quarta-feira, 28 de maio de 2008

Dener, o luxo


Dener no Copa: ahhh, o próprio luxo!

Faz uns sete anos eu ganhei a autobio de Dener, que tem esse título fantástico, da minha mãe. De 1972, oito anos antes de ele morrer, foi comprada em sebo. Foi o começo de uma obsessão por ele. A CosacNaify relançou o livro- com a vantagem de ter fotos como essa. Clique aqui para saber mais.

(Na orelha de 1972)
"Dener conta sua vida. Aparecem seus amores, a história do seu casamento, sua opinião sobre Clodovil e outros costureiros. Há conselhos para mulheres elegantes e deslumbradas. E a receita da mulher-luxo. Há matéria suficiente para dar muitos meses de assunto a cada leitor.

O autor fala de suas relações com antigos governantes e com gente importante em todas as áreas. Nomes famosos desfilam em cada página para satisfazer a curiosidade do grande público. Aí estão suas opiniões sobre programas de televisão dos quais faz parte, sobre mulheres da sociedade e sobre homens de negócios.

Neste livro aparece a história de um homem que venceu em uma profissão onde só brilham grandes estrelas. Toda a sua vida desde que encontrou uma mulher em um lotação no Rio de Janeiro, até quando venceu concursos internacionais de alta costura, disputando com os maiores nomes da Europa.

O leitor vai conhecer o dia-a-dia de uma celebridade que não pode andar nas ruas sem se ver cercado por multidões, de uma personagem que faz muita gente rir, e muita gente pensar.

Dener Pamplona de Abreu faz a caricatura do personagem Dener, e sabe dizer muita coisa séria, até quando analisa com frieza os fatos em que ele próprio está envolvido.

Por tudo isso, Dener - o Luxo será seguramente um dos maiores êxitos de livraria dos últimos tempo."

Adoro o eufemístico "relação com antigos governantes". Dener foi o costureiro oficial de Maria Teresa Goulart, a mulher do presidente 'comunista', João Goulart. Em 1972, tempos de Médici, que Zuenir Ventura chama de obscurantismo em 1968 - o Ano que Não Terminou, não ficava bem falar de boas relações com antigos governantes. Mas a moda pode ser apolítica - mesmo que seja apolítica só de fachada - e Dener vestiu Yolanda Costa e Silva, mulher do "mais simpático dos cinco ditadores que governaram o país de 64 até sua abertura, e infinitamente melhor do que os três colegas que o sucederam na Junta", diz Zuenir.

Gosto de uma pensata de Affonso Romano de Sant´Anna, ainda nas páginas de 1968: "certos governantes adquirem a cara dos movimentos culturais de sua época: Jango era o CPC - Centro Popular de Cultura -, Juscelino, a Bossa Nova, Costa e Silva, o Tropicalismo, Sarney, o Pós-Modernismo, o vale-tudo. O marechal que governou o país entre meados de 1967 e meados de 1969 era realmente tropicalista, pelo menos no que o movimento teve de exaltação dos modos e valores cafonas. Mais do que o irracionalismo que estimulou, o movimento de Gláuber, José Celso e Caetano ficará devendo ao desenvolvimento estético do país essa supervalorização do kitsch, graças a qual o provincianismo, a mediocridade e o arcaismo iriam ganhar, daí para a frente, status cultural e político - e, seguidas vezes, o poder."

Dona Yolanda pode ter recorrido ao costureiro-luxo para adquirir algum verniz, mas ela jamais chegaria à ponta do escarpim de Maria Teresa - a única primeira-dama fashion que o país teve desde a proclamação da República.



Desenho de Dener: figurino late50s/early60s tão mais chic!

Os tempos eram bem outros e, como diz Zuenir, bem mais cafonas.

Um comentário:

garimpo de estilo disse...

Concordo totalmente em relação a Maria Teresa Goulart ser a única primeira-dama fashion aqui no Brasil. Enquanto isso, lembro-me de Jacqueline Kennedy nos Estados Unidos. As duas tiveram um papel importante na moda nacional do país que representavam, né? E o interessante é que elas foram da mesma época, né? Bjs, Sheyla.