me o dinheiro suficiente, mas a vontade permanece!
Amei!!!
Todas essas jóias MA-RA-VI-LHO-SAS estão no Victoria & Albert??? Vou com certeza! Estiquei uns dias minha viagem para ver a rainha! rs
Tenho paixão por jóias, me falta o ar!
Incrível!
Bjs
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